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Trump e Kamala sinalizam mudanças na relação com o México, agora governado por Cláudia Sheinbaum

Candidatos à Presidência dos EUA já indicaram que, se eleitos, devem rever algumas políticas com o país vizinho

Gustavo Freitas / Especial para O Liberal
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O fim do mandato de López-Obrador ainda deixou muitas dúvidas sobre a sua sucessora, Cláudia Sheinbaum, que iniciou seu governo sob a responsabilidade de efetivar a reforma judicial proposta no governo anterior. Entre polêmicas e incertezas sobre a nova presidente do México, Donald Trump e Kamala Harris já demonstraram que, seja quem for eleito no próximo dia 5 de novembro, adotará novas políticas com o país vizinho em temas sensíveis envolvendo o fluxo de drogas adentrando o território norte-americano, imigração e acordos comerciais.

Na segunda-feira (16.10), o republicano sugeriu tarifas de 200% para veículos fabricados no México para proteger o mercado interno norte-americano. "Tudo o que estou fazendo é dizer que vou colocar 200 ou 500, não importa. Vou colocar um número que eles não consigam vender um carro, não quero que eles prejudiquem nossas montadoras", disse o ex-presidente.

Em 2016, enquanto candidato, Trump também fez ameaças de impor tarifas nos veículos importados do México. Ao assumir o poder, acabou com o NAFTA, antigo tratado comercial entre Estados Unidos, México e Canadá, para criar um novo tratado mais moderno, chamado de USMCA.

Quando era senadora, Kamala Harris foi uma das poucas parlamentares a votar contra este acordo e, agora como candidata a presidente, Kamala acenou para sindicatos que foram afetados pela realocação de fábricas para o México, afirmando que vai buscar uma revisão do acordo. "Muitos que votaram a favor, condicionaram seu apoio a uma revisão, e eu como presidente vou usar. Basta!", disse Harris em sua conta no X.

As ameaças aumentam quando o republicano trata dos cartéis mexicanos. Em julho, Trump disse que o México "precisará se endireitar rapidamente" ou o governo americano poderá usar força militar para realizar ataques contra os cartéis responsáveis pelo contrabando de pílulas de Fentanil para os Estados Unidos.

A droga tem sido responsável pela morte de milhares de americanos por ano, fato reconhecido pelo governo de Sheinbaum, que anunciou um plano para pacificar o país através de uma força-tarefa visando reduzir os assassinatos nas cidades mais perigosas do México.

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O cartel de Sinaloa é hoje o principal responsável pelas rotas de contrabando do Fentanil, mas facções internas têm brigado entre si pela sucessão do poder desde a prisão do líder "El Chapo", aumentando a insegurança no território mexicano. No início de setembro, autoridades locais na cidade de Culiacán, capital de Sinaloa, precisaram cancelar as celebrações do Dia da Independência e suspender as aulas, após 12 pessoas serem assassinadas e 14 sequestradas em quatro dias.

No mês passado, Kamala Harris visitou a fronteira entre EUA e México para conversar com oficiais, e em abordagem menos disruptiva, Harris prometeu reforçar os investimentos para aumentar o número de policiais na região e adquirir novos armamentos que detectam o fentanil nos veículos.

Imigrantes

A imigração tem sido uma das principais pautas na disputa eleitoral, com a população querendo mudanças na política migratória do país, colocando dois projetos antagônicos como alternativas para a fronteira.

Donald Trump promete realizar a maior deportação doméstica da história dos EUA, usando a Guarda Nacional para cercar migrantes entrando ilegalmente no país. O republicano também promete invocar o Alien Enemies Act, uma lei de 1798 que dá ao presidente o poder de deportar qualquer cidadão oriundo de um país em guerra com os Estados Unidos.

Durante o seu governo, Trump implementou o programa Permaneça no México que fez com que os migrantes aguardassem no México até que seus pedidos de asilo fossem aprovados. Outro programa criado pelo republicano foi o Título 42, que restringia a entrada de novos migrantes sob alegação de saúde pública. Uma de suas promessas para lidar com a imigração desenfreada, é reativar os dois programas em seu novo governo.

Harris tem sofrido críticas por não ter detalhado os seus planos para lidar com a crise migratória, um tópico polêmico porque Joe Biden a encarregou de resolver o problema durante o mandato. Em 2023, 1,6 milhão de pessoas cruzaram a fronteira ilegalmente, deixando diversas cidades em estado de emergência.

No mesmo ano, a cidade de Eagle Pass, no Texas, de 28.000 habitantes, chegou a receber quase 6.000 migrantes em dois dias, forçando o governador Greg Abbott a enviar guardas para fechar a passagem que liga o Rio Grande do México à cidade, contrariando as ordens de Joe Biden. "Entraremos com acusações criminais mais severas contra infratores reincidentes e, se alguém não fizer uma solicitação de asilo em um ponto legal de entrada e, em vez disso, cruzar nossa fronteira ilegalmente, será impedido de receber asilo", prometeu Harris em entrevista.

Apesar da retórica agressiva com o México, Cláudia Sheinbaum quer manter o diálogo com Trump, caso ele seja eleito presidente no próximo mês. "Temos uma integração econômica muito forte com os Estados Unidos, somos agora o principal parceiro comercial e isso exige que tenhamos um bom relacionamento."

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