Dois PMs são presos e sete afastados em investigação sobre suposta execução sumária no Marajó
Além do afastamento cautelar, foram cumpridos mandados de busca, apreensão e prisão

Dois policiais militares foram presos e sete afastados durante uma investigação sobre a suposta execução sumária de um homem, ocorrida em outubro de 2023, na zona rural de Ponta de Pedras, no arquipélago do Marajó. Nesta sexta-feira (20), durante a “Operação Quinto Mandamento”, também foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados.
A operação foi realizada pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), por meio da Promotoria de Justiça de Ponta de Pedras, com apoio do Grupo de Atuação Especial de Inteligência e Segurança Institucional (GSI/MPPA). Segundo o MPPA, a ação foi deflagrada a partir de uma decisão judicial da Vara Única da Comarca de Ponta de Pedras, que acolheu pedido do órgão ministerial e autorizou a adoção de diversas medidas cautelares nos autos do Procedimento Investigatório Criminal nº 001/2025-PJPP.
A investigação aponta que a vítima, um homem conhecido na comunidade local, teria sido executada por policiais militares que, após a morte, teriam simulado um confronto armado. Ainda segundo o MPPA, testemunhas relataram que drogas e uma arma de fogo foram plantadas ao lado do corpo, com o objetivo de forjar a legalidade da ação. O laudo necroscópico indicou dois ferimentos por arma de fogo — um na parte frontal do tórax e outro nas costas — o que, de acordo com a decisão, dificulta a compatibilidade com a versão oficial de confronto direto.
Além do homicídio qualificado, o MPPA aponta indícios da prática de fraude processual, abuso de autoridade, falsidade ideológica, coação de testemunhas e tráfico de drogas, que surgiram no decorrer da instrução do processo conexo.
Afastamentos
Durante a operação, dois policiais foram presos por representarem risco à ordem pública, ameaça às testemunhas e possibilidade de reiteração delitiva, especialmente por ainda estarem no exercício da função, com acesso a armas e estruturas institucionais. Também foi determinado o afastamento cautelar de todos os membros da guarnição, com preservação da remuneração, além da comunicação ao comando da Polícia Militar para recolhimento dos armamentos, restrição de circulação e recomposição do efetivo.
A decisão também fundamentou o afastamento cautelar de sete policiais militares, todos integrantes da guarnição envolvida na ação que resultou na morte da vítima. Foram autorizadas buscas no local de trabalho dos investigados, com apreensão de celulares, mídias digitais, armas e documentos, além do acesso aos dados eletrônicos armazenados nesses dispositivos.
As investigações seguem em sigilo, a fim de aprofundar a apuração dos fatos, garantir a proteção das testemunhas e assegurar a responsabilização penal dos envolvidos.
A Redação Integrada de O Liberal solicitou mais informações sobre o caso para a Polícia Militar e aguarda o retorno.
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