MENU

BUSCA

Marco Temporal: entenda o que é, o que muda com a rejeição do STF e os pontos discutidos

Após veto da tese sobre o Marco Temporal, cabe ao STF discutir as possibilidades de indenização a fazendeiros e ruralistas que tenham ocupado, de boa-fé, os territórios indígenas

Rayanne Bulhões

A corte do Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou, com nove votos, a proposta do chamado "Marco Temporal". Apenas dois ministros - André Mendonça e Kassio Nunes Marques, seguiram em direção oposta sobre demarcação de terras indígenas. Esta foi a 11ª sessão da Corte de uma discussão que havia sido suspensa em 2021. 

Uma nova rodada para tratar sobre as indenizações a proprietários de terra que ocuparam as áreas indígenas de boa-fé deve ocorrer na quarta-feira (27). Mas afinal, o que é a tese do Marco Temporal, o que muda com a rejeição do STF e os pontos discutidos? Confira! 

VEJA MAIS

Com 9 a 2, STF rejeita marco temporal para demarcação de terras indígenas
O tribunal ainda decidirá no dia 27 de setembro como serão as indenizações a proprietários de terra que ocuparam as áreas indígenas

CCJ do Senado adia votação do projeto do marco temporal de terras indígenas
Adiamento ocorreu após pedido de vista coletivo. Nesta quarta-feira, STF retoma julgamento sobre a validade da tese

Marco Temporal: STF retoma julgamento sobre demarcação de terras indígenas
Placar está 5 votos contra e 2 a favor da tese. Ainda faltam os votos de cinco ministros

O que é a Tese do 'Marco Temporal'?

O Marco Temporal é uma tese jurídica, apoiada por ruralistas, alegando que a demarcação de uma terra indígena só deve ocorrer mediante comprovação, sobre uso e moradia, desde a instituição da atual Constituição Brasileira, promulgada em 5 de outubro de 1988. A teoria foi alegada pela primeira vez, em 2009, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU) para apoiar a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima (RR). 

Por que a Tese do 'Marco Temporal' voltou à discussão? 

O Marco Temporal chegou ao STF em 2019, após uma ação do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA) que expulsou o povo de maioria Xokleng, com Guarani e Kaingang, da Terra Indígena Ibirama-La Klaño. Na época 2 mil pessoas viviam na comunidade, às margens do rio Itajaí do Norte. O argumento é que essa área, de aproximadamente 80 mil m², não estava ocupada em 5 de outubro de 1988.

À época, os Xokleng argumentam que a terra estava desocupada após expulsão. Com a exclusão da tese do marco temporal em todo o País, mais de 80 casos semelhantes e outros 300 processos de demarcação de terras indígenas podem seguir, com vitória aos indígenas, que se opunham. 

O que muda com a rejeição do STF?

Apesar da vitória, lideranças indígenas acreditam que os conflitos estão longe de terminar e não apagam passado de violência e opressão. Mas é um passo para se pensar o futuro dos povos tradicionais, o controle do desmatamento e tantos outros desequilíbrios ambientais decorrentes. 

Quais os pontos em discussão sobre a inconstitucionalidade do Marco Temporal? 

Após veto da tese sobre o Marco Temporal, cabe ao STF discutir as possibilidades de indenização a fazendeiros e ruralistas que tenham ocupado, de boa-fé, os territórios indígenas. A proposta do Marco Temporal foi aprovada na Câmara. No Senado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) adiou para 27 de setembro a votação do projeto. Mesmo com a aprovação, ainda é preciso que a proposta passe por sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Política