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Conheça a polêmica história de Deivite Wener Araújo Galvão, o 'Gordo do Aurá'

Preso várias vezes e com acusações de integrar o Comando Vermelho, foi eleito por cuidar do bairro do Aurá, uma área carente de políticas públicas

Victor Furtado e Redação Integrada
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Antes das eleições municipais de 2012, pouca gente conhecia o "Gordo do Aurá". Menos ainda o seu nome de batismo: Deivite Wener Araújo Galvão. Entretanto, Deivite já era bastante conhecido por policiais civis e militares com atuação em Ananindeua, e também pela comunidade do bairro do Aurá, principalmente os mais necessitados.

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Na tarde desta quinta-feira (21), entretanto, o nome de "Gordo do Aurá" é procurado por ter sido assassinado no bairro da Pedreira, em Belém. Um vídeo gravado por câmera de segurança registrou o memonto em que seu carro foi alvo de emboscada na Pedro Miranda. 

image Mais de 20 tiros acertaram veículo onde Gordo do Aurá estava com esposa (Reprodução)

Vereador reeleito, Deivite tinha muita influência no bairro do Aurá, ao ponto de carregar o apelido.

No bairro, coordenava a Galera do Aurá (GDA), um grupo responsável pela promoção de eventos e ações comunitárias. Foi assim que Deivite formou um reduto eleitoral em uma área carente de políticas públicas.

Devido essa carência, Gordo do Aurá ficou conhecido por agradar moradores, desde que fizessem vista grossa para qualquer coisa do seu interesse.

O então promotor de eventos também conseguia e distribuía cestas básicas, medicamentos, consultas médicas e algumas intervenções públicas no bairro.

Em seus dois mandatos como vereador de Ananindeua, de fato, sempre defendeu e procurou melhorar a vida das pessoas do bairro que o elegeu e representava.

image Gordo do Aurá foi eleito duas vezes, mas estava sem partido após ser preso no ano passado (Divulgação / Câmara Municipal de Ananindeua)

Bairro do Aurá e Gordo do Aurá

O bairro do Aurá é uma área periférica de Ananindeua, com cerca de 1,8 mil habitantes, segundo dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na área, muitas vias sequer são asfaltadas e é um território conhecido e marcado pela violência.

É no Aurá que ficava um lixão, encerrado pela Prefeitura de Belém, em 2015, após cerca de 20 anos comprometendo a qualidade de vida da população daquela área.

Para os policiais militares e civis que já o prenderam, como o atual vereador de Belém, sargento Silvano Oliveira, que comemorou a morte dele pelo Twitter, a GDA do vereador Gordo do Aurá não passava de uma fachada para as atividades de uma organização criminosa.

Galera do Aurá e Comando Vermelho

A suspeita sempre existiu, mas nunca foi confirmado que a GDA integrava as facções criminosas Família do Norte e Comando Vermelho Rogério Lemgruber (CVRL).

Contudo, no dia 29 de março de 2018, as polícias Civil e Militar flagraram uma "reunião de recrutamento" de mototaxistas para atuar no Comando Vermelho. Havia, inclusive, uma ficha de cadastro.

O local onde ocorria o encontro era a sede da GDA, de propriedade do Gordo do Aurá, que negou qualquer tipo de envolvimento.

image Pelo menos 60 mototaxistas foram convidados para se filiarem ao Comando Vermelho, mas a Polícia Militar impediu o evento (Divulgação / WhatsApp)
image Ficha de cadastro no Comando Vermelho, encontrada com moto-taxistas no ano passado, na sede da GDA, clube do Gordo do Aurá (Divulgação / WhatsApp)

Vereador sem partido

Em setembro do ano passado, o então vereador do DEM foi preso na Operação Cristo Redentor, da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup).

O objetivo era cumprir cerca de 1,3 mil mandados de busca e apreensão no residencial Pouso das Aracangas, conhecida como "Cidade de Deus", em referência à favela carioca dominada pelo crime, situada no bairro do Aurá.

Naquela ocasião, viaturas das polícias Civil e Militar foram recebidas a tiros. O fato rendeu a expulsão de Gordo do Aurá do partido DEM de Ananindeua.

image Residencial Pouso das Aracangas, conhecida como "Cidade de Deus", local onde foi feita a operação Cristo Redentor, que prendeu Gordo do Aurá em setembro do ano passado (Polícia Civil)

Como político, Deivite se viu alvo de acusações entre o governador Helder Barbalho e o então candidato Márcio Miranda (DEM), durante a campanha das eleições do ano passado, onde foi tratado como "bandido de estimação".

No Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA) dois processos contra Deivite estão em aberto. Um deles é o 0019369-47.2018.8.14.0401, no qual é investigado por tráfico de drogas e relações com o crime organizado, com decretação de prisão preventiva. O outro é 0040531-27.2015.8.14.0006, no qual é denunciado por corrupção.

Gordo do Aurá, na véspera das eleições de 2012, foi detido pela Polícia Militar por porte ilegal de armas, mas a outra pessoa que havia sido detida com ele assumiu o crime e o então candidato foi liberado.

Relação com milícia e tentativa de assassinato

Outra relação suspeita envolvendo o Gordo do Aurá seria com as milícias que atuam na Região Metropolitana de Belém.

O cabo Heleno Arnaud Carmo de Lima, o cabo Leno, apontado como chefe de uma das maiores milícias do Pará, a "M da Pedreira", supostamente teria prestado serviços de intimidação, cobrança e assassinato por encomenda, mas não foi comprovado.

Leia também: Entenda o que são milícias e por que você devia se preocupar com elas

Deivite, no dia 18 de junho de 2013, sofreu um atentado ao chegar na Câmara Municipal de Ananindeua.

O carro em que o então vereador estava foi alvo de vários disparos e Gordo do Aurá só sobreviveu porque estava de coleta à prova de balas.

Desde então, a segurança foi reforçada, assim como aumentaram as suspeitas sobre o motivo do Deivite usar colete e ter sofrido o atentado.

Isso já indicava que havia pessoas com interesse na morte dele.

Coincidentemente, o local onde Deivite, sua esposa e o motorista de aplicativo foram baleados pertence à área de atuação da "M da Pedreira".

Por enquanto, não há relação entre a organização criminosa e a morte do vereador.

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