Árbitras da FPF ainda sofrem muito com o preconceito e o machismo

Elaine exige menos preconceito e mais reconhecimento ao seu trabalho na arbitragem

Andréa Espírito Santo
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A presença da mulher no esporte teve um aumentou nos últimos anos, principalmente em modalidades nas quais os homens sempre foram predominantes. No entanto, o preconceito ainda permanece. Mesmo com muitas conquistas, as mulheres ainda sofrem com a falta de visibilidade e credibilidade. As reclamações quanto a falta de apoio e de patrocínio são frequentes, especialmente no Pará. Mas, muitas não desistem e buscam a cada dia a qualificação no meio esportivo. 

Um dos exemplos é a árbitra e professora de matemática, Elaine Melo, 34 anos. Ela é uma das nove mulheres árbitras da Federação Paraense de Futebol (FPF). Além disso, Elaine também compõe o quadro da arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Aliás, a profissional e mais duas mulheres da federação formaram a equipe de arbitragem que comandou o amistoso entre Tuna e Remo há uma semana. A escolha por um trio feminino foi justamente para lembrar o "Outubro Rosa", campanha para conscientização e prevenção do Câncer de Mama. Mas, o que as mulheres que trabalham no meio esportivo querem mesmo é menos preconceito e mais reconhecimento, independente do período do ano. 

"Ainda sofro até hoje preconceito. Aliás, todas as mulheres que estão na arbitragem sofrem com o preconceito e o machismo por ser uma atividade predominantemente masculina. São muitos os desafios. As cobranças dobram por sermos mulheres. O maior desafio é conquistar nosso espaço. Apesar de já termos avançado bastante nesse sentido, ainda somos vistas com desconfiança e incapazes de exercer tal função com êxito. Somos submetidas aos mesmos testes físicos e teóricos que os homens, então porque não temos as mesmas oportunidades nos jogos?", indaga.

Elaine conta que decidiu seguir fazer parte do mundo esportivo para seguir o sonho que um dia foi ser jogadora de futebol. "Sempre gostei e pratiquei esportes, em especial, o futebol. Quando adolescente, sonhava em ser jogadora profissional. Jamais pensei em ser árbitra. A decisão veio em 2012, quando recebi o convite de um amigo para fazer o curso de arbitragem, no qual me identifiquei bastante. Sou árbitra há sete anos pela Federação Paraense e há cinco pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF)", relata.

Os anos na arbitragem e a maturidade com o apito na mão provocou memórias marcantes. "O que marcou muito foi participar do mundial de futebol estudantil, realizado em Praga, na República Checa, em maio do ano passado. Foi uma experiencia incrível", conta. 


A mulher no futebol

O futebol é uma das principais modalidades esportivas. Nos últimos anos, as mulheres passaram ser inseridas nesse meio. A conquista da Marta pela sexta vez o troféu de melhor do mundo, superando Messi e Cristiano Ronaldo, aumentou ainda mais a visibilidade. No Pará, muitas mulheres sonham em ter o destaque merecido e superar os preconceitos. 

"Pelo fato do futebol ser taxado como o esporte masculino, arrisco até em dizer que nós mulheres fazemos muita coisa pelo futebol e bem mais que um homem. Nós, mulheres, tentamos trabalhar melhor, somos detalhistas e isso no futebol conta muito. Posso dizer que esse preconceito atrapalha. Aquela empresa que dá um valor 'x' para o masculino, quando pedimos para o feminino, ela não dá ou dá bem menos. No geral, recebemos 10% do patrocínio dado ao masculino. Quando quebrar essa barreira e trazer a diretoria dos clubes, da federação, da torcida, vai ser bem melhor", avalia a técnica do futebol feminino do Paysandu, Aline Costa, 37 anos.

Aline é referência quando se fala em comando de time de futebol feminino. Antes de ser do Paysandu, ela passou pela Tuna e pelo Pinheirense, por onde conquistou o título do Campeonato Brasileiro da Série A2. Para ela, a conquista do título brasileiro ajudou um pouco na mudança de olhar para quem acompanha a mulher jogando futebol, No entanto, ainda faltam mais competições. No momento, 10 times estão disputando o Campeonato Paraense de Futebol. O número poderia ser maior se tivesse investimento. 

"Mudou muito desde que eu comecei o trabalho como treinadora. No início era precário mesmo. Agora temos condições. Estamos em uma crescente. Nós que trabalhamos com futebol feminino estamos nos qualificando para fazer do futebol feminino uma modalidade enriquecida. Há três anos faço curso no Rio de Janeiro de onde venho com boas ideias", relembrou.

O esforço, sendo Aline, não é feito com a mesma intensidade partindo da entidade máxima do futebol para com a modalidade. "Penso que a nossa federação deveria fazer mais competições para que a gente tivesse o ano inteiro em atividade, porque o Campeonato Paraense só dura dois ou três meses no máximo. No resto do ano a gente fica sem ter atividade. Aumentar o período de disputa deixaria o Paraense seria bem mais competitivo do que já é, pois a competição em si já está com um nível mais alto. Uma competição paralela ao estadual também seria muito bom para ter a valorização e fazer o torcedor gosta do futebol feminino", relata a técnica Aline Costa. 


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