Marajó: combate à violência sexual contra crianças e adolescentes demanda urgência, diz NCPI

Impactos na vida de pessoas abrangem baixa autoestima, insegurança, medo, ansiedade e depressão

Eduardo Rocha
fonte

Na avaliação de Maria Thereza de Souza, professora titular de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade na Universidade de São Paulo (USP) e membro do Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI), ao ser contatada pela Reportagem Integrada do Grupo Liberal, nesta quinta-feira (22), acerca do problema da violência sexual contra crianças e adolescentes no Arquipélago do Marajó (PA), trata-se de "um problema estrutural e social que demanda urgência". "Como estudiosa do desenvolvimento humano, a maior indignação e tristeza se devem à percepção de que a violência psicológica, e nesse caso, também a violência sexual, traz como graves consequências um impacto para toda a trajetória social de um individuo que, se não fosse esta situação de extremo abandono, poderia desenvolver condições para viver e lidar com os desafios da vida, com mais força e resiliência. E portanto com mais qualidade. Qualquer violência rompe os limites entre o desenvolvimento saudável e o não saudável", enfatiza.

O NCPI foi criado em 2011 e é uma coalizão que tem por objetivo produzir e disseminar conhecimento científico sobre o desenvolvimento da Primeira Infância para promover e qualificar programas e políticas públicas para crianças brasileiras em situação de vulnerabilidade social. O NCPI é composto, atualmente, por cinco organizações: Fundação Van Leer, David Rockefeller Center for Latin American Studies, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Insper e Porticus América Latina.

Impactos

Acerca dos impactos da violência sexual na vida de crianças e adolescentes no Marajó, a pesquisadora disse que "todo impacto emocional que invade as fronteiras psicológicas de uma criança no sentido de romper seus limites da mente e, nesse caso também do corpo, causa consequências não somente na infância, mas ao longo da vida". 

Maria Thereza pontua que as principais consequências são "baixa auto-estima, uma vez que seu ser foi usado sem sua permissão gerando um sentimento de menos valor; insegurança, por não poder conter a ação de outros sobre ela; medo por ser invadida psicologicamente e/ou fisicamente, além de distúrbios de ansiedade e depressão". "Tudo isso precisará de intervenções adequadas do ponto de vista de saúde mental e saúde fisica", completa.  

O enfrentamento desse tipo de situação, inclusive, com a redução de casos na região, envolve, as propostas de acolhimento e atendimento social propiciado por politicas públicas e de assistência social, o que é a base necessária para a mudança desse panorama. "Há iniciativas que ocorrem há tempos em centros de atendimento de saúde mental a crianças e adolescentes no sentido de identificar as causas, contextos e consequências da violência sexual (âmbito familiar principalmente) e que tem como principal objetivo fortalecer a auto-estima dessas crianças e adolescentes para que recuperem suas fronteiras psicológicas e fisicas e possam ser também atendidas quanto a sintomas de ansiedade, medo e depressão", finaliza a pesquisadora do NCPI.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Pará
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM PARÁ

MAIS LIDAS EM PARÁ