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Há 80 anos, mulheres eram proibidas de jogar futebol; confira como era o panorama no Pará

Preparadora física da única representante paraense na Série A2 do Brasileiro explicou um pouco sobre a situação no Estado

Beatriz Reis
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Há 80 anos, as mulheres eram proibidas de jogar futebol, por meio do decreto-lei 3.199 no dia 14 de abril de 1947, em que o então presidente Getúlio Vargas assinou o documento por ser “incompatível com a sua natureza”. Entretanto, muito tempo antes as mulheres já frequentavam as praças esportivas do país afora.

A preparada física da ESMAC e integrante do Grupo de Pesquisa Setor Norte, Cássia Gouvêa, falou um pouco sobre a proibição que ocorreu em todo país. Muito antes do decreto ser assinado, aqui no Pará – pode ter ocorrido o que seria a primeira partida da modalidade - o futebol feminino começou em 1916, segundo o que um jornal local que noticiou.

image Cássia é preparadora física da Esmac e integra um grupo de pesquisa sobre futebol na região norte (Thiago Gomes)

“As três horas da tarde de domingo, 23 de janeiro, no campo dos Srs. Ferreira e Comandita, realizou-se o grande festival de Remo e Guarani. O programa estava constituído dos seguintes números: 1º parte – grande match de futebol travesti”, constava no jornal. Entretanto, essa partida pode ter tido a presença de homens vestidos de mulheres, de acordo com estudiosos.

Em 1924, deu-se o primeiro clube de futebol feminino: seu nome era ‘Bloco das Palmeiras’, pois sua sede estava localizado na Avenida 16 de Novembro, em Belém. Cássia relembra que muitas perguntas eram feitas pela sociedade da época pois mulheres estavam praticando um esporte que era considerado que 'masculinizava' os corpos femininos. Até os médicos da época começaram a se posicionar contra isso, pois as chuteiras poderiam esta deformando os pés das mulheres, conforme acusação da época.

Cássia afirma que depois de cinco anos, outro clube feminino foi criado na região metropolitana. “Na década de 1970 o Pará voltou aos holofotes do futebol feminino. O ‘Fuzue’, era localizado em Ananindeua e abrangeu mulheres de diversas classes sociais, entre 16 e 18 anos. Durou por muito tempo, era um time de futebol pelada mas durou por muito tempo”, afirmou.

Durante a ditadura militar, o decreto-lei foi novamente publicado. Sendo que desta vez, foi mais detalhado, pois circulava novas notícias de que a pratica estava sendo realizada de forma clandestina. Na publicação foi mais especifico: o futebol feminino não era permitido pois eram incompatíveis com as condições da natureza feminina.

O fim da proibição só veio em 1979, quando foi revogada esta lei. No entanto, o fim não mudaria da água para o vinho a modalidade. Já a regulamentação do esportes só foi dada em 1983, dessa forma, foi permitida a realização da competição, a criação de calendários, a utilização dos estádios e o ensino nas escolas.

image Problemas de estrutura no CEJU colocam vidas em risco (Akira Onuma / O Liberal)

Após 80 anos, o futebol feminino ainda caminhou por meio de algumas dificuldades. Aqui no Pará, a modalidade ainda possui pouca visibilidade e incentivo dos clubes. Este ano, o estádio em que as mulheres jogavam (o Centro da Juventude) estava com bueiro aparente, como mostrou a reportagem de O Liberal, além das atletas atuarem de forma não profissional - dividem-se com outra profissão. O Parazão feminino deve ser disputado apenas no segundo semestre de 2021. A única equipe do estado que está disputando uma competição nacional é a ESMAC, que está na Série A2 do Brasileiro, que deve começar em 16 de maio.

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