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De Belém ao ouro: a trajetória da fisioterapeuta paraense Flávia Souza ao lado de Caio Bonfim

Desde 2010, Flávia passou a integrar delegações brasileiras em competições internacionais, incluindo Pan-Americanos, Sul-Americanos, Ibero-Americanos e Mundiais

Igor Wilson
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O título mundial conquistado por Caio Bonfim na marcha atlética teve participação direta de uma paraense. A fisioterapeuta Flávia Souza, funcionária do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), integra há anos a equipe multidisciplinar do atleta e acompanhou de perto a preparação que resultou no ouro histórico em Tóquio.

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Natural de Belém, Flávia iniciou sua trajetória no esporte como atleta de ginástica rítmica, mas uma lesão precoce mudou seus planos. “Decidi dar continuidade ao sonho de representar o Brasil ajudando outros atletas a prolongarem suas carreiras com qualidade e sem dor, tal como gostaria de ter sido atendida”, conta.

O primeiro contato com o atletismo ocorreu em 2009, quando ainda estagiava em Belém e participou do GP de Atletismo no Mangueirão. No mesmo ano, mudou-se para São Paulo, onde se especializou em fisioterapia esportiva, osteopatia e pilates. Pouco depois, foi contratada pelo extinto clube BM&F Bovespa, referência no atletismo nacional, o que abriu portas para a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).

Desde 2010, Flávia passou a integrar delegações brasileiras em competições internacionais, incluindo Pan-Americanos, Sul-Americanos, Ibero-Americanos e Mundiais. A parceria com Caio Bonfim começou em 2014 e, ao longo dos anos, se consolidou em uma rotina diária de treinos, atendimentos e acompanhamento minucioso. “Conheço a manifestação muscular e articular dele após cada tipo de treino. Isso facilita qualquer tipo de intervenção e detecção precoce de possíveis lesões”, explica.

Entre 2018 e 2022, a fisioterapeuta atuou na Federação Portuguesa de Atletismo e esteve nos Jogos Olímpicos de Tóquio como parte da delegação daquele país. Em 2023, voltou a colaborar com o COB, sempre próxima a Caio em campings de preparação e competições internacionais.

A marcha atlética, lembra Flávia, tem exigências muito específicas. Por conta das regras que penalizam o atleta se ambos os pés perderem contato com o solo ou se a passada iniciar com a perna flexionada, há uma demanda técnica acentuada. “A fisioterapia atua tanto na recuperação física quanto no auxílio da técnica, com treinamentos de controle postural, mobilidade articular e ajustes corporais antes e depois de cada sessão”, explica.

O ouro conquistado em Tóquio foi também um marco pessoal para ela. “Passou um filme retrospectivo desses 11 anos de trabalho árduo. Estive lá nas grandes vitórias, mas também nos momentos de frustração. Cruzar a linha de chegada e ouvir o hino brasileiro sabendo que minha mão e meu conhecimento estavam ali no pódio foi indescritível.”

Rotina

A rotina ao lado de um atleta de elite é meticulosa, mas não inflexível. Viagens, fusos horários e imprevistos exigem adaptação. “Tudo é planejado de acordo com as planilhas de treino e peculiaridades como clima e horários de provas. Mas quando surge um indício de lesão ou uma viagem longa demais, precisamos improvisar da melhor forma possível.”

Flávia sabe que sua trajetória inspira outros jovens paraenses que sonham em trabalhar com o esporte. O conselho que deixa é direto: “Sonhem e corram atrás. Não será fácil, mas se quiserem de verdade, tenho certeza de que conseguirão.”

Do Pará, ela leva uma força particular para enfrentar as dificuldades de uma vida imigrante. “Como paraense entendi desde cedo que o preconceito se combate com resultados acima da média. É isso que me move a querer ser melhor todos os dias.”

Após mais uma conquista histórica, os planos futuros seguem abertos, mas a motivação permanece a mesma. “Gostaria de estar em Los Angeles em 2028, mas muitas variáveis envolvem uma convocação. O que estiver ao meu alcance, certamente farei. Hoje já me sinto realizada por contribuir com a transformação de tantas vidas através do esporte.”

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