Tricampeão da Fórmula 1 e ídolo nacional, Ayrton Senna deixa legado que atravessa gerações
Tiago Duarte não viu Senna correr, mas se inspira no piloto, que morreu há 31 anos
Durante os anos 1980 - e parte dos anos 90 -, milhares de casas brasileiras tinham uma programação certa: assistir às corridas de Ayrton Senna na Fórmula 1. Há 31 anos, essa tradição foi interrompida. O piloto, ídolo mundial, morreu em um acidente durante o GP de San Marino, em Imola, na Itália. A morte do brasileiro abalou o mundo e mudou a maior categoria do automobilismo. Mas o legado e a história de Senna permanecem vivos. O piloto ainda é referência para gerações que não o viram correr.
"Ele está vivo porque há uma preservação muito bonita da memória dele", destacou Tiago Duarte, médico e fã de Ayrton Senna.
Com 32 anos, Tiago tinha apenas um ano quando Senna sofreu o acidente fatal. Mesmo assim, a figura do piloto sempre esteve presente em sua casa. Ele e as irmãs foram criados assistindo à Fórmula 1, influenciados pelo pai, que era fã declarado do tricampeão.
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A influência do pai o tornou um grande fã da F1. Ainda criança, Tiago consumia corridas de Ayrton e, com o tempo, passou a admirar o talento e a personalidade de Senna, que logo se tornou seu ídolo.
"Eu acredito que ele continua inspirando e influenciando muita gente, pela qualidade e pelo quão grande ele foi", ressaltou. "Isso repercute não só entre os pilotos brasileiros, mas também entre os estrangeiros. Ele é o ídolo da maioria dos pilotos do mundo hoje", completou.
Legado para além do tempo
Para Tiago, o legado de Senna vai muito além das pistas e o tempo. Ele lembrou que o piloto foi um dos primeiros a apoiar instituições sociais e a se importar com causas fora do automobilismo.
"O fato de ele ser grande também fora da pista é algo que torna seu legado ainda mais honrado e vivo", afirmou.
Senna era uma figura controversa para alguns. Falava o que pensava, era agressivo nas pistas, buscava sempre o limite e tinha seus desafetos — Alain Prost, seu grande rival em corridas, é o principal exemplo. Ainda assim, o brasileiro também era reconhecido por seu lado humano, preocupado com a segurança dos pilotos e o futuro da Fórmula 1. Longe da família, demonstrava resiliência mesmo diante das adversidades.
"Para os brasileiros, acho que o Senna deixou uma mensagem de perseverança e valores. Seu legado fala sobre honestidade, trabalho duro e persistência, de que um dia a gente chega lá", disse Tiago.
Senna esteve na Fórmula 1 por quase 10 anos. Estreou em 1984 pela Toleman, no GP do Brasil, disputado no Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Com um carro limitado, surpreendeu com resultados expressivos, especialmente sob chuva. No ano seguinte, foi para a Lotus, onde conquistou sua primeira vitória na categoria.
Mas foi na McLaren que construiu sua história mais marcante. Foram três títulos mundiais pela equipe britânica e 35 das 41 vitórias que obteve na Fórmula 1. O nome do brasileiro ficou marcado na história do time.
"Acredito que ele se tornou um ícone mundial por tudo o que fez. Desde os tempos do kart, sempre trabalhando duro, buscando vencer de forma honesta, e pela forma como se importava com os outros pilotos. Lutava para vencer, mas também se preocupava com as pessoas. Acho que isso o tornou um ídolo mundial", ressaltou Tiago.
O dia 1º de maio de 1994 jamais será esquecido. Para os fãs, a data marca o acidente fatal no GP de San Marino, em Imola, que tirou a vida de Senna. Ele disputava sua primeira temporada pela Williams quando bateu na curva Tamburello. O brasileiro foi levado ao hospital, mas não resistiu.
"Eu me emociono muito ao falar sobre o Senna. A forma como ele guiava, sempre levando o carro ao limite, buscando uma solução... Imola 94 foi uma tragédia. Acho que todo brasileiro sentiu muito. Eu era uma criança, tinha pouco mais de um ano, mas vendo os vídeos, me emociono. Ele nos deixou jovem demais. Não é um sentimento ruim, no geral, porque a trajetória dele por si só já é emocionante", concluiu Tiago.
Além de Senna, o GP de San Marino de 1994 também foi marcado pela morte do austríaco Roland Ratzenberger, que sofreu um acidente fatal durante a classificação. As tragédias daquele fim de semana levaram a Fórmula 1 a debater com mais seriedade a segurança nas corridas e o legado de Senna jamais foi esquecido.