Bancada Mulheres Amazônidas assume mandato na Câmara de Belém
Coletivo de quatro vereadores assume lugar de Zeca do Barreiro (Avante), que foi cassado. Elas dividirão toda a estrutura, recursos e salário do cargo
A bancada Mulheres Amazônidas (Psol) tomou posse na manhã desta segunda-feira (14) em cerimônia na Câmara Municipal de Belém. O mandato coletivo é composto por quatro vereadoras que atuarão em conjunto: Gizelle Freitas, Kamila Sastre, Jane Patrícia e Fafá Guilherme.
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Elas quatro substituem o vereador Zeca do Barreiro (Avante), que teve mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral após fraudes na cota de gênero serem observadas nos documentos que o partido apresentou nas eleições de 2020. Apesar de ainda caber recurso, a bancada já assumiu oficialmente a cadeira no legislativo municipal e deve dividir a estrutura e recursos do mandato entre as quatro representantes.
Escolhida para representar a bancada na tribuna do plenário durante a posse, a assistente social Gizelle de Freitas se disse emocionada e classificou como simbólico a posse ocorrer no mesmo dia que o assassinato da vereadora Marielle Franco, também do Psol, completa quatro anos.
"O legado não morre e as ideias têm força", afirma.
Segundo ela, a bancada representa a diversidade que cabe dentro das lutas feminista, antirracista e de apoio a comunidade LGBT+. "Nossas lutas também precisam estar dentro dessa casa. E eu sei que estão. Não vamos inaugurar nada. Mas nós queríamos mostrar a força do coletivo, ser a primeira chapa coletiva a ocupar um mandato no Norte do país. Nesses anos vocês não vão ver só a mim. Vão ver as quatro, junto com trabalhadores e trabalhadoras, ocupando espaços", afirma.
Convidadas
Pela primeira vez em muito tempo, a Câmara estava lotada, tanto no plenário quanto nas galerias e tribuna de honra, com diversos apoiadores, correligionários e militantes psolistas.
Entre as convidadas ilustres estiveram Marinor Brito e Vivi Reis, deputada estadual e federal respectivamente. Na opinião de Brito, a Bancada coloca as mulheres em evidência e deve ser celebrada.
"Não importa que a briga judicial continue. Sabemos que tem recursos em Brasília e não sabemos quais serão os resultados, mas estamos preparados juridicamente para defender com unhas e dentes a permanência desta Bancada na Câmara", afirmou.
Segundo Vivi Reis, as quatro novas parlamentares são sementes que brotaram após o assassinato de Marielle Franco. "Elas representam a luta daquelas que não se curvam diante dos problemas sociais que vivemos hoje nesse país, contra a política de fome, miséria e desemprego, e a favor de um futuro digno para a comunidade negra, para as mães e a população de Belém", pontuou.
Zeca do Barreiro
O vereador Zeca do Barreiro (Avante) teve o mandato cassado após a constatação de que o partido dele não cumpriu a cota mínima de candidaturas identificadas com o sexo feminino nas eleições municipais de 2020, estabelecida pela lei em 30%. Ele entrará com recurso, mas afirma que a culpa pelo erro não é dele, e sim do partido.
"Agora é aguardar as decisões, sempre tendo fé de que a população de Belém que quis me ver lá não pode deixar de cobrar o respeito a democracia, aos votos. O certo seria punir o partido. O candidato infelizmente não tem acesso a nada disso dos documentos. É muito complicado. Eu sou um vereador de baixada que não tinha dinheiro para investir mas batalhei e consegui", lamentou.
Na opinião do parlamentar, ele foi escolhido como "boi de piranha" para que o Tribunal Regional do Pará desse um exemplo sobre o tema. "Mas se for ver, só o pobre que foi condenado", diz ele, referindo-se aos outros processos similares contra vereadores da capital paraense.
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