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Sespa investiga morte de paciente com suspeita de doença da Urina Preta

Uma equipe da vigilância epidemiológica foi acionada para colher informações e acompanhar a análise do material coletado a fim de confirmar ou não a suspeita

O Liberal / Eduardo Rocha
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A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) informou que está investigando a morte do paciente Genivaldo Cardoso de Azevedo, 55 anos, que deu entrada no Hospital Municipal de Santarém na última segunda-feira (6) com sintomas semelhantes aos da doença de Haff, conhecida popularmente como "doença da urina preta", e veio à óbito menos de 24 horas depois. Esta é a primeira morte registrada por suspeita da doença no Pará. 

Em Nota, a Sespa informou que foi notificada pelo Núcleo de Epidemiologia do Hospital de Santarém sobre um possível caso de Doença de Haff e que uma equipe de vigilância epidemiológica local, com apoio da Central de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) já está investigando o caso para confirmar ou descartar a suspeita.

De acordo com o diretor técnico do Hospital Municipal de Santarém, Vinícius Savino, o paciente Genivaldo Cardoso foi internado com dores musculares e teve uma evolução muito rápida dos sintomas da doença, inclusive com o escurecimento da urina. "Quando chegou aqui ele apresentava injúria muscular, que pode ser decorrente de várias outras patologias, inclusive a Síndrome de Haff.  Ele teve mialgia intensa e evoluiu para um processo que a gente chama de Rabdomiólise, que é quando há sofrimento muscular. Nestes casos, existe uma insuficiência urinária, que foi o que aconteceu com ele. A quantidade de urina produzida pelo corpo diminuiu e ganhou uma cor escura", relatou.

image A Síndrome de Haff é causada por uma toxina que pode ser encontrada em determinados peixes e crustáceos (Reprodução / Agência Santarém)

"Tomamos todas as medidas cabíveis no tratamento, com hidratação intensa, mas, infelizmente, ele evoluiu a óbito. Comunicamos a Vigilância Sanitária do município e também do Estado. Agora, estamos reunindo todos os dados para fechar o diagnóstico. Até então tratamos o caso apenas como suspeito de Síndrome de Haff", afirmou Savino.

Genivaldo Azevedo trabalhava como mototaxista. O corpo foi liberado para sepultamento pela vigilância epidemiológica do hospital. Familiares e amigos serão contactados pela Divisão para saber se o mesmo havia consumido peixe recentemente e, se sim, de que espécie. 

Síndrome de Haff

A Síndrome de Haff é causada por uma toxina que pode ser encontrada em determinados peixes e crustáceos. A substância gera danos no sistema muscular e em órgãos como os rins. Ela se constitui em um tipo de rabdomiólise, nome dado para designar uma síndrome que gera a destruição de fibras musculares esqueléticas e libera elementos de dentro das fibras (como eletrólitos, mioglobinas e proteínas) no sangue. 

O nome foi dado em razão da descoberta da doença em um lago chamado Frisches Haff, na região de Koningsberg, em 1924. O território, à beira do Mar Báltico, pertencia à Alemanha, mas foi incorporado à Rússia posteriormente, constituindo um enclave entre a Polônia e a Lituânia.

A doença de Haff gera uma rigidez muscular. Além disso, frequentemente ocorre como consequência o aparecimento de uma urina escura em função da insuficiência renal, razão pela qual essa expressão é utilizada para se referir à enfermidade.
Médicos do Hospital São Lucas Copacabana explicam, em artigo sobre a doença, que ainda não houve confirmação sobre a natureza da toxina constante nos peixes cuja ingestão pode provocar essa enfermidade. 

Em alguns livros, ela está associada ao envenenamento por arsênico. A toxina não tem nem gosto nem cheiro específicos, o que torna mais complexa a sua percepção, e também não é eliminada pelo processo de cozimento dos alimentos. É encontrada em peixes como o tambaqui, pacu, badejo, pirapitinga e arabaiana ou crustáceos (lagosta, lagostim, camarão). 

Os sintomas costumam aparecer entre 2 e 24 horas após o consumo dos peixes ou crustáceos. São eles: ruptura de células musculares; dor e rigidez no sistema muscular, no tórax e nos rins, entre outros órgãos; cãibra dos pés à cabeça, dificudade para andar; falta de ar; perda de força; fraqueza muscular nas pernas e nos braços, mialgias e urina marrom-avermelhada, dor de estômago, de cabeça, nas costas; dores abdominais; diarreia e dormência. 

Se a doença evoluir para uma insuficiência renal e não for tratada pode levar à morte. Uma das principais recomendações é evitar consumir pescado ou crustáceos cuja origem, transporte ou armazenamento sejam desconhecidos.

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