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'Foi respeitada a autonomia universitária', declara Emmanuel Tourinho após nomeação como reitor

Reitoria da Universidade Federal do Pará (UFPA) estava indefinida desde o último 24 de setembro; Decisão de Jair Bolsonaro foi publicada esta terça-feira (13)

Ana Carolina Matos

Após ser reconduzido ao cargo de reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), o professor Emmanuel Zagury Tourinho concedeu uma entrevista coletiva onde falou sobre o imbróglio que mobilizou toda a comunidade acadêmica. A conversa ocorreu na tarde desta quarta-feira (14), no prédio da reitoria, no bairro do Guamá, em Belém. A decisão, assinada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, foi publicada pelo Ministério da Educação (MEC) em edição do Diário Oficial da União (DOU) da última terça-feira, dia 13. 

De acordo com Tourinho, a decisão de manter o nome mais votado da lista tríplice, sugerida pela Universidade, garantiu que a UFPA mantivesse a autonomia em relação às decisões internas. "Para nossa alegria, foi nomeado não só um dos três, como aquele que foi escolhido pela comunidade. A sociedade estava toda mobilizada e foi um assunto que transbordou da universidade para outros ambientes da sociedade. Agora por que as pessoas tinham uma preocupação? Por duas razões: pela demora na nomeação e porque houve a nomeação de outros reitores pro-tempore (temporários) em outros lugares", enfatiza.

Diversos movimentos e órgãos manifestaram reprovação e agiram em meio à indefinição. Entre eles a Seccional Pará da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA) que divulgou nota de repúdio e o Ministério Público Federal (MPF) do Pará que entrou com um pedido provisório para que a União Federal, ou seja, Bolsonaro, fosse impedido de nomear nomes para os cargos de reitor e vice-reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA) de fora da lista tríplice. 

Somado a isso, a Associação de Docentes da Universidade Federal do Pará (Adufpa) também decidiu paralisar as atividades de ensino remoto na instituição, no último dia 7, como forma de protesto em relação ao indefinição da nomeação.

O professor reitera que a indicação de um reitor universitário, que não dialogue com a comunidade acadêmica, teria efeitos nocivos em toda a instituição. "O problema maior é nomear um pro-tempore, porque seria alguém alheio ao debate institucional. A autonomia universitária é quase um pleonasmo. É difícil pensar em universidade sem autonomia. A universidade é uma instituição que tem na sua vocação a inovação do pensamento, do conhecimento, da arte... Tudo isso depende de liberdade e de um ambiente que seja regulado por regras definidas pela própria comunidade (...). Se um reitor não tem respeito intelectual de ninguém ele não tem a capacidade de gerir a universidade", ressalta.

Para ele, a nomeação garante que a comunidade acadêmica se dedique à produção de conhecimento de modo tranquilo. "Temos agora um sentimento de que esse esforço coletivo da instituição foi muito importante. A universidade é uma instituição plural, mas que esteve unida nesse processo. Todos deixaram as pequenas diferenças de lado para lutar por algo que entendemos que era o mais importante: garantir a autonomia universitária para que tenhamos a tranquilidade de continuar o nosso trabalho", conclui.

Pará