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Romaria não atrai apenas os católicos

No meio da multidão de devotos, há umbandistas, judeus e espíritas

Redação Integrada ORM
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Eles não são católicos, mas isso não os impede de acompanhar o Círio de Nazaré, até mesmo como promesseiros. Essa frase pode narrar a história de milhares de romeiros, que acompanham o Círio de Nazaré mesmo não seguindo o catolicismo, como o umbandista Tarcísio Alves, 28 anos, que há 12 anos acompanha, na corda, a Grande Romaria. 

“Do Círio mesmo eu participo desde os 14 anos, mas esse ano será meu 13º ano de corda”, conta ele. “Eu sou apaixonado por tudo que gira em torno dessa data tão importante e linda, que é o ‘Natal dos Paraenses’. Sobre a corda, tenho uma promessa com Maria que só é minha e dela”, diz. 


Para ele, a festividade religiosa vai além do catolicismo e se constrói como uma “manifestação de fé”. “No Círio, a gente vê muitas coisas, como amor, solidariedade, humildade... São 12 anos de corda e de muitas emoções vividas, histórias presenciadas que, hoje, fazem parte da minha história. Fiz amigos, tive muitas alegrias e sou grato por tudo que Maria tem feito por mim”, declara o mototaxista, que também acompanha quase todas as outras romarias oficiais. 

A força para isso, segundo ele, vem da gratidão à Maria. “Sou grato por tudo que Ela tem feito por mim, como pela saúde para que, a cada ano, eu tenha essa força e determinação para puxar sua corda e cumprir com sua missão, que também é a minha”, ressalta Tarcísio Alves. 

Essa dimensão que expande as barreiras da religião à cultura, para Tarcísio, foi construída ao longo do tempo, “porque o Círio faz parte da história do povo paraense”. “Não tem como não se emocionar diante de tanta manifestação de fé dos mais variados tipos de pessoas. Independentemente de religião, o clima que envolve a cidade no mês de outubro é contagiante”, garante. 

O assistente administrativo Cleyton Raiol, 27, é um exemplo da afirmação de Tarcísio. De família católica, mas não adepto a nenhuma religião, ele enxerga sua relação com Nossa Senhora de forma muito peculiar. “Eu fui batizado na igreja, mas não sou praticante de nenhuma corrente religiosa. Mas acredito em Nossa Senhora de Nazaré”, explica. “Tenho uma fé enorme em ‘Nazinha’, confio meus problemas e credito minhas vitórias a Ela. Para mim, Ela é mais que um símbolo religioso - a tenho como uma grande mãe, com força e energia”, completa, contando que, esse ano, em agradecimento a um pedido alcançado, vai pela primeira vez como promesseiro da corda. 

Mesmo com tantos anos de participação, Cleyton ainda consegue destacar o Círio mais marcante que já viveu, indicando o dia em que conseguiu chegar perto da berlinda. “Foi especial por conseguir ver os momentos mais emocionantes das homenagens e perceber a energia das pessoas ao redor”, diz ele, ao acrescentar que algo que também o marcou “foi ver uma senhora pagando sua promessa de joelhos, percorrendo o caminho da procissão com suor e lágrimas no rosto, por causa da cura da doença do filho”. “São coisas assim, as emoções de cada um, que faz o Círio valer a pena”, diz.

Por fim, o assistente administrativo diz enxergar a festividade cristã como “um dos muitos exemplos de abrangência de sentimentos”. “Jamais deixaria de ir ao Círio ou de acreditar em Nossa Senhora por causa da religião. Vejo conhecidos de outras religiões, como umbandistas e judeus, que tem uma fé enorme por Nossa Senhora. As portas abertas de uma igreja protestante, como ponto de apoio, as homenagens da comunidade LGBTI... Enfim, é algo que abrange mais do que um grupo religioso”, finaliza.

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