Doação de Órgãos garante transplantes aos pacientes atendidos pela Santa Casa
O transplante de um órgão representa uma nova vida para pacientes que dependem da solidariedade da doação

Mais de mil ações relacionadas à doação, captação de órgãos e centenas de consultas pré e pós-transplante foram realizadas na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. A expansão do programa de transplante renal pediátrico e hepático adulto do hospital possibilitou a realização de 59 transplantes, sendo 39 transplantes renais pediátricos e 20 transplantes hepáticos em adultos, ampliando o acesso a esses procedimentos essenciais para pacientes em situação crítica.
As ações englobam capacitações, visitas de busca ativa, entrevistas com familiares e acompanhamento de doações, fortalecendo a rede estadual de transplantes. Rafael Garcia, médico responsável técnico pela equipe de transplante de fígado, relata que o serviço da área hepática da Santa Casa, que funciona desde 2012, atende pacientes de todo o Pará e de alguns estados vizinhos como: Amapá, Maranhão, Amazonas e Tocantins.
"Temos a única residência médica de hepato da região norte. Temos hoje formados quatro hepatologistas, que já estão fixados aqui na região. Não é alguém que vem, se forma e vai embora da região. Fomos o primeiro hospital público a realizar um transplante de fígado no Estado do Pará. Já realizamos transplantes em adolescentes e até adultos de 67 anos. Este ano realizamos quatro transplantes. No total, desde a implantação do serviço, foram 20", destaca Rafael.
Mudança na qualidade de vida
De acordo com Érica Costa de Moura, nefrologista pediátrica da Fundação Santa Casa, é importante falar sobre o transplante na vida dos pacientes. No caso do transplante renal, ocorre uma mudança importante na qualidade de vida, principalmente nas crianças, já que a terapia de substituição renal realizada pelos pequenos é a hemodiálise.
“Elas têm que vir três vezes na semana, quatro horas por sessão e isso tem um impacto direto na escola, nas brincadeiras. São crianças que não conseguem ter as suas vidas normais em suas rotinas. E com o transplante renal a gente vai possibilitar uma mudança de vida, principalmente das crianças, que vai interferir no seu crescimento, na sua retomada da qualidade de vida”, afirma a médica.
Érica destaca que só é possível conseguir o transplante com a autorização da família, por isso, é essencial comunicar aos familiares o interesse na doação. “Naquele momento difícil, de dor, a família vai poder tomar a decisão de colocar em prática a vontade daquela pessoa que era ser doadora de órgãos. Com a doação dos órgãos a gente consegue beneficiar entre oito e onze pacientes, dependendo do local (fígado, rins, córnea), a gente consegue contemplar esses pacientes", explica.
"Aqui na Santa Casa, esse ano de 2025, nós já transplantamos três pacientes, em 2024 nós transplantamos 13 pacientes ao todo. Desde a inauguração do serviço na instituição, em 2019, a gente já teve 39 crianças transplantadas. Então é importante reforçar sempre com a divulgação para podermos desmistificar esse tema transplante, para termos em mente que é necessário avisar aos nossos familiares sobre a nossa vontade de ser doador", pontua a nefrologista.
Para Norma Assunção, diretora Técnica Assistencial da Fundação Santa Casa, o trabalho relacionado aos transplantes tem uma importância fundamental também no pós-transplante. “O suporte pós-alta para esses pacientes e, ao mesmo tempo, absorver os novos pacientes no mesmo serviço é um projeto que vem dando certo, e deverá ser aplicado em outros serviços”.
Rede de doação de órgãos
O objetivo é fomentar, compartilhar e disseminar conhecimentos sobre doação de órgãos e tecidos para transplantes, além de promover encontro de profissionais e serviços envolvidos na Rede de Cuidados do Programa Estadual de Transplantes.
Para a psicóloga Patrícia Mendonça, do setor de Educação na Saúde da Central Estadual de Transplantes (CET), o programa tem avançado com muito esforço, pois ainda há um número reduzido de profissionais qualificados. Com a Lei nº 14.722 do Ministério da Saúde, que instituiu a política de conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos, é um passo importante para o crescimento.
Alfredo Abud, médico coordenador da Central Estadual de Transplantes da Sespa, reforça a importância da doação de órgãos e tecidos, com a sensibilização da população e fortalecendo a rede de transplantes. "O Pará tem aumentado o número de transplantes, e iniciativas para sensibilizar a sociedade em geral são fundamentais para manter esse avanço".
"O Pará tem dimensões continentais, e a gente tem várias realidades, desde pacientes do interior, ribeirinhos, quilombolas, e o nível cultural, muda muito. Por outro lado, a globalização, e as redes sociais ajudam. A gente sabe que isso é uma grande ferramenta. Quando usada corretamente, a gente consegue alcançar muitos níveis", destaca Abud.
"De modo geral, a gente faz campanhas atemporais. Nós temos o setembro verde (doação de órgãos), mês geralmente muito robusto, mas ao longo do ano a gente vem reforçando em várias ações a importância da doação. E vem funcionando muito bem, a gente está vendo acontecer. Por isso é fundamental que as famílias conversem sobre a doação de órgãos e manifestem essa decisão de forma clara. Para ser um doador de órgãos, é importante avisar a sua família. Esse ato ajuda a salvar vidas", enfatiza Alfredo Abud.
*Ayla Ferreira, estagiária de Jornalismo, sob supervisão de Fabiana Batista, coordenadora do Núcleo de Atualidade
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