Saiba como diferentes religiões celebram o Natal

Religiosos e cidadãos em geral respeitam o nascimento de Jesus, ainda que com visões diferentes para cada crença

Eduardo Rocha / O Liberal
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Por sua história de amor pela Humanidade, Jesus tem seu nascimento lembrado por pessoas de diferentes credos no mundo. Quem é cristão em geral se reúne em celebrações, e quem não é, tem seu modo pessoal de respeitar o Natal como um momento de confraternização entre os cidadãos. Desse modo, a solidariedade e a esperança em um mundo mais fraterno ganham asas na noite do dia 24  e no dia 25 de dezembro, confirmando a mensagem do Cristo. Isso pode ser observado nas expressões de umbandistas, judeus, espíritas e budistas, por exemplo, considerando a singularidade de cada religião.

Na religião afro-brasileira da Umbanda, a data reforça a intenção dos umbandistas em trabalhar valores nos seres humanos por um mundo mais fraterno, como destaca Mãe Inêz Rodrigues, zeladora da Seara de Umbanda Mamãe Oxum, no bairro do Icuí-Guajará, em Ananindeua. Nesse espaço, são prestadas homenagens a Jesus. "Para nós, é uma alegria. Alguns terreiros batem seus atabaques do dia 24 para o dia 25; outros fecham suas giras (espaços de atendimento ao público) até passar o Natal e o Ano Novo, em homenagem a Oxalá ou Zambi (Jesus), no sincretismo religioso", destaca Mãe Inêz.

A imagem de Jesus permanece nos espaços umbandistas. A relação entre os santos da Igreja Católica e os orixás da cultura africana converge desde a chegada dos cidadãos negros da África ao Brasil. "Os negros chegaram e se esconderam nos santos católicos para poderem manter a sua religião", observa Mãe Inêz. "Esta é a nossa história; isso não pode ser esquecido", acrescenta.

Confraternização das matrizes africanas traz sincretismo

Para os dias de festa, os terreiros são organizados e defumados. São acesos os pontos de firmação ou pontos riscados (pontos definidos das entidades em pedra de mármore na casa, entidades que regem a Casa). São feitas orações e a Seara e a casa de Mãe Inêz são decoradas com motivos natalinos. Os médiuns se reuniram para cear no dia 23, na Seara. Para esta mesma data, foi programada a distribuição de cestas básicas e sopa a famílias de baixa renda. No dia 24, cada família fez a sua programação natalina na própria casa. No dia 25, Dia de Natal, será realizado um almoço de confraternização, na Seara, contando com a participação de alguns caboclos.

“Nós cultuamos e cremos em Jesus Cristo, e na Umbanda ele é sincretizado como o orixá Oxalá ou Zambi”, ressalta Mâe Inêz. "Portanto, nós comemoramos o Natal de forma livre, já que a nossa religião permite ao seu devoto, religioso esse livre-arbítrio. Nos nossos ensinamentos, nós elevamos a humildade, a gratidão, a fraternidade, a união, o amor, todos sentimentos verdadeiros que nós externamos perante os nossos devotos, os nossos irmãos de fé, os nossos médiuns, os nossos cambonos, nossos consulentes, pois o nosso objetivo é despertar a paz entre todos os povos e a alegria com as nossas reuniões de confraternização, com a ceia com os familiares e aquele abraço gostoso das nossas entidades", ressalta.

Ao longo do ano, os umbandistas atuam para que esses sentimentos e esse equilíbrio possam continuar sempre nas orações, nas manifestações e atitudes, para não ficar somente nas palavras. "Os nossos pedidos são voltados a Jesus em todos esses sentidos, e sempre com a mente, o olhar e o coração voltados para a saúde da Humanidade", enfatiza Mãe Inêz. 

Admiração: judeus não celebram o Natal como outras religiões

O Natal não é comemorado pelos judeus. Mas, o respeito para com os cristãos permanece e vice-versa. A professora de dança Ana Unger, judia, destaca: Nós, judeus, não  temos o Natal, mas temos uma festa que sempre ocorre próximo  ao Natal, que  é a Festa das Luzes "Hanukah", onde acendemos velas durante 8 dias e nos reunimos sempre com alegria”, ressalta.

Ana Unger externa o respeito pela festa natalina. “Admiramos o Natal, pelas mensagens de paz, amor e caridade. Pois as bases do judaísmo são amar e ajudar ao próximo e, sempre que pudermos, participar da ajuda às  pessoas  mais carentes. Tudo isso demonstrando alegria e agradecimentos ao Eterno, Supremo Criador do Universo”, complementa.

image Heitor Lacerda, da União Espírita Paraense, observa que quem segue a doutrina não tem rituais específicos e é livre para celebrar como quiser. Mas a data costuma ser de meditação. (Igor Mota / O Liberal)

Doutrina Espírita tem dia de meditação

Heitor Lacerda, 1º vice-presidente da União Espírita Paraense (UEP), destaca que o Natal serve para que se possa expressar a gratidão por Jesus “por nos desvelar a nossa condição de verdadeiros filhos da luz, herdeiros do Pai Celestial, por meio da revelação de nossa essência espiritual e do determinismo divino que nos destina à suprema felicidade, assim como, momento propício à meditação sobre como aplicar os Seus ensinos na própria existência, a fim de alcançarmos a plenitude e a paz interior”.

As celebrações de Natal funcionam como “exercício anual de como deveria ser a nossa atitude durante todos os dias do ano”, frisa Heitor. “Os Benfeitores Espirituais, por meio da abençoada mediunidade de seareiros comprometidos com Jesus, revelam que a Terra se ilumina nesse período, proporcionando aos seus habitantes um clima espiritual saudável, leve, estimulador aos homens de boa vontade de bons propósitos de crescimento interior”. “Nesse momento, os canhões silenciam de algum modo, possibilitando um estado vibracional positivo e, inclusive, esse clima benéfico é observado por civilizações espirituais de outros orbes vizinhos, que se regozijam por esses momentos, enquanto rogam ao Criador que a paz seja disseminada em todo o planeta, permanentemente”, assinala  o dirigente espírita.

Esta época é bastante propícia para a prática da fraternidade legítima e para o exercício do perdão, estimulando atitudes de reconciliação entre aqueles que se machucaram de algum modo anteriormente, como salienta Heitor. “Nessa oportunidade, a solidariedade recebe impulso positivo, levando a esperança e a paz para muitas famílias em desespero, não só pela falta de pão, como de colo, carinho e atenção”.

No Movimento Espírita, não há rituais, e desse modo cada família celebra o Natal dentro de suas tradições familiares. No entanto, o tema natalino é abordado em palestras e eventos em geral nas casas espíritas. “E não só em dezembro. Jesus é nosso modelo e guia, devendo ser estudadas as suas lições para as aplicar em todos os dias de nossa vida”, pontua Heitor. Cada casa ou família espírita possui sua própria programação de Natal. Como pedido de Natal, Heitor Lacerda destaca: “Que Jesus e os Guias da humanidade me auxiliem a melhor compreender e interiorizar os ensinos de Jesus para que possa alcançar o objetivo de sair desta existência melhor do que quando nela entrei”.

Confraternização ecumênica no budismo

Há nove anos budista, a psicóloga Ellen Torres, 30 anos, possui uma relação especial com o Natal. Ela conta que pertence à vertente Shinnyo-en e comemora o Natal com a família. “Eu faço a minha oração e tenho a confraternização com a minha família católica. Agradecemos pelo alimento, outros itens fundamentais na nossa vida e a paz de Jesus”, revela. 

"O Natal vem relembrar coisas que devemos praticar, como perdoar, nos lapidarmos como pessoas, enfim, praticar o amor; a mensagem de Jesus, Buda e outros líderes religiosos é neste sentido de amar, respeitar e cuidar do próximo”, arremata Ellen.

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