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Paraense na guerra de Israel não pensa em voltar para Belém: 'Vamos permanecer aqui'

O principal medo de Jacob Serruya é a proximidade de sua casa com a fronteira com o Líbano, perto de uma região controlada pelo grupo xiita Hezbollah, outro adversário do Estado de Israel.

Igor Wilson
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Eram 8h30 da manhã de ontem quando Jacob Serruya leu uma mensagem de um amigo, dizendo que Israel estava sob ataque. Por um segundo chegou a duvidar, mas quando ligou a televisão viu que era realidade. O paraense, que mora desde 2019 com sua família na cidade de Nahariya, região Norte de Israel a 5 Km da fronteira com o Líbano e distante cerca de 178 Km da Faixa de Gaza, seguiu a recomendação do governo de Israel, pedindo para todos permanecerem preparados para qualquer emergência, como precisar ir para um dos vários bunkers espalhados pelo país, justamente para proteção contra ataques bélicos.

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Israel e as milícias de Gaza controladas pelo Hamas entraram numa guerra aberta poucas horas depois dos grupos armados na Faixa lançarem um ataque surpresa sem precedentes na madrugada deste sábado, quando dezenas de homens armados se infiltraram em território de Israel, matando e sequestrando civis. Até o momento, o estado de Israel informou que 100 israelenses morreram nos ataques. Horas após o ataque, as tropas de Israel mataram pelo menos 140 palestinos como retaliação.

“Quando confirmei que era verdade, chamei minha família. O governo pediu para pegarmos todos os documentos, preparar comida e estocar água, além de ficar pronto para qualquer emergência. Quando acontece ataque a cidade inteira toca sirene. Até agora estamos em casa, mas muitas pessoas estão com receio de precisar ir para algum bunker para se protegerem”, disse o paraense para O LIBERAL.

O principal medo de Jacob é a proximidade de sua casa com a fronteira com o Líbano, perto de uma região controlada pelo grupo Hezbollah, grupo radical islâmico xiita que atua ocasionalmente em sincronia com o Hamas, que controla parte da Faixa de Gaza. As autoridades israelitas pediram à população em geral que permanecesse perto dos abrigos e, especificamente, aos residentes das cidades próximas da Faixa de Gaza e da fronteira com o Líbano que não saíssem das suas casas.

“Está correndo o boato aqui que o Hezbollah vai aproveitar esse momento para atacar Israel também. Essa é a principal preocupação no momento, pois a fronteira é bem aqui. Caso eles atacassem, precisaríamos fugir para um bunker de proteção ou para o hospital, que é um lugar bastante seguro aqui na minha cidade”, diz Jacob, que não pensa em retornar ao Brasil de imediato. “Apenas se ficar uma situação de guerra tipo da Ucrânia, caso contrário, vamos permanecer em Israel”, diz. 

O Ministério das Relações Exteriores informou neste sábado que identificou um brasileiro ferido e dois desaparecidos após ataque do Hamas a Israel. Não há registros de brasileiros mortos, até o momento, na zona de conflito no Oriente Médio.

image Jacob e seu filho (Arquivo pessoal/Jacob Serruya)

O que dizem os lados envolvidos

image Legenda (AFP)

O Ministro da Defesa, Yoav Gallant, mandou uma mensagem em seu perfil no Twitter no meio da manhã. “O Hamas cometeu um erro grave e lançou uma guerra contra o Estado de Israel. As tropas do Exército Israelense estão combatendo o inimigo em todos os lugares. Peço a todos os cidadãos de Israel que sigam as instruções de segurança. O Estado de Israel vencerá esta guerra ”, disse ele. Pouco depois, dezenas de caças-bombardeiros começaram a bombardear Gaza, controlada pelo Hamas desde 2007, conforme anunciado pelo Exército, que deu à operação o nome de Espadas de Ferro.

Netanyahu, por sua vez, também publicou um comunicado, indicando que os objetivos da resposta israelense são “limpar a área das forças inimigas infiltradas e restaurar a segurança e a paz nos assentamentos atacados”, além de “exigir um preço enorme ao inimigo, também na Faixa de Gaza” e “fortalecer outros cenários para que ninguém cometa o erro de aderir a esta guerra”.

Mohammed Deif, líder do braço armado do Hamas que assumiu a autoria dos ataques, as Brigadas Ezedin Al Qasam, defendeu a operação num vídeo como resposta aos “crimes da ocupação”, aos “ataques” à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, fonte habitual de tensão e o agravamento da situação dos prisioneiros palestinianos. “É maior do que a ocupação [Israel] pensa”, disse ele, chamando a operação de Inundação de Al Aqsa, em referência ao nome da mesquita pela qual os palestinos normalmente chamam todo o complexo . A Jihad Islâmica – uma milícia mais pequena, mas particularmente combativa – afirmou que também participa e assumiu a responsabilidade por vários dos raptos.

As Brigadas Ezedin Al Qasam afirmam ter assumido o controlo de Erez – a única passagem de passageiros na fronteira entre os dois territórios – e libertado prisioneiros palestinianos da prisão israelita em Ashkelon. Em vídeos divulgados na área, palestinos são vistos dirigindo veículos militares supostamente apreendidos de israelenses. Numa intervenção televisiva, o porta-voz militar do Hamas, Abu Obeida, declarou que “o inimigo ainda não conhece os resultados desta batalha” e foi atingido pelo ataque “surpresa”.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas , enfrentando o Hamas, enfatizou o direito do seu povo de se defender do “terrorismo e das forças de ocupação” e a “necessidade de fornecer-lhes proteção”. Ele estava programado para presidir uma reunião de emergência na cidade de Ramallah, na Cisjordânia.

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