Mãe de vítima de acidente aéreo dá exemplo de solidariedade

Rita de Cássia emocionou participantes do Encontro #DoeCornea, promovido pelo Banco de Olhos do Hospital Ophir Loyola

Leila Cruz, Agência Pará
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No último dia 13 de fevereiro, a família de Rita de Cássia, moradora do município de Barcarena, se preparava para almoçar quando os jornais locais noticiaram a queda de um avião de pequeno porte no bairro do Bengui, em Belém. Até então, para ela era mais uma tragédia sem impactos na sua família, já que o filho Lucas Ernesto Santos, piloto comercial, não teria voo naquele dia. O susto foi grande quando o nome do filho foi anunciado entre as vítimas fatais do acidente.

Na última quinta-feira (11), Rita de Cássia emocionou a todos os participantes do Encontro #DoeCornea, promovido pelo Banco de Olhos do Hospital Ophir Loyola, no auditório do Centro de Perícias Renato Chaves. Ela se considerava uma pessoa egoísta em relação à doação, dizia que nunca iria doar e que esperava que ninguém da família doasse. Mas a dor mudou essa percepção.

“Ninguém imagina que um filho de 24 anos vai morrer. Depois dessa perda, não hesitei. Decidi pela doação para que outras famílias fossem abençoadas. Pensava que era apenas uma pessoa que recebia a córnea, mas fiquei surpresa ao saber que duas pessoas são beneficiadas. Hoje mudei meu conceito. Decidi trabalhar na causa que deve ser divulgada, para que a população seja conscientizada sobre a importância da doação”, ressaltou Rita de Cássia.

Mais de 900 pessoas estão na fila de espera por um transplante de córnea no Pará. A necessidade de mudar essa realidade levou o Banco de Olhos a realizar um trabalho que resultou na melhoria do fluxo de captação interna no Hospital. Firmou-se, ainda, uma parceria com o Instituto Médico-Legal para incentivar a doação de tecidos oculares naquela instituição, uma extensão do serviço do HOL dentro do IML. Os resultados foram mostrados durante o encontro: essas ações são responsáveis por 81,57% das doações de córnea no Pará.  

O diretor-geral do Hospital Ophir Loyola, José Roberto Lobato, acredita que muitas barreiras ainda precisam ser derrubadas, devido ao baixo índice de conscientização da população paraense em relação aos procedimentos envolvidos na captação. “A abordagem ocorre num momento de tristeza, para falar sobre a existência do Serviço e a possibilidade de fazer a doação. Por isso, estamos aqui para incentivar este ato de solidariedade, mostrar os resultados obtidos e celebrar todos os profissionais envolvidos na causa”, ressaltou.

A coordenadora do Banco de Olhos, Natércia Pinto Jeha, afirmou que a legislação brasileira é enfática: a doação só ocorre com autorização da família, mesmo se a pessoa mostrar interesse de doar em vida. “O número de doações no IML está sendo expressivo, pois temos acesso a ‘pacientes jovens’, que dificilmente tiveram algum problema de saúde e, infelizmente, a gente tem um número grande de óbitos por acidente, morte violenta. Isso favorece a doação, por estarmos com equipe do HOL dentro do Instituto para fazer a abordagem das famílias”, explicou.

Esperança - A parceria com o IML tem o objetivo de incentivar a doação dos tecidos oculares. A equipe do Hospital é capacitada para atuar dentro do Instituto, sobretudo no acolhimento aos familiares no momento da perda. “Quem volta a enxergar, volta a ver o mundo. Portanto, estamos tentando mudar essa relação com a finitude, e passamos a oferecer esperança, vida. O Centro de Perícias Renato Chaves está de portas abertas para o Banco de Olhos, para que juntos possamos ajudar a quem tanto precisa”, afirmou o diretor-geral do Centro de Perícias, Celso Mascarenhas.

Durante a programação, a mesa oficial foi formada pelo diretor-geral do HOL, José Roberto Lobato; por Natércia Jeha; Celso Mascarenhas; pelo corregedor do Tribunal de Contas dos Municípios, Sebastião Cezar Colares; pelo deputado estadual Galileu Moraes; o diretor clínico do HOL, Joel Monteiro de Jesus, e pelo diretor do IML, Hinton Cardoso Junior.

Incentivo - As artistas paraenses Dira Paes e Fafá de Belém, além do lutador de MMA Lyoto Machida e dos jogadores de futebol Yago Pikachu e Vinícius Ribeiro, goleiro do Clube do Remo, gravaram vídeos de incentivo à doação de córnea – o tecido transparente localizado na frente do olho.

Qualquer pessoa, na faixa etária entre dois e 70 anos de idade, pode doar as córneas. Há critérios específicos de exclusão, como pacientes portadores de HIV e dos vírus de hepatites B e C.

Os tecidos oculares têm um prazo máximo de aproveitamento de 14 dias. A autorização da retirada dos tecidos cabe aos familiares, até seis horas após o óbito. Na ausência dos parentes de primeiro grau, os de segundo grau podem autorizar a doação. Duas pessoas são beneficiadas com uma doação. Para fazer a doação, entre em contato com Banco de Olhos pelos fones (91) 3265-6759 e (91) 98886-8159.

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