Conheça os 'homens-peixe', tribo ancestral aquática que corre risco de extinção
Os Badjão são um povo nômade do sul das Filipinas que pode passar longos minutos debaixo d'água
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Os Badjao, também conhecidos como "homens-peixe", são um povo nômade que habita as águas cristalinas do sul das Filipinas há milhares de anos. Famosos por sua incrível capacidade de prender a respiração por até 13 minutos, os Badjao desenvolveram um estilo de vida único e profundamente conectado ao mar. No entanto, essa tradição milenar corre o risco de desaparecer para sempre.
A poluição marítima, intensificada pelo "progresso" e a crescente adoção de um estilo de vida ocidental, ameaça a existência e a cultura dos Badjao.
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Um povo adaptado ao mar
Ao longo de gerações, os Badjao aperfeiçoaram a arte do mergulho livre, adaptando seus corpos ao ambiente marinho. Crianças aprendem a nadar e mergulhar desde cedo, antes mesmo de andar. Essa aptidão singular é resultado de uma mutação genética que torna o baço maior, permitindo que o sangue retenha mais oxigênio, funcionando como um "tanque de oxigênio natural".
O modo de vida tradicional dos Badjao está sob constante ataque. A poluição, principalmente causada pelo plástico, está destruindo os recifes de coral, habitat vital para a pesca e fonte de alimento para o povo. Além disso, a crescente integração à sociedade moderna e a adoção de hábitos ocidentais estão levando os jovens a abandonar as práticas ancestrais, como a pesca submarina e a produção de artesanato com materiais marinhos.
Santarawi Lalisan, um ancião Badjao de 85 anos, é um símbolo da resistência do povo. Ele ainda pratica a pesca submarina usando técnicas ancestrais e ensina os jovens sobre a importância de preservar a cultura e o meio ambiente. Em entrevista ao Daily Star, Santarawi lamentou a perda do conhecimento tradicional entre as novas gerações.
"Chegou aqui muito plástico porque hoje os Badjao vão ao supermercado e aqui usam plástico e não mais papel. Antigamente os Badjao só usavam papel na hora de comprar alguma coisa", reclamou.
"Eu sou um verdadeiro Badjao. Pego um pouco de água para beber e depois vou para o mar. Antes de mergulhar tomo outro gole, mas desta vez de água salgada para me sentir em sintonia com o mar, e depois mergulho. Viver no mar é a única coisa que pode me fazer feliz, até o fim dos meus dias", finalizou o idoso, que ainda consegue ficar cinco minutos sem respirar buscando peixes nos corais.
*(Hannah Franco, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Felipe Saraiva, editor web em OLiberal.com)
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