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Pode virar 'favelão', diz vereador de Santa Catarina sobre migrantes do Norte e Nordeste

O vereador diz que a solução passa pelo controle da entrada de pessoas no estado

O Liberal

O vereador Mateus Batista (União), de Joinville, causou polêmica ao divulgar um vídeo nas redes sociais em que afirma que Santa Catarina pode se tornar um “favelão” caso não haja controle no fluxo migratório de pessoas vindas do Norte e do Nordeste. Segundo ele, trata-se de pessoas “praticamente refugiadas de estados destruídos”.

Na postagem, Batista alegou que “Santa Catarina está pagando a conta duas vezes” e criticou o pacto federativo. “Brasília tira mais do que devolve pelo pacto federativo. Depois, a má gestão e a corrupção no Norte e Nordeste expulsam sua população, que acaba migrando para cá. Resultado? Nosso serviço público sobrecarregado, cidades congestionadas e aumento da desordem social”, escreveu.

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O vereador afirmou que, entre 1960 e 1980, o estado conseguiu expandir a infraestrutura para absorver o crescimento populacional, mas que hoje o cenário seria diferente: “Com menos recursos e mais impostos indo para fora, isso é impossível. Já estamos sentindo os efeitos: falta de escolas, trânsito caótico e aumento da população de rua". 

Para Batista, a solução passa pelo controle da entrada de pessoas no estado. “A solução? Ou controlamos o fluxo migratório com políticas claras, como fazem países desenvolvidos, ou SC corre o risco de virar um grande favelão. Ou quebramos o pacto político injusto, ou o pacto quebra Santa Catarina”, declarou.

No vídeo, ele reforça: “A única forma de impedir que o nosso estado se torne um grande favelão é barrando e controlando esse fluxo migratório". 

Em outro trecho, após ser questionado se “Santa Catarina vai virar o Pará”, respondeu: “Controlar o fluxo migratório é realmente o problema mais relevante do nosso estado e ninguém está tratando com a complexidade que merece. (…) Santa Catarina paga duas vezes: primeiro, quando manda dinheiro para a União e não recebe de volta; e depois, quando precisa expandir os serviços públicos porque gestores incompetentes e corruptos do Norte e Nordeste destroem seus estados, forçando sua população a migrar para cá". 

Nota de repúdio

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville (Sinsej) divulgou nota repudiando as declarações do vereador. O sindicato criticou o fato de Batista associar o fluxo migratório ao risco de Santa Catarina se transformar em um “grande favelão”, especialmente ao estigmatizar cidadãos do Pará.

Na nota, disponível no site da entidade, o Sinsej rebate os argumentos do parlamentar, classificando-os como falaciosos. O texto afirma que não é possível atribuir a migração apenas à “corrupção no Norte e Nordeste”, como se o Sul fosse um “bastião da moralidade pública”, lembrando casos de corrupção em Santa Catarina, como a prisão de 28 prefeitos e o escândalo dos respiradores durante a pandemia.

O sindicato também destacou que a vulnerabilidade urbana decorre da falta de investimento em políticas públicas, como moradia e saúde, e acusou Batista de obstruir essas iniciativas ao se opor a contratações e gastos sociais. Segundo a nota, o vereador prefere “promover um apartheid social que incita violência contra imigrantes”, enquanto apoia o prefeito na aprovação de R$ 100 milhões para cargos comissionados.

Histórico de processos

No início deste mês, um juiz concedeu prazo de dez dias para que Mateus Batista apresente defesa em ação movida pelo ex-vereador Cláudio Aragão (MDB). Este é o segundo processo que o parlamentar responde por calúnia, injúria e difamação (artigos 138, 139 e 140 do Código Penal).

No primeiro processo, ele foi condenado a quatro meses de detenção, pena que poderá cumprir em liberdade. No despacho publicado nesta semana, o juiz acolheu a denúncia do Ministério Público e determinou que a defesa entregue por escrito sua versão dos fatos, além de indicar testemunhas.