Após quatro anos suspensa por doping, paraense assina com o Flamengo e sonha com Olimpíadas

Nayara Furtado, de 26 anos, recebeu uma suspensão de quatro anos da FISA (Federação Internacional de Remo) por doping

Redação Integrada
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Era julho de 2015 quando a maré virou na carreira da remadora Nayara Furtado. Aos 22 anos, a paraense estava convocada para defender o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, quando recebeu a notícia de que estava suspensa do esporte por quatro anos por doping. A pena acaba neste próximo dia 28 de maio e, amanhã, Nayara irá ao Rio de Janeiro para retomar os treinamentos em alto nível. O foco é competir as Olimpíadas de Tóquio no ano que vem.

Em meio ao processo de superação, Nayara, em entrevista exclusiva à redação itnegrada de O Liberal, relembrou a trajetória desde o momento em que recebeu a notícia da suspensão até a volta por cima.

"Recebi a notícia em Porto Alegre, na concentração da seleção Brasileira na ilha do Pavão, dois dias antes de embarcar para os jogos Pan-americanos. Pela manhã antes do treino, o treinador passou o trabalho de cada guarnição e, antes de eu ir para a água, ele me chamou e disse que precisávamos conversar. Pelo tom de tristeza, imaginei que algo ruim tinha acontecido. Ele me informou que alguns atletas tiveram resultado positivo no exame, que eu era uma delas e que não iria poder viajar até que a FISA (Federação Internacional de Remo) tomassem as devidas providências sobre o caso. Fiquei muito triste, mas não chorei naquele momento", relembrou. 

image Nayara Furtado exibe conquistas pelo Flamengo (Arquivo pessoal)

A substância encontrada no organismo de Nayara não foi divulgada, mas a atleta explica: "Fiz uma cirurgia no joelho e com as medicações tomadas uma substância era proibida, nós atletas somos responsáveis por tudo que ingerimos, e agora eu tenho todo cuidado com qualquer medicamento que possa vir a tomar".

Nayara tentou se manter remando mesmo proibida de competir, mas não conseguiu. "Foram quatro anos bem difíceis, sem expectativas no esporte, sem apoio de clubes e bastante críticas de pessoas e até diretores de clubes que acreditavam que eu não voltaria a remar. Tive que parar de treinar e me dedicar a outros trabalhos na vida longe do esporte. Não tive apoio de nenhum clube em Belém. Quando diziam que queriam me apoiar, não cumpriam com suas obrigações. Eu disse que não importa a suspensão que eu pegasse, que eu voltaria a remar e voltaria a ser uma das melhores remadores do Brasil", falou.

Incentivada pelo técnico Leandro Loureiro, atualmente professor de crossfit no Rio de Janeiro, Nayara manteve o contato com o antigo mentor para se manter forte mentalmente. "Mantivemos contato. Ele sempre me deu força no retorno. Ele acredita muito no meu potencial. Aliás, ainda não sabe do meu retorno para o Flamengo, mas quando ele souber através dessa entrevista, tenho certeza que vai ficar muito feliz porque no Flamengo vou conseguir evoluir mais rápido e ter treinamento adequado. Além de ter uma estrutura excelente para recuperar quanto antes o tempo perdido em Belém sem treinar", disparou.

image Nayara Furtado no pódio em um campeonato carioca. Ao lado, a equipe do Vasco sendo condecorada pelo falecido Eurico Miranda (Arquivo pessoal)

A volta ao Flamengo está marcada para esta terça-feira (30), quando Nayara embarcará do aeroporto de Belém para o Rio de Janeiro e se dedicará aos treinamentos para recuperar o ritmo. A primeira competição em vista será o campeonato carioca de remo, mas o objetivo mesmo já está traçado: "Meu objetivo é Olimpíadas, acredito muito que consigo alcançar e todo trabalho será feito para ir alcançando as competições internacionais próximas".

Veja os outros trechos da entrevista

Você ficou magoada com a falta de apoio dos clubes em Belém?
"Eu estava tentando treinar no clube do Remo, mas também não tive apoio. Prometeram ajuda de custo e não pagaram nenhum mês. Além disso, o Remo não participará do Campeonato paraense por não ter inscrito os atletas na primeira regata do campeonato paraense e, por consequência, ficará dois anos sem competir regional e nacionalmente. Os atletas do Remo ficaram esquececidos e sem apoio, não somente eu. Alguns foram para o Paysandu e outros para a Guajará, mas a grande maioria está em casa mesmo sem apoio e indo treinar quando dá, só para se movimentar mesmo. Não fiquei magoada pela falta de apoio porque é nítido que os clubes do Pará não têm estrutura para preparar atletas de alto nível"

Como e quando recebeste o contato do Flamengo. Como foi este trâmite?
"O contato com Flamengo já vinha desde novembro do ano passado. Conversei com o gerente técnico de Remo do Flamengo que também é treinador da Seleção Brasileira (Marcelo Varriale) e contei a ele como tudo aconteceu, como os anos foram difíceis e o quanto é difícil treinar em Belém. Falei que precisava sair daqui para poder retornar ao alto nível e ele me disse que seria um trabalho duro para voltar, mas que eu deveria ter calma porque, com o tempo e como o trabalho, teria o retorno esperado. A oportunidade foi dada e eu deveria ter ido quanto antes para estar treinando com o grupo, mas tiveram alguns empecilhos e eu só viajo na próxima terça-feira."

Quais foram esses obstáculos que adiaram tua viagem?
"Primeiro aconteceu o incêndio no Ninho do Urubu e os clubes do Rio de Janeiro ficaram impossibilitados de receber atletas para abrigar sem o alvará. Segundo foi a cotação de passagens do departamento de remo do Flamengo, que já estava alta e a passagem estava muito cara por ter compromissos com os atletas que já estão lá competindo e irão viajar em breve para competições internacionais. Com isso, eu decidi arrumar a passagem para ir o quanto antes para poder treinar e me preparar logo, pois a partir de 29 de maio já posso competir. Inclusive gostaria de agradecer ao amigo Laurimar Costa, junto Ao atletas do REAMA (remadores da Amazônia) que é uma instituição de Remo Recreativo, não filiada a Federação paraense de Remo, e também ao Presidente da Federação Luciel Caxiado, que contribuíram para que eu pudesse comprar a passagem para poder ir logo treinar, senão ainda assim demoraria mais um pouco para embarcar."

Dá para pensar em Olimpíadas? Qual é a primeira competição em vista?
"Meu objetivo é Olimpíadas, acredito muito que consigo alcançar e todo trabalho será feito para ir alcançando as competições internacionais próximas. Mas tenho certeza que a equipe técnica vai me ajudar a alcançar essa meta e sonho de qualquer atleta. Mas somente o meu desempenho com o trabalho vai me aproximar das Olimpíadas. Sobre as competições acredito q participarei primeiro do Campeonato Estadual no RJ, em breve vou saber para quais desafios vou ter que me preparar."


Podes deixar uma mensagem para os amantes de remo no Pará?
"Quero dizer para as pessoas que amam o esporte de Remo  e as que praticam também, que todo sonho é possível a partir dogg momento que lutamos realizá-los. Não existe problema que dure para sempre. Agradecer o carinho de todos que apoiaram e torceram para este meu retorno. Que continuem torcendo muito pois, a fase ruim passou e agora teremos muita notícias boas para o nosso estado no esporte de Remo."

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