'Mãos que Criam': Projeto ajuda e qualifica artesãos de comunidades de Castanhal

O projeto dá oportunidade aos artesãos de divulgar os seus trabalhos e de buscar a qualificação

Patrícia Baía
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Um projeto que dá oportunidade aos artesãos de divulgar os seus trabalhos e de buscar a qualificação. É o projeto “Mãos que Criam” da prefeitura de Castanhal vinculado à Secretaria de Indústria e Comércio (Semics).

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“Damos apoio dentro da secretaria a quem quer sair da informalidade, se qualificar, ter oportunidade de divulgação do seu trabalho e ter resultado. Esse é o principal objetivo do projeto. Temos na secretaria a sala do empreendedor, do Sebrae que é um grande parceiro nosso. A gente se preocupa que os artesãos estejam formalizados para que possam ter muito mais vantagens e dessa forma tirá-los da informalidade e colocá-los no mercado”, explicou a Secretária de Indústria e Comércio, Ester Puqueira.

Já são mais de 30 artesãos vinculados ao Mãos que Criam. E de acordo com a coordenadora do projeto, klícia Corrêa, para participar do  Mãos que Criam é necessário que o interessado leve uma mostra do seu produto até a Semics para que a coordenação do projeto faça uma avaliação. “Então vamos ver se o produto cabe no seguimento artesanal ou manual e se ainda não estiver formalizado, vamos encaminhar para que se torne um Mei (Micro Empreendedor Individual) e também vamos ajudar o artesão a tirar a carteirinha nacional do artesão”, explicou a coordenadora.

image Produtos estarão à venda e exposição na Expofac 2022 (Ivaldo Miranda/ Especial para O Liberal)

O projeto iniciou em 2013, apenas com as associações, mas a secretaria percebeu que muitos outros artesãos que não queriam participar de associações ficavam de fora das programações como as feiras, onde os trabalhos ganham reconhecimento e notoriedade. “A partir de então começamos a trabalhar desta forma e sempre buscando a valorização do artesão e o inserindo em todas as programações de feiras, festas e o Meu Querido Natal, da prefeitura de Castanhal. Ano passado levamos alguns deles com seus produtos para a feira do Círio em Belém e esse ano para expor em uma feira de verão em Salinas”, contou a secretária Ester Puqueira.

A próxima agenda dos artesão será a Expofac – Feira Agropecuária de Castanhal.

Mudança de vida

Sair da informalidade para se tornar uma empreendedora foi um grande sonho realizando na vida da dona Socorro Moraes. A ex empregada doméstica, de 60 anos, trabalhou por 23 anos em casa de família. E foi com uma ex patroa que começou a aprender a produzir algo que viria a mudar sua vida: o licor.

"Eu ficava só olhando ela fazer. Colocava as frutas de molho e ia ajudando. Depois de um tempo fiz um curso de licores que a Emater realizou aqui na agrovila Marapanim. E fui pegando gosto pelo que estava aprendendo", contou dona Socorro Moraes.

Mesmo no início da produção dos licores a dona Socorro ainda continuava trabalhando como empregada doméstica. Em 2017 entrou para o projeto Mãos que Criam. "A minha vida começou a mudar a partir daí. Eu comecei a participar das feiras e a primeira foi uma exposição no Sesc e levei 50 garrafas de licores variados e pensei que ninguém iria comprar. Eu vendi quase tudo e fiquei muito feliz e comecei a mudar meu pensamento", disse dona Socorro Moraes.

No ano passado a força de vontade superou o medo e dona Socorro decidiu encerra os trabalhos como doméstica para ser empreendedora. "Eu era doméstica e ganhava uma micharia, mas agora com a venda dos meus licores eu ganho muito mais e nunca fico sem dinheiro, porque sempre tem alguém encomendando. Minha primeira grande venda foi no Meu Querido Natal do ano passando, quando faturei 1800 reais na exposição da praça do Estrela", contou a empreendedora.

E dona Socorro produz licores de jenipapo, cedro, taperebá, carambola, coco, chocolate e os queridinhos de jambu, jambu com canela e de vick (uma folha mentolada).

"Recebo muitas encomendas. Algumas delas já foram para Itália e Japão", contou do Socorro Moraes.

A empreendedora busca melhorar e aprimorar seu produto. A apresentação das embalagens dos licores é diferenciada. "Eu pesquisei muito e também sempre observo as coisas. E foi assim que eu mesma criei a decoração das minhas garrafas. Eu tinha visto parecido em uma exposição e participei e decidi que faria melhor", disse.

A decoração das garrafas, as sacolas, etiquetas e a logo marca foram todos criados com muito amor pela dona Socorro. E a determinação e força de vontade não pararam por aí. Faltava o estudo. "Estou no segundo semestre do EJA. Eu comecei do zero. Estou aprendendo a ler e a escrever direito. Quero aprender a conversar e a atender direito os meus clientes e fazer bonito nas feiras e eventos que participo. A mulher que sou hoje é fruto do projeto Mãos que Criam. Foi lá que aprendi que tenho valor", contou dona Socorro.

De mãe pra filha

A gestora comercial Dilva Monteiro do Amaral, de 33 anos, é apaixonada por vendas desde os 9 anos de idade. Já na escola vendia shop, missangas e também fazia os trabalhos dos colgas e cobrava por isso. Mas o artesanato só entrou na sua vida após a morte da mãe em julho de 2016. “Dois meses depois eu consegui mexer nas coisas dela e peguei a caixa de costura e comecei a pesquisar na internet o que eu poderia fazer com aquelas linhas além de costura. E foi aí que ei descobri o string art que é a arte com linhas”, contou.

A string art é a técnica artesanal que utiliza linhas e pregos para criar diferentes imagens. Palavras, frases, corações, animais, folhas, flores, desenhos animais e personagens famosos são alguns dos exemplos que podem ser criados com essa arte. “Passei a ver vídeos e em três meses eu já estava aceitando encomendas. E até hoje utilizo as linhas, o martelinho e os pregos que eram da minha mãe que não teve a chance de conhecer o string art e se tivesse iria gostar e iria fazer também. Ela era auto de data assim como eu também sou um pouco. Essa arte é terapêutica e satisfatória para mim”, disse a empreendedora.

Dilva também faz parte do projeto Mãos que Criam e seus trabalhos ganharam bastante reconhecimento em Castanhal após a participação da artesã em feiras e ventos locais e de outros municípios. “Tenho um cliente que conheceu meu trabalho na feirinha da praça do Estrela e ele perguntou se eu conseguiria fazer a logo marca da empresa dele em um quadro bem grande e eu fiz. Depois ele encomendou um outro trabalho para presentear o cantor de piseiro João Gomes. Os Barões da Pisadinha também já receberam o meu trabalho”, disse.

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