Combate ao Câncer - Campanha enfatiza o autocuidado
SAÚDE -Busca pelo diagnóstico precoce deve ocorrer mesmo em meio à pandemia, bem como tratamentos já iniciados precisam ter continuidade
Nesta quinta-feira (4) é o Dia Mundial de Combate ao Câncer. E, no Brasil, dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevêem que a cada ano do triênio 2020-2022 deve registrar 625 mil novos casos de câncer. Se desconsiderados os casos de câncer de pele não melanoma, serão 450 mil novos registros da doença para cada ano neste intervalo.
No Pará, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), de acordo com o Painel de Oncologia, foram registrados 5.264 óbitos por câncer em 2019 e 4.273 mortes por câncer em 2020.
Ainda em 2019 foram diagnosticados e tratados 6.170 novos casos de câncer. Os cinco mais frequentes foram de mama, colo de útero, próstata, estômago e neoplasia de encéfalo e sistema nervoso central.
Também no Estado, em 2020, foram diagnosticados e tratados 3.154 casos novos de câncer. Os cinco mais frequentes foram de mama, colo de útero, neoplasia de encéfalo e sistema nervoso central, neoplasia de cavidade oral e neoplasia de comportamento incerto ou desconhecido.
Em 2015, a administradora Josiane Damasceno, 49 anos, foi diagnosticada com câncer de mama HER2+ (um dos mais raros), tratou e comemorou a “cura”. Porém, um ano mais tarde, ela descobriu que estava, mais uma vez, doente. Desde então, segue o tratamento do câncer para manter a qualidade de vida.
“Faço quimioterapia a cada 21 dias e farei sempre. Os tumores estão estáveis. Meu tratamento não é curativo, é paliativo. Não posso parar as quimioterapias que faço desde 2016, sem parar. E com a qualidade de vida que tenho jamais direi que não venço o câncer todos os dias”, afirma Josiane.
Cuidados na pandemia
Neste Dia Mundial de Combate ao Câncer, que ocorre em meio à pandemia da covid-19, o médico cirurgião Celso Fukuda aproveita para reforçar as orientações de cuidados e tratamento à população.
Mesmo quem tem covid tem que continuar pensando que deve se autocuidar, para não aumentar o risco de câncer ou fazer o rastreamento para tratamento precoce de câncer, com cautela e se locomover com cuidado. Caso seja diagnosticado com câncer, tem que continuar o tratamento e não esperar a covid passar, porque não sabemos quando a pandemia termina. O paciente vai correr um pouco de risco, mas não pode parar de tratar a doença. A recomendação é se autocuidar, usar máscara, álcool em gel, lavar sempre as mãos, evitar aglomerações e outros”, ressalta.
Fukuda é especialista em Oncologia Ginecológica e atua no Hospital Ofir Loyola - voltado 100% ao Sistema Único de Saúde (SUS) e referência no Pará em casos de câncer invasor. De forma geral, ele explica sobre a doença.
"O câncer é a mutação genética de uma célula em que ela cresce desordenadamente e leva a um foco à distância, um foco de metástase. A doença tem várias influências como a idade, com o envelhecimento da célula, hereditariedade, fatores ambientais ou substâncias que a pessoa entre em contato e em decorrência do estilo de vida que a pessoa leva", esclarece o médico.
Um terço de todos os casos de câncer é evitável
Ele destaca que, embora a incidência de novos casos de câncer seja alta, estudos mostram que cerca de um terço de todos os casos de câncer é evitável e o estilo de vida saudável diminui alguns tipos de câncer.
"Tudo o que você pensa que é bom para o seu coração é bom para o seu corpo: sair do sedentarismo, comer mais frutas e verduras e evitar gordura e carne vermelha. Isso por si só vale para os outros cânceres que têm influência da dieta e do sedentarismo. Mesmo na pandemia da covid-19, é possível manter boa alimentação e fazer algumas atividades físicas, como bicicleta, ergométrica e outras. Isso dá para fazer em casa e já ajuda a combater e diminuir os riscos de câncer", frisa Fukuda.
Ele detalha que o fumo é predisponente para o câncer de laringe, pulmão e colo de útero. O sedentarismo aumenta o câncer de próstata, endométrio e mama. Comida rica em gordura aumenta o de intestino, mama e endométrio. Alimentos ricos em fibras, frutas e verduras naturais diminuem câncer de intestino, endométrio e mama.
Na visão dele, a estratégia para ajudar na diminuição dos casos na região Norte/Amazônica, da qual o Pará faz parte, precisa se voltar, principalmente, à busca ativa dos pacientes. “A estratégia deve ser mais específica para o regional. Nos casos de câncer de colo de útero, por exemplo, tem que ser mista, ou seja, deixar a paciente procurar os espaços de saúde e a gente procurar as pacientes nas casas delas, aquelas que não colhem há mais de dez anos o preventivo”, opina o médico.
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