Laudo sobre acidente com 4 mortes em Abel Figueiredo indica imprudência de caminhoneiro, diz defesa
Análise da Polícia Rodoviária Federal (PRF) é sobre o sinistro registrado no dia 6 de julho deste ano e que envolveu um caminhão que transportava uma escavadeira e três motocicletas

O laudo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) sobre o acidente registrado no dia 6 de julho deste ano, que resultou na morte de quatro pessoas na BR-222, em Abel Figueiredo, no sudeste do Pará, poderia ter sido evitado. É o que afirma a defesa das vítimas, que teve acesso ao documento na segunda-feira (1º/9), e assegura a tese de imprudência e negligência do condutor do caminhão que transportava uma escavadeira. A máquina caiu do automóvel de carga e atingiu três motocicletas, ocasionando a morte do sargento do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), Erisvan Mendes, 53 anos; do servidor municipal da Prefeitura de Marabá, Caio Leonardo de Souza Gonçalves, 36 anos; de Dorivan Alves Soares, 24 anos; e Beatriz Teixeira Cardoso, 21.
Na época do acidente, testemunhas tinham relatado que a escavadeira era transportada por um caminhão e caiu do automóvel de carga durante a curva "Sete Cruz", atingindo três motos que trafegavam pelo local.
A defesa das vítimas informou que o relatório técnico da PRF apontou que o que gerou a invasão da pista contrária e as colisões foi o rompimento das correntes de amarração da escavadeira ao caminhão. “(...) As correntes do veículo transportado se rompem. (...) O veículo transportado (escavadeira) é arremessado para a faixa de sentido Marabá-PA/Abel Figueiredo-PA, conforme marca de arrastamento identificada no local do sinistro”, diz o documento.
Além disso, a análise da Polícia Rodoviária Federal mostra que o caminhão estava acima da velocidade permitida, que era de 50 km/h. Entretanto, a fita do cronotacógrafo, que serve para registrar a velocidade percorrida por um veículo, indicou que o caminhão seguia em velocidade superior ao limite autorizado naquele trecho.
"Com base na perícia realizada no local do sinistro, conclui-se que os seguintes fatores contribuíram para a ocorrência do sinistro: a velocidade de V1 (caminhão) acima da velocidade regulamentar da via no momento do sinistro, conforme aferido na fita do cronotacógrafo; o rompimento das correntes que amarravam o veículo transportado em V1 (caminhão) e o pneu estepe do conjunto transportador do V1 ter se soltado”, apontou a PRF.
O advogado Diego Adriano Freires, que representa três das famílias das vítimas, enfatiza que o laudo não deixa margem para dúvidas sobre a evitabilidade da tragédia. "A conclusão pericial da PRF é de uma clareza técnica irrefutável. Demonstra-se que houve uma inobservância flagrante das normativas de segurança no transporte de cargas pesadas, aliada a uma conduta imprudente em relação à velocidade regulamentar da via. Tais fatores, por si só, configuram uma falha sistêmica que culminou na invasão da faixa contrária”, declara.
“Com base na análise da causalidade, é técnico e juridicamente possível afirmar que as quatro vidas perdidas decorreram diretamente dessas omissões e ações negligentes. Se as condições mínimas de segurança e respeito às leis de trânsito tivessem sido observadas, este desfecho lamentável teria sido plenamente elidido”, conclui.
A Redação Integrada de O Liberal solicitou um posicionamento da Polícia Civil sobre a apuração do episódio e aguarda retorno.
O caso
O sargento Erisvan Mendes e o servidor Caio Leonardo eram integrantes do Clube de Motos Forasteiros e estavam a caminho de Rondon do Pará, município também localizado na região sudeste paraense.
Motoristas que passaram no momento do acidente gravaram vídeos que mostram a cena logo após a queda da escavadeira na margem da pista. Nas imagens, é possível ver corpos na lateral da rodovia BR-222 e peças das motos e do carro atingido pela máquina — uma escavadeira, equipamento pesado utilizado para escavar e levantar materiais na construção civil, mineração e outras áreas que exigem movimentação de terra.
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