Diretora da Precisa alega exaustão e depoimento é adiado para esta quarta-feira

Também está prevista a presença do empresário Francisco Maximiano para falar sobre as denúncias de irregularidades na compra da vacina pelo Ministério da Saúde

Thiago Vilarins, da Sucursal de Brasília (DF) / O Liberal

O depoimento da diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, à CPI da Covid-19, foi adiado para esta quarta-feira (14), a partir das 9h. A decisão foi tomada logo no recomeço da sessão, na noite desta terça-feira (13), após a depoente afirmar que estava "exausta" e sem condições psicológicas de falar à comissão. Medrades pediu um adiamento de 12 horas após o seu depoimento ficar suspenso durante todo o dia para que a CPI consultasse o Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a extensão do habeas corpus obtido pela diretora-executiva. Na volta da sessão, ela disse que se manteria em silêncio porque não estava em condições de responder aos questionamentos dos senadores. 

"Eu estou querendo colaborar, mas estou exausta. A única coisa que pedi foi um adiamento. Eu estou sem condições físicas e psicológicas. Não existiram irregularidades, estou disposta a esclarecer. A minha intenção é colaborativa", afirmou a depoente. O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), concedeu o adiamento com a condição de que Emanuela responda a todas as perguntas que serão feitas. A diretora-executiva ainda estará suportada por um habeas corpus que lhe dá o direito de silenciar sobre perguntas que podem incriminá-la, segundo o presidente do STF, ministro Luiz Fux.

A convocação de Medrades foi requerida pelos senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e aprovada pela CPI em 30 de junho, quando também foi deferida a transferência de sigilo telefônico e telemático da convocada. Os advogados da diretora alegaram que ela já está sendo investigada e, inclusive, prestou depoimento na segunda-feira à Polícia Federal. A CPI, inclusive, aprovou nesta terça-feira (13) requerimento para que a PF compartilhe o depoimento com os senadores.

A Precisa entrou no radar da CPI por ter intermediado a negociação de doses da vacina indiana Covaxin entre o Ministério da Saúde e a farmacêutica Bharat Biotech. O contrato, de R$ 1,6 bilhão, para compra de 20 milhões de doses está sob investigação da Polícia Federal. Duas testemunhas do Ministério da Saúde ouvidas pela CPI relataram que Emanuela esteve diretamente envolvida nas negociações e relataram troca de e-mails para tratar de detalhes do contrato.

Direito ao silêncio

Emanuela Medrades chegou à CPI às 10h30, após os seus advogados não conseguirem impedir o depoimento. Protegida pelo habeas corpus, Medrades se recusou a responder as perguntas feitas pelos senadores na abertura da sessão na manhã desta terça-feira (13). Ela também se negou a prestar juramento de dizer a verdade e até abriu mão dos minutos iniciais que são concedidos pela comissão para que os convidados e convocados se apresentem.

O comportamento da diretora irritou parlamentares oposicionistas, pois, segundo eles, o habeas corpus concedido pelo STF dava a ela o direito de silenciar-se somente sobre informações que pudessem incriminá-la e não sobre outros assuntos, sob pena de crime de desobediência. Diante da recusa de responder perguntas básicas, o presidente Omar Aziz decidiu suspender a reunião e apresentar um embargo de declaração para que o STF defina os limites do direito ao silêncio da depoente. A resposta de Luiz Fux chegou apenas no fim do dia, com o argumento de que cabe aos senadores avaliarem se a depoente abusa ou não do direito de ficar em silêncio e, caso julguem necessário, eles já têm os instrumentos para adotar providências.

Omar Aziz chegou a desconfiar do fato de Emanuela ter prestado depoimento à Polícia Federal um dia antes de falar à CPI, o que a tirou da condição de testemunha para investigada. Situação semelhante havia ocorrido com o empresário Francisco Maximiano, sócio da Precisa. "Inexplicavelmente, o senhor Maximiano se torna investigado um dia antes de vir depor. E, inexplicavelmente, a nossa depoente de hoje também é ouvida um dia antes. Longe de mim falar isso da Polícia Federal, mas é estranho, e como jabuti não sobe em árvore, não podemos entender como são feitas essas coisas", afirmou.

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