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Pará pode ter mais de 1 mil novos casos de câncer do colo do útero em 2022

O estado, como aponta a Sociedade Brasileira de Cancerologia, é comparado a África Subsariana em casos da doença

Eduardo Rocha / O Liberal
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Está previsto para 2022 o surgimento de 20 mil novos casos de câncer de colo de útero no Brasil de um total de 600 mil casos nos vários tipos de câncer no País. Isso corresponde a 7,5% do total de cânceres de mulheres. No mundo, deverão ser registrados  604 mil novos casos de câncer de colo de útero em 185 países pesquisados. Neste contexto, a Região Norte do Brasil é uma das áreas de maior incidência da doença no  planeta. “Então, o Pará é uma das maiores incidências desse tipo de câncer, comparado somente à África Subsariana”, destaca o médico oncologista Luís Eduardo Werneck. 

Ele repassa que o Pará deverá ter 1.080 novos casos da doença este ano, com uma taxa de 22 casos para 100 mil habitantes contra 20,56 de mama. Em São Paulo, a taxa é de 5,90,  ou seja, cinco vezes menor que a do estado. O HPV é uma porta de entrada para a doença; daí a importância da vacinação , como assinala Werneck, como parte da campanha Janeiro Verde.

Luis Eduardo Werneck é vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC) e integrante do Oncológica do Brasil. Ele informa que  a incidência da doença na Região Norte do País é uma das mais altas do mundo, assinalando que é o único lugar no Planeta em que se vai ter este ano mais casos de câncer de colo de útero do que casos de câncer de mama em mulheres, com destaque para o Pará com a maior população da região. O câncer, como chama a atenção, é uma doença ambiental e comportamental, ou seja, ambiente e comportamento levam a essa enfermidade. “As pessoas na Região Norte procuram menos o serviço de saúde do que as pessoas em centros mais avançados. As pessoas no Sudeste fazem prevenção, vão ao médico para obter avaliação, ao passo que aqui a pessoa só vai ao médico quando está doente”, ressalta. Uma questão cultural que precisa ser mudada, como pontua. A rede de atendimento no Pará mostra-se estruturada, mas falta as pessoas utilizarem os serviços.

Outro fator para a alta ocorrência de câncer de colo de útero na região é que existem menos médicos disponíveis; há menos serviços médicos e a concentração dos profissionais médicos especialistas está no Sudeste e Sul do Brasil. Funcionam também como fator para a doença as distâncias continentais - em viagens de barco, por exemplo, para se chegar ao local de atendimento. Ainda que o Governo venha fazendo a regionalização dos serviços, como se trata de uma questão cultural, ainda vai demorar um pouco para se ter um novo quadro, para as pessoas fazerem o exame preventivo.

Uma questão também central é que o exame preventivo necessita ser feito corretamente e avaliado para se ter o diagnóstico precoce da doença.  De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), em 2021, o Pará teve 201 óbitos de mulheres após desenvolverem câncer do colo do útero (ou cervical). Em 2020, foram 324 óbitos.

image Câncer de colo de útero vitimou 201 mulheres no Pará em 2021
Estado tem baixa cobertura vacinal contra o HPV. Imunizante pode prevenir esse tipo de câncer em até 90%

Como fator de risco está a infecção por HPV. “As nossas meninas iniciam a atividade sexual com 9, 10, 11 anos. No Sul e Sudeste, começam com 17. Nada tão definitivo, mas há uma cultura de que a atividade sexual na Região Norte é mais precoce. Na primeira relação sexual, a pessoa já é contaminada pelo HPV, especialmente as cepas 16 e 18 , as mais cancerígenas. Além disso, quando ela faz a primeira relação sexual, ela não tomou a vacina, mas a vacina está disponível no SUS”, ressalta o médico. Ele lembra que no começo da vacinação, algumas pessoas falavam que o imunizante causava o câncer. Existe, então, uma campanha do Governo Federal e da Sociedade Brasileira de Cancerologia para vacinar, gratuitamente, as meninas em idade escolar, sendo 9 anos para as meninas e 11 anos para os meninos. Atividade sexual precoce e multiplicidade de filhos e de parceiros são fatores de risco para a doença.

O diagnóstico tardio desse tipo de câncer contribui para a mortalidade em 60% dos casos no Pará. Não se deve aguardar pelos sintomas/sinais da doença para se cuidar, mas sim fazer o preventivo regularmente. Os sintomas abrangem dor no ventre, abaixo do umbigo, e sangramento fora do período menstrual. Pode também causar dor durante o ato sexual, ainda que possa ser confundida com outros fatores. “O HPV é o principal fator envolvido na carcinogenese; ele vai criando uma inflamação crônica, pelo vírus, naquele tecido do colo do útero e isso vai gerar, em alguns anos, um câncer”, salienta Werneck. Ele enfatiza que tomar vacina contra o HPV é prevenção e o diagnóstico precoce é  é acompanhamento. “Todo ano, mulheres acima de 25 anos devem fazer o preventivo”, finaliza. 

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