Ex-primeira-ministra de Bangladesh é condenada à morte por crimes contra a humanidade
Sentença da ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, de 78 anos, está ligada a levante popular de 2024 que culminou com a morte de centenas de pessoas
A Justiça de Bangladesh condenou nesta segunda-feira, 17, a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, de 78 anos, à morte. A decisão do tribunal de Dacca é por crimes contra a humanidade, relacionados ao levante popular do ano passado que matou centenas e encerrou seus 15 anos de governo.
O juiz Golam Mortuza Mozumder afirmou que "todos os elementos (...) constitutivos de um crime contra a humanidade estão reunidos" e decidiu "impor uma única pena, a pena de morte". O ex-ministro do Interior, Asaduzzaman Khan, também recebeu a pena capital.
Um ex-chefe de polícia foi condenado a cinco anos de prisão após se tornar testemunha do Estado contra Sheikh e se declarar culpado. A deliberação do tribunal na capital, Daca, foi transmitida ao vivo, com segurança reforçada pelas autoridades interinas.
Reação política e acusações
O partido Awami League, da ex-primeira-ministra, convocou uma paralisação nacional em protesto contra o veredicto. Sheikh e Khan, exilados na Índia, foram julgados à revelia. Ambos e o partido classificaram o tribunal como "de fachada" e denunciaram o advogado estatal.
Eles enfrentaram acusações de crimes contra a humanidade pelo assassinato de centenas de pessoas durante uma revolta estudantil em julho e agosto de 2024. Um relatório da ONU apontou até 1,4 mil mortes, enquanto o conselheiro de saúde do governo interino registrou mais de 800 mortos e 14 mil feridos.
Tensão no país e medidas de segurança
Na semana passada, a divulgação do veredicto foi marcada por explosões de bombas caseiras e incêndios criminosos, causando interrupção de aulas e transportes após o "bloqueio" decretado pelo partido de Sheikh Hasina. Antes da decisão, o antigo partido governante reiterou a paralisação.
Sheikh, em mensagem de áudio, pediu aos apoiadores para não ficarem "nervosos com o veredicto". O chefe de polícia de Daca, Sheikh Mohammad Sazzat Ali, emitiu uma ordem de "atirar para matar" contra quem tentar incendiar veículos ou lançar bombas caseiras, após quase 50 ataques incendiários e dezenas de explosões em uma semana.
Autoridades do Supremo Tribunal solicitaram, em carta ao quartel-general do exército, o destacamento de soldados nos arredores do tribunal antes da leitura da sentença. Duas pessoas morreram nos ataques incendiários recentes.
Cenário político após a queda de Hasina
Sheikh Hasina foi deposta em 5 de agosto do ano passado e fugiu para a Índia. Três dias após sua queda, o laureado com o Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, assumiu a chefia de um governo interino.
Yunus prometeu punir Hasina e proibiu as atividades de seu partido, a Liga Awami. Ele afirmou que seu governo interino realizará as próximas eleições em fevereiro e que o partido de Sheikh não terá chance de concorrer. A política de Bangladesh permanece em uma encruzilhada, sem sinais de estabilidade.
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