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Aos 17 anos, paraense conquista mundial de karatê e investe na carreira internacional; saiba mais

O jovem João Paulo Castelo Branco acumula uma carreira vitoriosa e luta para garantir espaço no universo da elite das artes marciais

Luiz Guilherme Ramos
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No início do século XX, o Japão era um país recém saído do feudalismo e entrava de vez na era imperialista, influenciado pelos conflitos com a China e a Rússia. A mudança repentina de era, que mexeu profundamente na economia e na cultura do país, viu nascer também um estilo de luta que influencia todo o ocidente e até hoje faz escola no Brasil. Hoje o país é um celeiro de grandes lutadores, entre eles o jovem João Paulo Yamaguchi, que, aos 17 anos, já é um dos expoentes do karatê shotokan no norte do país.

O estilo disseminado mundialmente por Gichin Funakoshi se tornou um dos mais praticados e o contato com o jovem paraense, não por acaso, nasceu a partir de uma necessidade muito comum e preocupante entre as crianças. Por causa do bullying que sofria na escola, João Paulo entrou no karatê e hoje, além de dominar o próprio corpo e a mente, transmuta sua arte nos tatames alcançando patamares cada vez mais elevados. 

"Eu comecei com quatro anos de idade, comecei porque eu sofria bullying na escola, com o apoio da minha mãe e do meu pai. No começo eu não gostava muito, mas quando conquistei o primeiro campeonato, ganhei a primeira medalha, eu não quis mais parar e senti que era o que eu queria fazer", define o atleta, que hoje em dia já nem contabiliza quantas medalhas conquistou ao longo dos últimos 13 anos. 

"O Karate para mim não é mais um esporte, mas sim um estilo de vida. Eu peguei tanto gosto que não consigo mais ficar sem treinar, sem disputar competições", garante. Hoje, alguns meses distante da maioridade, o karateca já é um veterano quando o assunto são títulos. Ao todo, são 15 campeonatos vencidos, entre eles o 1º Iaku Karatê Open, disputado na Argentina. Foi lá que João Paulo se consagrou como campeão mundial no kata e kumite.

SAIBA MAIS

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"Esse mundial foi a minha maior conquista até agora. Os adversários são de outro nível, completamente diferente dos atletas daqui, mas depois que eu vi o nível deles, vi que conseguia lutar de igual para igual, eu fiquei confiante. Agora é treinar mais e seguir em frente", garante. Os dois títulos mundiais coroam uma carreira, que embora curta, ostenta nove títulos estaduais e quatro brasileiros. O próximo passo, segundo ele, Brasileiro pela Confederação Brasileira de Karatê (CBK), e o Pan-Americano, que será disputado no Chile, no início do próximo ano. 

Treinos

Para chegar bem preparado, João Paulo conta com uma equipe de treinos que exige horas e dedicação exaustiva, sob o comando da sensei Suzana Yamaguchi, faixa-preta 2º dan da academia Budokukai Yamaguchi, uma das expoentes da arte marcial no Pará, que há mais de 40 anos trabalha com o ensino da arte. Para a sensei, o diferencial de João é o empenho demonstrado no dia-dia de treinos e nas competições.  

"A preparação do João Paulo é muito boa, pois ele é um atleta muito esforçado. Ele chega às 17 horas e fica três, quatro horas treinando. Eu pego bem pesado com ele, treinamos muito a parte física também. Não é apenas karatê. Apesar dele ter ganhado o mundial com atletas de outros países que a gente não tem como conhecer antes, a gente consegue tirar o nível de acordo com os campeonatos locais, até o Brasileiro", explica a treinadora, que, aos 27 anos, assumiu o comando da academia fundada pelo pai, o mestre Pedro Yamaguchi. 

Mesmo estando distante dos grandes centros formadores de atletas, Suzana entende que é possível conquistar títulos expressivos treinando na região norte, que embora tenha uma diferença de estrutura, não impede que atletas talentosos, como João Paulo, assumam o protagonismo nas principais competições do calendário mundial. "Hoje em dia a gente já vê que não é possível um atleta seguir profissionalmente sem ter um acompanhamento, seja de um educador físico, um fisioterapeuta", conta.

"Ele precisa ter acompanhamento e seguir um trabalho muscular. Tudo isso precisa acompanhar o nível dele e o nível onde quer chegar. Eu não tirei um tempo específico. Quando começa o ano eu aviso que vamos treinar, até que chegue a oportunidade, como no caso do mundial. Quando ele ganhou a vaga para competir, nós já estávamos treinando, além do acompanhamento muscular", detalha. 

Apoio

Para chegar longe, no entanto, João Paulo precisa de algumas manobras financeiras, que basicamente recaem, por todos esses anos, aos familiares. São eles que bancam as viagens, estadia, alimentação, tudo para garantir o sonho do filho e evitar que mais um talento entre tantos se percam na falta de incentivo. Para a Argentina, João Paulo conta que teve apoio unicamente da família e de poucos amigos.

"A gente vai sempre por conta própria. Já tentamos contato com o Governo do Estado, fomos com a Seel (Secretaria de Esporte e Lazer) e sequer retornaram nossos contatos. Então é meio complicado. Muitas vezes a gente conta com o apoio de amigos. Primeiro vem a família com os custos maiores e às vezes os amigos também ajudam", explica. 

A maior incentivadora do atleta é a própria Mãe, Safira Castelo Branco, que corre atrás de meios para permitir ao filho que participe das competições, não sem antes bancar do próprio bolso a maior parte dos compromissos oficiais do lutador. "Nós fazemos um esforço muito grande, mas infelizmente quase sempre somos nós que tiramos do nosso bolso. Então fica aqui a mensagem para aqueles que puderem ou tiverem interesse em patrocinar um atleta de alto rendimento", avisa. 

 

 

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