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Psicóloga atua pelo fim da violência contra as mulheres na cidade de Barcarena

Psicóloga Tânia Oliveira está à frente da Coordenadoria Municipal de Políticas para Mulheres de Barcarena

Igor Wilson

Psicóloga e psicanalista por formação, Tânia Oliveira afirma que sua carreira a serviço da mente humana é seu principal artifício à frente da Coordenadoria Municipal de Políticas para Mulheres de Barcarena . Conhecer as nuances da mente de uma mulher agredida dentro da própria casa, onde deveria ter paz e tranquilidade , lhe faz conhecer muitas vítimas nos locais onde realiza atividades. Barcarena começou a montar um aparato de dispositivos para combater a violência contra a mulher após 2014, e ainda há muito o que fazer, como o serviço de perícia na cidade, mas Tânia pontua com otimismo o que está sendo feito, vislumbrando um futuro melhor, como explica em entrevista para O Liberal.      

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A partir de qual período Barcarena começou a perder a importância da luta pelo fim de crimes contra a mulher? 

Pode-se dizer que o tema da violência doméstica passou ser tratado diretamente como política pública a partir de 2014, quando a prefeitura da época criou a Coordenadoria da Mulher, o Conselho dos Direitos da Mulher e a própria Delegacia da Mulher. Na época o município recebeu uma verba federal para implantar a Coordenadoria da Mulher e o nosso Conselho dos Direitos da Mulher e então efetivamente desenvolvemos todo o trabalho com todo aparato necessário. Realizamos várias palestras nas comunidades de difícil acesso, levando informação sobre a garantia dos direitos da mulher. Também atuamos na criação do material gráfico de panfletos, faixas, cartazes, tudo sobre o tema voltado para o combate à violência contra a mulher. Nós também temos um veículo a disposção exclusivo para atender as necessidades da coordenadoria e do Conselho da Mulher. 

Como são mapeadas as área de Barcarena que mais necessitam desse aparato a favor da mulher? 

Barcarena é uma uma cidade muito ampla, geograficamente falando. Existem muitas vítimas que moram em comunidades de difícil acesso, muitas ilhas. Então levamos informações a estas comunidades sobre a rede de atendimento à mulher. Realizamos e executamos essa atividades todos os mses e com sucesso. A partir de então nosso trabalho deu continuidade em outros locais, levando informações para todo o município, para dentro das escolas, para as empresas. Nos locais elaboramos também oficinas para as mulheres com temas como geração de renda. Articulamos, quando possível, diretamente com emrpesas sobre a importância de trabalho para estas pessoas. E temos conseguido até aqui mostrar isso à população. 

O que foi feito e o que ainda se precisa fazer para reduzir o número de casos? 

Uma das coisas já foi feita, que é transformar a questão da violência contra a mulher em caso de saúde pública. É é uma situação seríssima. A cada hora no Brasil morre uma mulher assassinada pelo seu companheiro, por aquela pessoa que ela achava que ia ser para vida toda, que criou uma expectativa de ser para sempre. Quando uma mulher é agredida toda família se desestrutura. Em Barcarena realizamos um trabalho muito bom seguindo os critérios da rede de atendimento à mulher. Essa presença pública faz com que a mulher se empodere, se una a outras mulheres, encoraje outras vítimas a denunciar.  

image Psicóloga atua à frente da Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres de Barcarena (Divulgação/ Arquivo Pessoal)

E o que ainda falta para a rede de atendimento ser mais eficaz? 

O único serviço que ainda não temos ainda é o de perícia, mas o município dá o suporte e encaminha para um local mais próximo, muitas vezes em Belém. Nós também não temos a Casa Abrigo, que é programa estadual de acolhimento e hospedagem de vítimas. Isso faz falta, pois em casos mais graves a mulher esteja correndo risco de vida se permanecer no mesmo ambiente que seu agressor. Mas estamos nos fortalecendo a cada dia. Hoje conseguimos ir até as vítimas, dar todo o aparato imediato e em breve esperamos conseguir trazer a Patrulha Maria da Penha para cá.  

A Sra é psicanalista e psicóloga, servindo a causa das mulheres há muito tempo. Quais os principais danos mentais identificados nas vítimas e como ajudá-las? 

É importante lembrar que os danos são para a vítima e para família. Para mulher, para o homem, para as crianças que presenciam a violência. Os danos afetam a saúde mental de toda a família, isso sem falar nos traumas para criança que acompanha essa violência dentro de casa, que vê a sua mãe sendo agredida. Também existem os traumas que ficam para o desenvoolvimento de futuros relacionamentos interpessoais, para os relacionamentos amorosos, são muito sérios. Trabalho há muitos anos escutando mulheres nessa situação e assim e as consequências são evidentes. Precisamos tornar a saúde mental delas como uma prioridade.  

Muitas vítimas tem medo de denunciar o agressor. Algumas não acreditam na efetividade de medidas protetivas. Como fazer com que a vítima de violência doméstica se sinta confiante em denunciar o agressor? 

É muito delicado. Muitas vezes a mulher acredita que ela ama alguém que está fazendo ela sofrer. Então para desconstruirmos isso é muito sério, é muito lento, é um processo doloroso. Para aquela mulher, que criou uma expectativa de viver um amor para sempre, do amor romântico como nos contos de príncipes, entender que tudo isso como uma questão cultural. A mulher tem que ter coragem, apesar dela saber todas as evidências, denunciar é uma questão de coragem. Muitas vezes á a família que a leva para delegacia, pois muitas não querem denunciar ou tem vergonha. Temos a medida protetiva que está funcionando mais, sabemos que está acontecendo muitos avanços na lei Maria da Penha e uma delas é considerar como crime quem quebrar a medida protetiva. Então precisamos que isso funcione, só assim elas terão confiança. 

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