Eduardo Bolsonaro usa taxação de Trump para cobrar do Congresso anistia ao ex-presidente
Deputado associa sobretaxa de 50% a ações do STF e pressiona Congresso por anistia ampla a Jair Bolsonaro

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou a decisão do presidente americano Donald Trump, que anunciou nesta quarta-feira, 9, tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil, para cobrar do Congresso Nacional a aprovação de uma anistia ao seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar chegou a se referir à medida como "tarifa-Moraes", em alusão ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Residindo nos Estados Unidos, onde afirma atuar pela imposição de sanções contra autoridades brasileiras devido às investigações envolvendo Bolsonaro, Eduardo divulgou uma nota intitulada "Uma hora a conta chega". No texto, ele apela para que as autoridades brasileiras “evitem escalar o conflito” e adotem “uma saída institucional que restaure as liberdades”. O deputado, no entanto, ignora que a iniciativa da sobretaxa partiu unilateralmente de Trump.
"Cabe ao Congresso liderar esse processo, começando com uma anistia ampla, geral e irrestrita, seguida de uma nova legislação que garanta a liberdade de expressão – especialmente online – e a responsabilização dos agentes públicos que abusaram do poder", escreveu, ao lado do comunicador Paulo Figueiredo, que também vive nos EUA. "Restam três semanas para evitar um desastre. É hora dos responsáveis colocarem fim a essa aventura autoritária", acrescentou.
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Eduardo argumenta que o STF e o ministro Alexandre de Moraes vêm cometendo, segundo ele, violações a direitos humanos, e classifica o julgamento contra Bolsonaro por tentativa de golpe como uma “farsa”. Para o deputado, Trump percebeu a suposta deterioração democrática no Brasil e estaria agindo para punir o país.
Na nota, Eduardo afirma ter tentado direcionar as sanções propostas por Trump apenas ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal no STF que envolve seu pai, e não à economia brasileira como um todo. Ainda assim, admite que as tarifas podem afetar produtores brasileiros que exportam para os EUA.
"Desde o início da nossa atuação internacional, buscamos evitar o pior, priorizando que sanções fossem aplicadas de forma individualizada, com foco no principal responsável pelos abusos: Alexandre de Moraes", escreveu. "Sanções que muito possivelmente ainda serão adicionalmente implementadas, sem prejuízo da sua expansão também contra os seus apoiadores diretos."
Reações
Apoiadores de Jair Bolsonaro reagiram à medida com um misto de comemoração, críticas ao governo Lula e silêncio sobre os possíveis impactos econômicos. Alguns exaltaram a decisão como um suposto gesto de apoio dos EUA a Bolsonaro, enquanto outros minimizaram os efeitos negativos para o comércio exterior brasileiro.
O ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhou, em suas redes sociais, uma publicação do filho Carlos Bolsonaro, vereador pelo PL no Rio de Janeiro, que falava em “tortura diária” contra o ex-mandatário. “A verdade precisa ser sempre lembrada, para que todos enxerguem que se trata de uma perseguição implacável, sem precedentes na história do Brasil”, escreveu Carlos. Jair Bolsonaro não comentou diretamente os impactos econômicos da tarifa.
Segundo relatos do mercado, o anúncio da sobretaxa provocou reações imediatas: o dólar teve alta e a Bolsa de Valores brasileira registrou queda ao longo do dia.
Tarifa de 50%
A tarifa de 50% anunciada por Trump é a mais alta entre as divulgadas pelo presidente americano em comunicados a diferentes países nesta semana. Segundo ele, a decisão foi motivada, principalmente, pelo tratamento dado ao ex-presidente brasileiro e por decisões do STF contra empresas americanas de tecnologia.
"O modo como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo, é uma desgraça internacional", disse Trump em nota. "Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!", escreveu em sua rede social.
Mais cedo, Trump já havia declarado que o Brasil “não tem sido bom para os EUA” e sinalizou que novas tarifas poderiam ser anunciadas até esta quinta-feira, 10.
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