Destino do estoque de urânio do Irã é desconhecido, diz Exército dos EUA
Operação americana levanta dúvidas sobre o paradeiro de 400 kg de urânio iraniano retirados antes dos bombardeios

Dois dias após os ataques americanos a três instalações nucleares do Irã, o resultado da operação ainda é incerto. O Exército dos EUA afirma que é cedo para dimensionar os danos. Nesta segunda-feira, 23, militares israelenses confirmaram suspeitas de que o regime iraniano havia retirado equipamentos e urânio enriquecido da usina de Fordow antes dos bombardeios americanos.
O presidente dos EUA, Donald Trump, no entanto, voltou a dizer que a destruição das instalações foi “total” e criticou parte da imprensa americana por questionar o resultado da operação. “Os locais que atingimos no Irã foram totalmente destruídos, e todo mundo sabe disso. Somente o pessoal das fake news diria algo diferente, para tentar diminuir o impacto dos ataques”, escreveu o presidente em suas redes sociais.
Trump atacou nominalmente jornalistas e executivos da mídia: chamou Anderson Cooper, da CNN, de “Allison Cooper”; Brian Roberts, presidente do grupo que controla a NBC, de “idiota”; e Jonathan Karl, da ABC, de “canalha”. “Eles nunca param, esses canalhas da mídia, e é por isso que a audiência deles está no nível mais baixo de todos os tempos”, afirmou.
Retirada
A principal dúvida levantada pela imprensa americana é a alegação israelense de que o Irã, prevendo os ataques após ameaças públicas de Trump, teria removido 400 quilos de urânio enriquecido a 60% da usina de Fordow — um nível próximo ao necessário para produzir uma arma nuclear. Autoridades americanas reconhecem que não sabem onde o material foi armazenado.
Nos dias que antecederam o ataque, imagens de satélite identificaram 16 caminhões de carga próximos à entrada dos túneis que levam ao interior da montanha onde fica a usina, o que sugere que o local foi esvaziado em preparação para o bombardeio.
O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, reconheceu a dificuldade em rastrear o material. “Trabalharemos nas próximas semanas para garantir que façamos algo com esse combustível, e esse é um dos assuntos sobre os quais conversaremos com os iranianos”, afirmou no programa This Week, da ABC.
Sumiço
Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse que o combustível havia sido visto pela última vez por inspetores da ONU cerca de uma semana antes do início dos ataques israelenses. Em entrevista à CNN no domingo, 22, Grossi afirmou que “o Irã não escondeu, mas protegeu esse material”.
Questionado se o urânio enriquecido a 60% — armazenado em barris pequenos o suficiente para caber no porta-malas de dez carros — havia sido transferido, Grossi respondeu: “Sim”.
Com agências internacionais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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