De renda extra a profissão requisitada: barcarenense vira mestre em cake design

Foi no período como estudante universitária que Monique iniciou o trabalho informal, despretensiosamente. Hoje não faltam encomendas.

Larissa Costa
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O talento de Ires Monique como cake designer foi maior do que os planos de seguir carreira na área da saúde. Cursando Odontologia e Pedagogia, simultaneamente, em duas universidades públicas, a barcarenense não conseguia vislumbrar futuro promissor na cozinha, que estava bem mais perto do que ela imaginava.

Foi no período em que estava começando a vida acadêmica que Monique também fez as primeiras incursões pela doceria, de forma bem despretensiosa. “Era bancada pelos meus pais, então pra não ficar sempre pedindo dinheiro pra eles tive a ideia de vender brigadeiros no prédio que eu morava, em Belém. Na UFPA mesmo eu imprimi um mini cartaz com as informações e coloquei no elevador do prédio. Pra minha surpresa eu passei a vender super bem”, conta sorrindo.

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Na graduação, Monique viveu uma crise existencial porque não se encontrou no curso de Odontologia e tampouco havia projetado alguma expectativa na Pedagogia. “Coloquei Pedagogia porque não imaginava passar, mas acabei passando em segundo lugar. Todo mundo começou a me aconselhar a não perder a oportunidade por se tratar de uma instituição federal. Quanto ao curso de Odonto, criei expectativa e não era o que imaginava. Por fim, não conclui nenhum dos dois cursos e decidi retornar pra Vila dos Cabanos”, conta.

De volta à Barcarena, Monique trabalhou no setor administrativo de um fábrica e nas horas vagas treinava com uma equipe de corrida de rua. Foi na confraternização dessa equipe que o talento como cake designer foi descoberto por uma amiga que, involuntariamente, a lançou nesse segmento. “Eu resolvi levar um bolo como sobremesa. Todo mundo amou e ficou perguntando onde eu tinha comprado. No início eu estava com vergonha de dizer que tinha feito, mas, depois acabei falando. Lembro até hoje, era um bolo de chocolate com cacau 70% e morangos. Nessa confraternização estava a Cybele, que, sem dúvida, foi quem mais elogiou. Ela tirou uma foto com esse bolo que ainda tenho guardada com muito carinho. Dois dias depois ela me pediu pra fazer o mesmo bolo, achei loucura da parte dela porque, enfim, eu não sabia se daria certo de novo”, conta aos risos. “Eu sempre falo, que se hoje eu trabalho com isso, 80% eu devo à ela. Ela foi o meu primeiro marketing”, recorda.

Ainda sem se dar conta do seu potencial ela persistiu no trabalho administrativo, onde recebia muitas encomendas dos colegas da empresa. “Eu chegava do trabalho, colocava o bolo pra assar e ia ficar com a minha filha, que na época era bebê. Acordava por volta de 3h30 pra decorar o bolo e deixar pronto pra minha mãe entregar para o cliente durante o dia, enquanto eu estava na fábrica. E isso foi virando rotina, porque as encomendas estavam aumentando muito, e consequentemente, o meu cansaço também. Eu praticamente não dormia.”

A virada de chave na vida de Monique veio pelas palavras de um colega de trabalho, que a motivou a empreender e abandonar o emprego. “Fiz um bolo pra um café da manhã dos funcionários da empresa e algumas horas depois me ligaram chamando em outro setor. De cara eu imaginei que tinha feito alguma coisa errada no trabalho. Fui me tremendo inteira no caminho, quando cheguei lá era o gerente. Poucas vezes na minha vida fiquei cara a cara com uma pessoa tão humana e humilde. Ele disse que nunca tinha comido nada parecido, que o bolo que eu havia feito estava muito bom. Perguntou em que eu trabalhava e me disse que eu estava no lugar errado. Que meu lugar não era naquela empresa, e, sim, fazendo bolo. Naquele momento era tudo que eu precisava ouvir, porque tinha muitas dúvidas, estava muito dividida e sabia que uma hora teria que fazer uma escolha, porque não conseguia mais conciliar as duas atividades”, conta.

Estimulada pelos elogios, Ires Monique investiu em conhecimento na área para a qual verdadeiramente tinha talento. Se formou como “chef pâtissier” e, em seguida, se especializou em cake design. “Depois que eu formei, continuei fazendo as coisas em casa, mas a demanda aumentou tanto que eu precisei fazer uma cozinha maior. Foi quando o meu pai arcou com todos os custos da construção de um ponto pra mim. Ele ter acreditado no meu trabalho foi o que fez o negócio tomar proporções maiores”, revela.

O trabalho informal hoje é sua principal fonte de renda e a clientela já ultrapassa as fronteiras de Barcarena. “Uma história que me marcou muito foi no nosso segundo Natal de produção. Eu fiz alguns posts no Instagram dizendo que, diferentemente do ano anterior, eu não faria nada por encomenda, apenas pronta entrega. Anunciei que abriria a loja às 14h30. Cinco minutos antes eu fui lá na frente pra abrir e vi que já tinha uma fila de carros e de pessoas esperando. Eu fiquei sem entender absolutamente nada, não entrava na minha cabeça que todas aquelas pessoas estavam ali pra comprar um doce que eu fiz. Entrei na cozinha e eu pulava e chorava ao mesmo tempo, um misto de sensações”, conta, emocionada.

Atualmente, Monique está entre as decoradoras de bolos mais requisitadas da confeitaria da cidade e é conhecida pelos recordes de vendas nas datas festivas.

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