Ícone de Barcarena, Waldo Possa está prestes a completar 35 anos de carreira

Com uma trajetória cheia de vivência e de histórias para contar no universo da música, o artista Waldo Possa, de Vila dos Cabanos, é um arquivo vivo da cultura não só de Barcarena, mas também de várias regiões do Estado, por onde passou levando música e arte. Dono dos hits "Dança terurê" e "Vem que é legal", ele conta um pouco do que vem colecionando durante os 34 anos de carreira.

Waldo nasceu em um ambiente musical, seu pai, o Dirceu Ribeiro, mais conhecido como "Babaçu", era percussionista e tinha a própria banda, que se chamava "Os Ouriçados", por muito tempo foi uma das principais bandas de Barcarena.

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E diante de toda essa atmosfera, Waldo diz que foi inevitável não seguir o mesmo caminho. "Eu comecei tocando com meu pai, comecei com a percussão e depois fui aprendendo violão e até chegar no vocal. Aos 20 anos comecei nesse mundo da música de forma profissional", destaca o artista.

A primeira banda de Waldo foi "Pôr do sol", banda baile criada em 1991. Depois ele se mudou para o município de Cametá, nordeste paraense, onde fez parte da banda "Camutás", pertencente à família do mestre Cupijó. Em Cametá, ele passou três anos aprendendo e vivendo novas experiências.

Outro marco na vida do artista foi em 1998, quando ele compôs a música "Vem que é legal", obra importante para a região de Barcarena, que já virou hino da cidade. "Essa música é muito importante para todos nós, ela é considerada o tema da cidade, ela sempre toca nos festivais da cidade, nos eventos folclóricos e entre outros eventos importantes’ ‘pontua a artista.

Resposta em bom “Terurê”

Em 2001, o artista fez a composição "Dança terurê" uma resposta à música "Gererê", conhecida na voz de Nelsinho Rodrigues. "Essa música ficou por muito tempo na voz de Robson Gomes, apenas em 2010 eu gravei e fiz a minha versão", explica Waldo.

Entre caminhadas e partidas, o artista diz que passou por muitas vivências importantes nessa trajetória na música. Atualmente, ele se divide entre o trabalho autoral, as apresentações em bares e restaurantes e também com as festas com bandas bailes.

Ainda este mês, ele está indo para Fortaleza, onde vai se apresentar. Em meio ao isolamento da pandemia do novo coronavírus, o artista aproveitou o momento para compor. "Nesse período eu lancei oito músicas que se dividem entre músicas regionais e românticas. Algumas delas coloquei as levadas do brega e gostei bastante do resultado", comemora o músico.

O artista teve influência direta dos mestres Vieira e Cupijó

Além de já ter nascido em um ambiente totalmente musical, Waldo Possa ainda teve o privilégio de conviver diretamente com grandes mestres da música. Waldo morava ao lado da casa de mestre Vieira, em Barcarena, e mantia um contato íntimo com esse ícone e pioneiro da guitarrada do Pará.

Mestre Vieira foi ilustre vizinho e inspiração para Waldo Possa (Divulgação/ Luciana Medeiros)

Outro motivo de honra para Waldo foi a convivência ao lado do mestre Cupijó, que foi adquirida no tempo em que morou no município de Cametá. “Lá eu fiz parte da banda dele e da família dele, onde aprendi muito também. Tivemos uma relação muito boa e construtiva”, recorda o artista.

Waldo diz o que os mestres têm em comum, a solidariedade e a vontade de deixar o legado. “Por isso eles são mestres, pois são pessoas que tinham amor pelo que faziam e tinham facilidade em passar conhecimento, eles amavam ensinar e isso tornou eles esses seres importantes para a nossa cultura. Eu tive muita sorte de ter convivido com esses dois artistas”, reforça Waldo.

Mestre Cupijó é de uma geração de músicos que ousaram transformar ritmos populares do interior em sucesso (Divulgação)

Memória da música

Mestre Vieira, Joaquim de Lima Vieira, morreu em fevereiro de 2018 e, foi um músico e instrumentista brasileiro, criador da guitarrada. Este estilo tem como marco o disco Lambadas das Quebradas lançado pelo guitarrista em 1978, e foi apresentado, nos anos 90, às novas gerações pelos grupos Cravo Carbono e Calypso.

Joaquim Maria Dias de Castro, mais conhecido como mestre Cupijó foi um vereador, advogado, músico e compositor brasileiro, de música instrumental do estilo folclórica Siriá.

Cupijó faz parte de uma geração de músicos que ousaram transformar os ritmos populares do interior do estado paraense em sucessos radiofônicos, com a inserção de elementos inovadores. O mestre modernizou o ritmo folclórico paraense Siriá e, o tornou conhecido a nível nacional.