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Emocionado, Guto Ferreira fala em respeito, superação e força no acesso do Remo: 'Muito obrigado'

O treinador azulino foi peça central na alavancada azulina; sob o comando dele, o Remo fez sete vitórias em 10 jogos

Luiz Guillherme Ramos

Após o apito final que confirmou o acesso do Remo, milhares de torcedores invadiram o gramado do Mangueirão para uma festa apoteótica. No centro da celebração, o técnico Guto Ferreira foi o nome mais procurado e reverenciado. Sob seu comando, o Leão Azul superou todas as expectativas e coroou a campanha com uma conquista espetacular, garantindo a vaga na Série A de 2026.

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Depois de ser abraçado incontáveis vezes, o treinador respirou fundo, recompôs-se e seguiu para a sala de imprensa. Lá, falou sobre a caminhada, as dificuldades e a força coletiva que sustentou o elenco ao longo da Série B — um trabalho que, segundo ele, teve como pilar também o executivo de futebol Marcos Braz.

"O Guto foi só uma peça. A força da engrenagem veio de muita gente por trás, e essas pessoas são essenciais. Cada um tem sua responsabilidade nessa construção. Se a ficha caiu? Acho que não. Vai demorar. É difícil… vocês não têm noção. Fiquei profundamente emocionado na chegada, com aquele mundo azul, aquela invasão azul", afirmou.

Guto agradeceu a todos que o apoiaram e destacou que a conquista é fruto de quem acreditou até o último minuto.

"Eu divido esse ‘obrigado’. Eu fui só uma peça da engrenagem. O foco dos jogadores foi diferente. Agradeço ao Braz por tudo o que fizemos juntos aqui dentro. É um cara excepcional, experiente. Isso foi fundamental, trouxe confiança. A diretoria, a presidência, o staff… todos eles são os grandes responsáveis por essa conquista."

Ao comentar o jogo, o treinador admitiu o susto inicial, quando o Goiás abriu o placar, mas revelou que, ainda assim, tinha convicção na virada — e até acertou o placar final, que começou a tomar forma com o gol de empate do artilheiro Pedro Rocha, autor de 15 gols na Série B.

"Tivemos uma infelicidade no começo, um erro de posicionamento. Mas, por incrível que pareça, algo dentro de mim dizia que o jogo não acabava ali, que a gente ia virar. E o mais curioso é que o resultado que imaginei foi exatamente 3 a 1", disse.

Ele destacou a postura da equipe no momento decisivo. "A força dos jogadores, se posicionando, se entregando, não deixando nada de ruim acontecer… O principal é que, mesmo depois do gol, nós não nos entregamos. Não baixamos a cabeça. O gol do Pedro Rocha foi importantíssimo, no apagar das luzes. Foi crucial."

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Guto Ferreira foi contratado no fim de setembro, quando o Remo vivia uma fase turbulenta sob o comando de António Oliveira e flertava com o rebaixamento. A chegada do treinador mudou o ambiente: o Remo embalou uma sequência histórica de seis vitórias seguidas. No total, sob seu comando, foram 10 jogos, com sete vitórias, dois empates e apenas uma derrota.

Um dos pontos levantados por ele para explicar a virada foi o respeito à cultura local e à identidade do clube — algo que, segundo o próprio Guto, foi essencial para a conexão com o elenco e com a torcida.

"Aqui eu aprendi muita coisa. A gente vai aprendendo na marra. Eu sou um cara de fé, mas o que eu vi aqui no Pará supera tudo. É algo muito poderoso. Não sei dizer se o Círio é que gera essa força ou se essa força é que gera o Círio. Mas ela está dentro do povo paraense, que jamais se entrega, principalmente dentro de casa. Se você não entende isso, não tem como liderar aquilo que desconhece e não valoriza."

Antes de sua chegada, o Remo vinha de derrota em casa para o Volta Redonda. O clima era de crise. Com Guto, a equipe reencontrou o caminho e viveu uma arrancada memorável, celebrada até hoje pelos torcedores que acompanharam a campanha.

"O que eu mudei no grupo? Fiz eles entenderem que precisavam entregar mais e que jogaria quem estivesse realmente pensando no amanhã. Aos poucos, todo mundo foi entendendo e todos puderam ajudar. O resto foi circunstância normal de trabalho", explicou.

Para o treinador, a base da conquista foi coletiva. "Não importa quanto tempo o jogador trabalhou comigo, quantos jogos fez. Eu agradeço a cada um que esteve ao meu lado. Eles são os grandes responsáveis. E eu tenho certeza de que estão muito felizes por entregar esse resultado ao torcedor do Remo", completou, antes de tomar um banho rápido e cair na festa com o elenco.

Por fim, Guto ressaltou a força emocional que carregou o grupo até o fim da competição:
"Você pode vacilar em algum momento. Quando isso aconteceu, tivemos respaldo e seguimos trabalhando. Sobre a força do grupo, eu nunca neguei. Essa energia externa, essa crença até o último instante — eu já falei disso. A força do paraense, essa fé gigantesca, que hoje apareceu mais uma vez. Isso deu segurança e confiança ao atleta para não se entregar, para entender que até o último minuto era preciso acreditar e dar o melhor."