Moraes autoriza acareação entre Braga Netto e Mauro Cid para esclarecer contradições
Objetivo é esclarecer divergências em investigação sobre suposta tentativa de golpe após eleições de 2022

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a realização de uma acareação entre o general da reserva Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid, marcada para a próxima terça-feira (24), às 10h, no âmbito da investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A medida atende a um pedido da defesa de Braga Netto, que alega inconsistências nos depoimentos de Cid e solicita o procedimento para esclarecer pontos divergentes. A acareação é um instrumento previsto no processo penal utilizado quando há contradições entre as versões apresentadas por diferentes investigados ou testemunhas.
Braga Netto está preso preventivamente desde dezembro de 2024 e é um dos 31 réus no inquérito que apura a organização de um plano para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Mauro Cid, por sua vez, firmou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal e tornou-se uma das principais fontes de informação para o avanço das investigações.
Segundo os advogados de Braga Netto, as declarações de Cid apresentaram divergências sobre dois episódios centrais: uma suposta reunião na residência do general para discutir o chamado plano “Punhal Verde Amarelo” — que teria como alvo autoridades como Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio Moraes —, e o suposto repasse de recursos financeiros por parte do general para apoiar ações golpistas.
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A defesa sustenta que Cid apresentou versões distintas sobre esses pontos e que não forneceu provas materiais que sustentem suas alegações. Por isso, a acareação é considerada, segundo os advogados, um instrumento necessário para “dirimir as contradições” e garantir o exercício pleno da ampla defesa.
Além da acareação entre Braga Netto e Cid, Moraes também autorizou um segundo confronto direto entre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes. A sessão foi marcada em resposta à solicitação dos advogados de Torres, também réu no mesmo inquérito.
As acareações fazem parte de uma nova etapa da investigação conduzida pelo STF e pela Polícia Federal, que busca esclarecer a participação de militares e ex-integrantes do governo Bolsonaro em um suposto complô para desestabilizar o processo democrático e reverter o resultado das eleições.
As sessões ocorrerão na sede do Supremo Tribunal Federal, com a presença de representantes da Procuradoria-Geral da República e das defesas dos envolvidos. A expectativa é que os encontros ajudem a esclarecer contradições e embasem os próximos passos da ação penal em curso.
*Thaline Silva, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do núcleo de Política e Economia
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