Chuvas causam mais de 340 mortes em 48 horas no Paquistão
Maioria das vítimas foi arrastada por enchentes repentinas ou morreu quando suas casas desabaram, eletrocutadas ou atingidas por raios

As equipes de resgate tentam, neste sábado (16), recuperar os corpos soterrados sob os escombros no norte do Paquistão, onde chuvas de monção excepcionalmente fortes mataram 344 pessoas em 48 horas.
Nos últimos dois dias, as chuvas torrenciais mais mortais atingiram diferentes distritos da província montanhosa de Khyber-Pakhtunkhwa, na fronteira com o Afeganistão. Esta província é a mais atingida pelas tempestades, com 307 mortes, metade delas registrada nesta temporada de monções, segundo a autoridade local de gestão de desastres.
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A maioria das vítimas foi arrastada por enchentes repentinas ou morreu quando suas casas desabaram, eletrocutadas ou atingidas por raios.
Os esforços de busca continuaram esta manhã para tentar recuperar corpos soterrados, com mais de 2.000 socorristas mobilizados, disse à AFP Bilal Ahmed Faizi, porta-voz dos serviços de emergência da província.
"Fortes chuvas, deslizamentos de terra e estradas bloqueadas dificultam o acesso das ambulâncias à área, e as equipes de resgate têm que se deslocar a pé", acrescentou.
O porta-voz afirmou que os socorristas tentam retirar os sobreviventes, mas poucos estão dispostos a sair "porque perderam entes queridos, ainda presos sob os escombros".
"Orações fúnebres"
"Parece que toda a montanha desabou; a área está coberta de lama e pedras enormes", disse Muhammad Khan, morador do distrito de Buner, onde 91 pessoas morreram.
"Os moradores estão recuperando corpos e realizando orações fúnebres, mas ainda não sabemos quem está vivo ou morto", afirmou Saifullah Khan, um professor de 32 anos.
A autoridade provincial de gestão de desastres de Khyber-Pakhtunkhwa declarou vários distritos como "zonas de desastre", onde "equipes de resgate foram mobilizadas como reforço" para tentar alcançar vilarejos localizados em terrenos acidentados.
Outras nove pessoas morreram na Caxemira paquistanesa. Na região administrada pela Índia, pelo menos 60 vítimas foram registradas em um vilarejo no Himalaia, e outras 80 ainda estão desaparecidas.
Cinco pessoas morreram na região turística de Gilgit-Baltistan, no extremo norte do Paquistão, um destino de verão popular para alpinistas de todo o mundo, mas que as autoridades agora recomendam evitar.
Na sexta-feira, um helicóptero de resgate caiu, matando cinco pessoas.
No total, 657 pessoas morreram — incluindo cerca de 100 crianças — e 888 ficaram feridas desde o início de uma temporada de monções "excepcionalmente intensa" no final de junho, segundo as autoridades.
Para Syed Muhamad Tayab Shah, da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres, "mais da metade das vítimas morreu devido à má qualidade das estruturas".
O Departamento Meteorológico também emitiu um alerta de chuva forte para o noroeste do Paquistão nas próximas horas e instou a população a tomar "medidas de precaução".
Em julho, a província de Punjab, lar de quase metade da população do Paquistão, registrou um aumento de 73% nas chuvas em relação ao ano anterior.
O Paquistão, o quinto país mais populoso do mundo, é um dos mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática.
Os 255 milhões de paquistaneses já sofreram enchentes massivas e mortais, rompimentos de lagos glaciais e secas sem precedentes nos últimos anos, fenômenos que se multiplicarão sob o impacto do aquecimento global, segundo relatórios científicos.
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