Soldados da Paz: paraenses relatam experiências para salvar vidas
População nos países reconhecem atuação dos peacekeepers
Em 29 de maio transcorre o Dia Internacional dos Peacekeepers, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2003, em reconhecimento ao profissionalismo, dedicação e coragem de homens e mulheres que servem em missões da paz. Eles também são conhecidos como Boinas Azuis, integrantes das Forças Armadas e Forças Auxiliares do Brasil em ações estratégicas em países marcados por conflitos, a fim de garantir direitos essenciais à população. Dois dos Boinas Azuis (Soldados da paz) no Pará e no Brasil são paraenses e militares do Comando Militar do Norte (CMN): o tenente-coronel Flávio Azeredo e o 1º sargento Onaias Cunha. O Pará tem peacekeepers que atuaram em missões no Congo, Chiprre, Sudão do Sul e na República Central Africana.
O tenente-coronel Flávio Azeredo embarcou para a primeira missão em 2014. Ele exerceu a função de oficial de Estado Maior da Seção de Operações Aéreas no Sudão do Sul, local onde ficou por um ano. Em 2018, foi chamado novamente, desta vez para a Etiópia. Na capital, Addis Abeba, ficou por seis meses desempenhando a função de assessor militar e instrutor para assuntos de Missão de Paz, no Centro de Preparação de Apoio a Paz do país. Mais recentemente, o militar acumulou mais uma experiência de atuação em operações de ajuda humanitária, e de 2021 a 2022 foi oficial de Estado Maior da Célula de Treinamento da Brigada de Intervenção da Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo.
Entre os desafios para um soldado da paz, como destaca Azeredo, figuram a necessidade do idioma (inglês ou francês), a distância dos familiares, ambiente com restrição a movimento (segurança), restrições ao acesso de necessidades básicas (comida e água), e a diferença cultural, entre outros. Para fazer frente a esse cenário, é preciso que a pessoa seja habilitada no idioma necessário para a missão (dependendo do país); possuir os estágios específicos para a missão designada a ser realizado no Centro Conjunto de Operações de Paz no Brasil; currículo e postura ilibados dentro da Força; estar com a saúde em dia e passar pelo processo de seleção do Gabinete do Comandante do Exército.
Sargento lembra missão no Haiti após furacão Matthew
Outro militar que desempenhou função em missões de paz é o 1º Sargento Onaias Cunha. Em 2016, quando o Furacão Matthew passou pelo Haiti, ele integrou a tropa brasileira que seguiu para o país. Durante seis meses, Onaias foi responsável pelas compras do setor de aprovisionamento e por levar a alimentação ao pessoal que permanecia no terreno durante a operação de ajuda humanitária.
"Minha filha tinha pouco mais de um ano quando parti para missão. Saí com o coração apertado, mas queria muito fazer parte dessa experiência, era meu sonho", relembra. "Sou militar do Serviço de Intendência (especialidade militar). Nossa missão é trabalhar com logística, e, especificamente, no Haiti trabalhei na função de compras e aquisição de gênero para alimentação da tropa, juntamente com a Base logística da ONU", relata o 1º sargento.
Onaias não esquece momentos de tensão naquele país. "Durante nossa permanência no Haiti, passamos por um furacão que atingiu a parte sul do país e, logo em seguida, fomos empregados para prestar assistência humanitária para a população atingida", conta Onaias. "Foi a melhor experiência da minha vida, como militar e como ser humano. A gente consegue entender o sofrimento daquele povo, principalmente das crianças, diante das adversidades e fenômenos naturais que atingiram o Haiti: terremoto e furacão. É algo que vou levar para o resto da minha vida, contar para as minhas gerações. Ao povo haitiano o meu mais sincero abraço e admiração, pela força e vontade de vencer que nunca os faltaram", conclui.
Primeira missão de paz de militares brasileiros foi em 1947
De acordo com o Ministério da Defesa, a primeira participação brasileira em missões de paz da ONU se deu em 1947, na Grécia, quando observadores militares integraram a Comissão Especial das Nações Unidas para os Bálcãs (UNSCOB). Nos últimos 75 anos, as Forças Armadas participam de 72 missões de manutenção da paz, empregando cerca de 55 mil militares. Por 13 anos, o Brasil comandou, com sucesso, a missão da ONU no Haiti (Minustah).
Em 2021, de acordo com a pasta da Defesa, cerca de 80 militares brasileiros participam de missões de paz, nos seguintes países: Chipre, Líbano, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Saara Ocidental, Sudão do Sul e Abyei.
O Brasil exerce atualmente o comando das tropas da Missão da Organização das Nações Unidas para a Estabilização da República Democrática do Congo (Mousco). Os militares brasileiros estão no país do Continente Africano desde 2013.(Com informações da Agência Brasil)
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