Caminhada de fé: promesseiros de Castanhal percorrem quilômetros até a Basílica
Em meio aos veículos, centenas de romeiros caminham em direção à Basílica de Nazaré

Na primeira quinzena do mês de outubro, o cenário na BR-316 muda. Em meio aos veículos, centenas de romeiros caminham em direção à Basílica de Nazaré. O município de Castanhal é um dos principais pontos de parada até chegar em Belém. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Castanhal, major Edson Marques, são cerca de 20 mil pessoas que passam a pé pela Cidade Modelo.
“Em Castanhal, por ser o polo da região nordeste, os peregrinos sempre fazem paradas estratégicas para o descanso e alimentação. E nesse momento fazemos a acolhida dessas pessoas nos postos que são montados todos os anos na praça da Matriz, na orla do rio Apeú e no posto Pombal que fica na saída da vila do Apeú”, explicou.
E é de Castanhal que sai o maior número de promesseiros e de grupos organizados. O professor Nazareno Abraçado é coordenador de um desses grupos há 34 anos. É a Associação de Devotos e Romeiros de Nossa Senhora de Nazaré (Aderca) que reúne mais de mil pessoas. “A minha história na caminhada começou em 1990 quando eu fui diretor da Escola Agrotécnica de Castanhal. Eu fiz uma promessa à Nossa Senhora para que ela me acompanhasse durante os quatro anos que eu iria caminhar com os alunos até Belém. Eram cinco pessoas e hoje são mais de mil caminhando neste grupo”, contou.
Saúde e cura
Amélia Renata Santos, de 40 anos, também participa da caminhada. Foi uma promessa que fez ao pedir que a filha se curasse de um câncer. Rúbia Gabriela Santos, de 20 anos, foi diagnosticada com Linfoma de Hodgkin. “Quando a gente descobriu que ela estava doente, ficamos sem chão. Ela estava começando a ficar muito inchada e precisava com urgência começar o tratamento. E foi numa madrugada que eu orei e pedi à Nossa Senhora me desse de presente de aniversário o tratamento dela. Foi então que três dias depois e pertinho do meu aniversário veio a notícia de que ela já iria começar a quimioterapia. Eu prometi que iria na caminhada todos os anos até quando eu não conseguir ir mais. Em breve ela também vai voltar a caminhar”, contou.
Em 2022, a jovem vai fazer o percurso ao lado da mãe, mas no carro de apoio. Mãe e filha juntas num só propósito. “Quando eu fiz a minha primeira quimioterapia, fui na Basílica e agradeci à Nossa Senhora e disse a ela que se eu não conseguisse fazer a caminhada andando eu iria fazer de outra forma”, contou.
A história da Gláucia de Souza, de 47 anos, mãe da nutricionista e digital influencer Bárbara Madeira, de 26 anos, também passa pela dor de ver sua filha ainda bebê sendo diagnosticada com uma doença. Foram oito meses de muitos exames e médicos em Belém. “Mesmo sendo difícil, a gente sempre se manteve em paz e não teve desespero. Um dia minha mãe me disse que tinha feito uma promessa e consagrado a Bárbara à Nossa Senhora, e quando o médico olhou os novos exames os leucócitos estavam normais”, relembra.
Em 2019, foi a primeira vez que Bárbara fez a caminhada até Belém. “Eu sempre soube que chegaria o momento de agradecer por tudo. Meu pai já fazia essa peregrinação e fez no dia que eu nasci e um dia meu irmão me convidou e eu aceitei. Fomos com o grupo Peregrinos de Maria. Fui na fé e foi muito difícil, mas foi indescritível”, contou.
Gláucia não caminha, mas está sempre por perto no carro da família, dando apoio aos filhos. “Eu me emociono ao ver a fé deles. Um dando apoio ao outro. Tudo que a gente vive nestes momentos é indescritível”.
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