EUA devem incluir regime de Maduro em lista de organizações terroristas nesta segunda-feira, 24
A lista de FTOs é atualizada pelo Departamento de Estado e atualmente inclui grupos islamistas, separatistas e guerrilhas
Os Estados Unidos devem incluir nesta segunda-feira, 24, o Cartel de los Soles - que afirmam ser liderado pelo ditador Nicolás Maduro - na lista de Organizações Terroristas Estrangeiras (FTO, na sigla em inglês), o que deve intensificar a pressão contra a ditadura da Venezuela.
A lista de FTOs é atualizada pelo Departamento de Estado e atualmente inclui grupos islamistas, separatistas e guerrilhas, além de quadrilhas e organizações de narcotráfico do México e da Colômbia, adicionadas recentemente. O professor Juan Manuel Trak, especialista em sociopolítica, explica que a inclusão de um grupo nessa lista "abre um leque de possibilidades, tanto militares quanto sancionatórias, para o governo Trump seguir exercendo pressão".
O secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou na semana passada que o Cartel de los Soles seria classificado como FTO. "O Cartel de los Soles e outras FTOs designadas, incluindo o Trem de Aragua e o Cartel de Sinaloa, são responsáveis pela violência terrorista em todo o nosso hemisfério, bem como pelo tráfico de drogas para EUA e Europa", disse. Especialistas, no entanto, descartam a existência de uma organização formalmente estruturada e apontam para redes de corrupção permissivas, associadas a atividades ilícitas.
Os venezuelanos começaram a usar o termo Cartel de los Soles na década de 1990 para se referir a oficiais militares de alta patente que enriqueceram com o tráfico de drogas. Com a expansão da corrupção em todo o país - primeiro sob a ditadura de Hugo Chávez e depois sob Maduro - o termo passou a ser usado também para policiais e funcionários públicos, além de atividades como mineração ilegal e contrabando de combustível. Os "Sóis" no nome se referem às dragonas afixadas nos uniformes dos oficiais militares de alta patente.
Washington passou a se referir ao grupo como uma organização de narcotráfico em 2020, durante o primeiro mandato de Donald Trump, quando o Departamento de Justiça acusou Maduro e seus aliados de narcoterrorismo e outros crimes. "Não é um grupo", disse Adam Isaacson, diretor de Supervisão de Defesa do Escritório de Washington para Assuntos Latino-Americanos. "Não é como um grupo do qual as pessoas se identificariam como membros. Eles não têm reuniões regulares. Não têm hierarquia."
Maduro nega a existência do Cartel de los Soles. Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, ele classificou a acusação do governo americano como uma "invenção ridícula" destinada a "justificar uma intervenção ilegítima e ilegal contra a Venezuela".
Na semana passada, o secretário de Defesa, Pete Hegseth - chamado nos EUA de "secretário de Guerra" -, disse que incluir a organização na lista de FTOs oferece "uma série de novas opções aos EUA" para lidar com Maduro. No entanto, em entrevista à emissora OAN, ele não detalhou quais seriam essas opções e se recusou a dizer se as Forças Armadas dos EUA planejavam atacar alvos terrestres dentro da Venezuela. "Nada está descartado, mas nada está automaticamente garantido", afirmou.
Em meio à escalada da tensão, Washington mobilizou o maior porta-aviões do mundo para o Caribe, além de uma flotilha de navios de guerra e caças. Trump não descartou uma ação militar na Venezuela, apesar de ter mencionado a possibilidade de negociar com Maduro. Ataques terrestres ou outras ações representariam uma grande ampliação da operação que já dura meses e que incluiu ataques a embarcações acusadas de tráfico de drogas, resultando na morte de mais de 80 pessoas. (Com informações de agências internacionais)
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