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Comunidade que vive perto do aterro relata rotina de problemas

Moradores dizem que depósito de lixo só trouxe complicações para a população local

Dilson Pimentel
fonte

Moradores de Marituba que residem em comunidades no entorno garantem: o aterro sanitário localizado no município só trouxe problemas à população. Esses moradores vivem da agricultura familiar, como é o caso de Sandra Helena de Carvalho, que reside na comunidade Campina Verde, na estrada do Uriboca. "A gente não está aguentando mais. Estamos morrendo. Não temos para onde ir, não temos para onde levar nossa família. Minha mãe, de 75 anos, teve que se ausentar (daqui). Meu filho, de 15 anos, está doente. Ele nunca tinha adoecido. Ele tem vômito, e isso está relacionado à água, que está contaminada (por causa do lixão)", afirmou. 

 

"Tenho 38 anos, nasci e me criei aqui. Os igarapés não prestam mais. Não tem peixe. (O aterro) também afetou as frutas. Antes não era assim", afirmou. Ela disse que usa duas bombinhas no dia a dia para conter as constantes crises de falta de ar. "Tudo relacionado a isso. Tem que fechar", disse. Sandra Helena afirmou que os agricultores vivem da terra e não estão mais podendo colher as verduras. "O pessoal já não quer mais comprar (com medo da contaminação)", afirmou. 

image A agricultora Sandra Helena de Carvalho diz que a comunidade era muito diferente antes da chegada do aterro (Fábio Costa)

Fátima Botelho Gonçalves e a filha dela, Fabiana, também moram na comunidade, e têm relatos parecidos. "Continua o fedor, de manhã, de tarde, de noite. Quando o sol começa a esquentar, levanta o vapor e começa a feder", disse Fátima. "Moro aqui há 30 anos. Nunca teve isso", acrescentou. 

Aos 19 anos, Fabiana é mãe de um bebê que nasceu há apenas oito dias. Ela tem ainda dois filhos, uma de 5 e um de 2 anos. "Eles só vivem gripados", contou. Ela disse que também passa mal constantemente por causa dos efeitos causados pelo lixo despejado no aterro. "Eu sinto vontade de vomitar e um ardume no peito. Uma falta de ar. É muito ruim. Às vezes, até choro porque tenho tenho medo deles (os filhos dela) adoecerem e que alguma coisa ruim venha no ar. O de dois anos pegou até pneumonia. Só vivia no hospital", contou.

image Aterro de Marituba iria deixar de receber lixo da Grande Belém a partir de maio (Cristino Martins / O Liberal)

Na manhã deste sábado (01), cerca de 30 moradores de Marituba acampam em frente ao aterro para impedir a entrada de qualquer caminhão coletor de lixo no aterro sanitário de Marituba. Eles seguem acampados, desde a manhã da sexta-feira (31), no ramal de acesso ao empreendimento, como forma de protesto para cobrar o encerramento das operacões de recebimento de resíduos no aterro.

A pista foi bloqueada com galhos e troncos e nenhum caminhão esteve no local desde a sexta. Redes e barracas foram armadas e os manifestantes estão revezando para que alguns possam ir em casa tomar banho e descansar.

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