MENU

BUSCA

Da crise ao acesso: como o Remo virou ano caótico em sua maior campanha na Série B

Eliminações, três técnicos, a chegada bombástica de Marcos Braz e uma arrancada improvável explicam a campanha que mudou o destino azulino

Igor Wilson/O Liberal

A campanha que levou o Remo de volta à Série A depois de 32 anos não foi linear, tranquila ou previsível. Pelo contrário: começou sob desconfiança, passou por eliminações vexatórias, trocas de técnicos, pressão da torcida e momentos em que o acesso parecia impossível. No meio do caos, porém, surgiram decisões que mudaram o destino azulino — das chegadas de Daniel Paulista e depois Marcos Braz, da instabilidade com António Oliveira ao choque de realidade imposto por Guto Ferreira na reta final. Cada fase da temporada marcou uma virada, um recomeço e um novo desafio. A seguir, numa linha do tempo detalhada, estão os passos que construíram a campanha mais surpreendente do futebol paraense em décadas: dos erros do início à arrancada decisiva, até o dia histórico em que o Mangueirão explodiu e o Leão reencontrou seu lugar entre os grandes do País.

VEJA MAIS

Histórico! Remo vence o Goiás no Mangueirão lotado e volta à Série A depois de 32 anos
O time azulino fez a sua parte e foi ajudado pelo Cuiabá, que venceu o Criciúma e deu ao Leão Azul a quarta e última vaga dos promovidos à elite do futebol brasileiro

Os dois que mudaram a história: Pedro Rocha e João Pedro selam o acesso do Remo
Artilheiro da Série B e herói improvável decidiram no Mangueirão: golaço de Pedro Rocha abriu o caminho, e João Pedro marcou dois para sacramentar o retorno azulino à elite após 32 anos

Torcida lota a Aldeia Cabana para festa do acesso do Remo; veja imagens!
Espaço recebeu telão para acompanhar a partida decisiva a e azulinos aguardam os jogadores para comemorar acesso à Série A

Cronologia do acesso:

Fevereiro — O início turbulento

Eliminado pelo modesto São Raimundo-RR, nos pênaltis, dentro do Baenão, o Remo começou o ano sob forte pressão. Rodrigo Santana, que havia conquistado o acesso da Série C, estava suspenso, mas foi um dos principais alvos das críticas. A frustração cresceu semanas depois, com a queda para o Criciúma na primeira fase da Copa do Brasil, novamente em casa. Já eram duas eliminações seguidas, somadas a derrotas no Parazão, e a torcida perdia a confiança de que o time conseguiria sequer lutar pela permanência na Série B.

Abril — Fim da era Rodrigo Santana

A derrota para o Cametá no Parazão, somada às eliminações da Copa Verde e da Copa do Brasil, e a falta de evolução do time selaram o destino de Santana. Em abril, ele foi desligado, encerrando um ciclo que nunca teve consenso entre os torcedores.

Abril/Maio — A virada com Daniel Paulista

Daniel Paulista chegou cercado de desconfiança, mas rapidamente mudou a cara da equipe. Aproveitando a paralisação do Parazão e as eliminações que abriram espaço na agenda, o treinador conseguiu treinar intensamente o elenco e transformou o estilo de jogo do Remo: mais ousadia, postura agressiva e novos reforços. Era o primeiro sinal de que a campanha poderia tomar rumos inesperados.

Final de maio — Marcos Braz desembarca em Belém

O movimento que mudaria o patamar do clube começou nos bastidores. Marcos Braz chegou trazendo peso político, experiência de campeão Brasileiro e da Libertadores com o Flamengo e reforços de nível superior para a realidade do Remo. O elenco ganhou profundidade, técnica e competitividade, reforçando a convicção de que era possível mirar mais alto.

Início de junho — O baque da saída de Daniel

Justo quando o time encaixava, Daniel Paulista recebeu uma proposta do Sport, lanterna da Série A. Aceitou. A saída abalou o ambiente e reacendeu o temor de instabilidade. Mas a reação de Braz foi imediata.

Junho — A aposta em António Oliveira

Para substituir Daniel, Marcos Braz trouxe o português António Oliveira. O técnico manteve algumas virtudes da equipe, mas pecou nos jogos em casa: muitos empates, poucos resultados de afirmação e desgaste crescente com a torcida. A competitividade inicial se transformou em impaciência e a demissão veio após derrota para o Volta Redonda, após uma atuação pífia da equipe.

Setembro — A queda de António e a chegada de Guto Ferreira

Após perder para o Volta Redonda, Oliveira foi demitido. E começou então o capítulo decisivo da campanha. Guto Ferreira assumiu e, logo na estreia, aplicou 4 a 1 no CRB — primeira vez que o Remo marcava quatro gols num jogo da Série B. Era um sinal claro: o estilo mudaria novamente.

Setembro/Outubro — A arrancada

Com intensidade, pressão alta e uso dos reforços contratados por Braz, o Remo engatou seis vitórias seguidas: CRB, Operário, Athletico-PR, Paysandu, Athletic-MG e Cuiabá. Depois, vieram empates contra Chapecoense e Novorizontino, e a derrota para o Avaí, que devolveu a pressão e tirou o Leão do controle da própria sorte.

Novembro — Última rodada: depender de si virou depender dos outros

O Remo chegou ao duelo contra o Goiás precisando vencer e torcer para o Criciúma perder — ou para a Chape não vencer. O cenário parecia tenso demais para uma tarde só. E foi.

23 de novembro — A tarde que entrou para a história

O Goiás abriu o placar, o Mangueirão ficou apreensivo, mas Pedro Rocha empatou com um golaço antes do intervalo. No segundo tempo, João Pedro virou e ampliou, enquanto, quase ao mesmo tempo, o Cuiabá marcou contra o Criciúma. A combinação perfeita: vitória azulina e derrota catarinense.

Depois de 32 anos, o Remo voltou à Série A. A campanha que começou com eliminações vexatórias terminou em festa, gramado invadido e um acesso construído em capítulos dramáticos, decisões certeiras e personagens improváveis.