Eventos on-line da UFPA são invadidos por hackers com pornografia e apoio ao presidente; veja

De acordo com a Adufpa, só nos últimos dois meses, cinco programações foram invadidas

Redação Integrada, com informações da assessoria da Adufpa

Nos últimos dois meses, pelo menos cinco eventos acadêmicos virtuais da Universidade Federal do Pará (UFPA) foram encerrados após ataques de hackers, que compartilham imagens pornográficas e xingamentos nas transmissões. Segundo a Associação dos Docentes da UFPA (Adufpa), os invasores se apresentam como bolsonaristas, milicianos e negacionistas. Veja:

O último caso ocorreu no dia 8 de março durante um encontro virtual da Faculdade de Economia. Após uma hora de transmissão, os ataques começaram, com o compartilhamento de imagens com apelo sexual, gargalhadas e diversos outros tipos de interferência com cunho preconceituoso. Pelo menos dez pessoas invadiram a sala e o evento foi encerrado.

“Algumas características ficam evidentes nesses ataques, a misoginia, o fascismo, a milícia, o racismo, a homofobia e a violência de um modo geral”, denuncia o coordenador do Observatório Paraense do Mercado de Trabalho (Opamet), que promoveu o encontro, Josér Raimundo Trindade.

Semanas antes, uma aula do doutorado do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) precisou ser encerrada após um dos participantes, que até então se mantinha anônimo na sala, dizer frases de desqualificação do conhecimento acadêmico. 

Na Faculdade de História, eventos relacionados a discussões sobre a Ditadura Militar também foram atacados. Em 2020, a professora Edilza Fontes (UFPA) foi vítima em evento que se realizava conjuntamente com a Universidad del Valle, da Colômbia.

Em nota, a UFPA informou que “repudia veementemente os episódios de invasão de salas virtuais com transmissão de atividades acadêmicas, assim como qualquer iniciativa que desrespeite os direitos constitucionais, por meio de discursos de ódio, racistas, homofóbicos, misóginos e de incitação à violência. Os casos informados são encaminhados para apuração pelos setores competentes e estão sendo reforçadas as orientações técnicas para realização de eventos virtuais com melhores configurações de segurança nas plataformas disponibilizadas 
pela Universidade”.

A Adufpa também se manifestou por meio de sua diretoria. “Esses ataques se somam à tentativa do governo Bolsonaro em tentar cercear a liberdade de cátedra, como vimos, por exemplo, na UFPel, UFPE e na tentativa de desqualificar as vacinas contra a covid-19. São, antes de tudo, ataques à ciência e à democracia e compõem esse arsenal bélico da ultradireita fascista. Apesar disso, não nos calarão. Prestarmos solidariedade acadêmica e jurídica. Para cada evento que eles invadirem organizaremos dezenas de outros mais”, afirma o diretor geral da Adufpa, Gilberto Marques.

De acordo com a assessora jurídica da Adufpa, Ana Kelly Amorim, a partir da investigação sobre as origens dos ataques, é possível identificar e responsabilizar os envolvidos. “Se for comprovada a participação de algum membro da comunidade acadêmica, além do processo civil, o responsável pode responder processo administrativo, com penalidades que variam da advertência à expulsão, seja aluno, docente ou técnico”, explica.

Invasões cresceram na pandemia

Eventos em outras instituições ou com outros projetos também foram alvo das investidas. Essas ações aumentaram desde o início da pandemia e maior utilização das plataformas digitais para realizar debates e outras atividades. 

Um dos casos mais violentos foi durante o lançamento do livro “Comida Cabocla”, do antropólogo Miguel Picanço, ocorrido no dia 20 de fevereiro. Além dos diversos xingamentos proferidos pelos invasores, vídeos de sexo explícito e mensagens de exaltação ao presidente, com a hashtag #bolsonaro2022, obrigaram os organizadores a encerrarem o evento. 

“É um livro que aborda a comida como marcador de identidade nortista e isso incomodou essas pessoas que não reconhecem as práticas culturais. O objetivo desses ataques é desprestigiar e desqualificar toda e qualquer manifestação que não comungue com aquilo que eles acreditam”, observa o antropólogo.

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