Representantes de escolas de samba de Belém lamentam morte de Félix Lopes, vice-presidente do Rancho
Carnavalesco foi assassinado no Jurunas, a menos de 400 metros da quadra da agremiação e a 38 dias do desfile de carnaval

O assassinato de Félix Carlos Lopes dos Santos, 50 anos, vice-presidente do Grêmio Recreativo Jurunense Rancho Não Posso Me Amofiná, chocou e entristeceu os moradores do bairro o Jurunas. Assassinado a menos de quatrocentos metros da escola de samba que é um dos patrimônios do bairro e da capital, Félix foi morto com três tiros por dois homens encapuzados dentro de seu carro.
Faltando 38 dias para o desfile do Rancho no Carnaval de Belém, marcado para o dia 23 de fevereiro, várias outras agremiações carnavalescas se manifestaram com pesar pela morte de Félix.
"Em todo o Brasil, vivemos num cenário complicado. A violência, hoje, é desmedida e sem barreiras. As pessoas matam da forma mais violenta o possível e sem limite algum. Félix vai fazer muita falta, pois seu trabalho ia além do carnaval, além das quadras. Ele agregava e ajudava pessoas. Mesmo sendo um dos indivíduos mais conhecidos do Jurunas, foi morto dessa forma horrível. Estou chocado, não só por quem foi assassinado, mas também pela forma brutal do crime. Espero que o poder público se manifeste de forma efetiva", lamentou Gláucio Sapucaí, presidente da Quem São Eles.
"Todos nós, responsáveis pelas escolas de samba de Belém, estamos estarrecidos. Félix era uma pessoa do bem e fará falta para toda a cultura popular de Belém, na qual era muito envolvido. Nós, da Bole Bole, nos solidarizamos com o Rancho. Por conta do ocorrido, suspendemos nossos ensaios e decidimos realizar palestras de conscientização para todos os nossos alunos. Quando vemos a violência tomar esse tamanho, que tem sido alarmante em todo o Brasil, devemos agir ainda mais. Um dos nossos objetivos, como escola de samba, é orientar a juventude e mantê-la longe da violência", pontuou Herivelto Martins, o Vetinho, presidente honorário da Bole Bole.
Para Theo Pérola Negra, presidente da A Grande Família, a perda de outro colega de carnaval é uma triste história que se repete. "Essa onda de violência não é de hoje. Ano passado, mataram Alex, presidente da escola Colibri. Agora, a morte de Félix marca uma perda irreparável para a cultura popular belenense, pois, além de vice-presidente da escola de samba, Félix também era importante em outros setores da cultura popular, como a quadrilha junina. Não sabemos o que ocorrerá daqui em frente e só temos a lamentar", disse.
Em nota, a Prefeitura de Belém manifestou pesar pelo falecimento de Félix Lopes, que também era servidor municipal lotado na Secretaria Municipal de Economia (Secon), onde exercia o cargo de administrador do Complexo do Jurunas. "Félix Lopes também mantinha estreita relação com a Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), por meio de projetos sociais e culturais" diz o comunicado. "A Prefeitura de Belém lamenta a perda precoce de Félix que muito contribuiu para a gestão e para a cultura municipal e repudia todo e qualquer ato de violência", encerra.
O Grêmio Recreativo Jurunense Rancho Não Posso Me Amofiná foi a primeira escola de samba do Pará a ser fundada e é a quarta mais antiga do Brasil. No ano passado, os vereadores de Belém reconheceram a Escola de Samba como Patrimônio Cultural e Imaterial do Município de Belém. O velório de Félix Lopes deve acontecer na quadra da escola no bairro do Jurunas.
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