Conta de energia no Pará: Aneel anuncia bandeira vermelha pelo quarto mês consecutivo

Pelo segundo mês seguido no patamar 2, o custo da energia aperta orçamento de famílias e compromete negócios no Pará

Gabi Gutierrez

A conta de energia elétrica dos paraenses segue entre as mais caras do Brasil. Em setembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) manteve a bandeira vermelha patamar 2 pelo quarto mês consecutivo, acrescentando R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (29) e reforça o impacto direto no orçamento das famílias e nos custos das empresas.

Depois de quatro meses com bandeira verde, entre janeiro e abril, maio trouxe a bandeira amarela, elevando a fatura em até R$ 16 em média. Em junho e julho, a bandeira vermelha patamar 1 passou a vigorar, com acréscimo de R$ 4,46 por 100 kWh. Em agosto, a bandeira subiu para o patamar 2, mantido agora também em setembro, consolidando um dos períodos mais pesados para os consumidores paraenses.

Por que a tarifa está alta?

Segundo a Aneel, a manutenção da bandeira vermelha patamar 2 está relacionada ao baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, que continuam abaixo da média histórica. A escassez de chuvas reduz a geração de energia nas usinas e obriga o acionamento de termelétricas, cuja produção é mais cara.

“O impacto é sentido duas vezes: na fatura de luz e na alta dos preços. Supermercados, bares, salões de beleza e restaurantes não têm como absorver sozinhos esse custo extra”, explica o economista Costa.

Impacto no bolso do consumidor e na inflação

Segundo dados do Dieese, Belém está entre as capitais com maiores índices de inflação em 2025, puxados principalmente pelo aumento da energia elétrica. Nos últimos dez anos, a tarifa de energia no Pará acumulou alta de 82%, enquanto a inflação geral foi de 56%.

Quase dois milhões de trabalhadores do estado vivem com apenas um salário mínimo, e mais da metade da renda já é comprometida com alimentação. Com a energia mais cara, sobra pouco para transporte, saúde e educação.

Além disso, o custo elevado da energia afeta a competitividade local. “É um dos fatores que emperram a atração de grandes indústrias e novos negócios para o estado”, afirma Costa.

Efeito sobre o comércio e serviços

O presidente da Fecomércio/PA, Sebastião Campos, alerta que estabelecimentos como supermercados, hotéis, academias e salões de beleza são os mais impactados. “O consumidor, com a conta de luz mais alta, corta gastos em bares, restaurantes, academias e no varejo. O empresário precisa rever hábitos e buscar alternativas como a energia solar”, explica.

Campos ressalta que o aumento da tarifa provoca efeito em cadeia: “Quando o custo da energia aumenta, gera pressão sobre os preços e compromete a demanda. Comércio e serviços sofrem duplamente: no caixa e na queda de clientes”.

Como funcionam as bandeiras tarifárias

Criadas em 2015, as bandeiras tarifárias funcionam como um sistema de alerta para os consumidores, indicando as condições de geração de energia no país:

  • Bandeira verde – sem acréscimo, quando os reservatórios estão cheios.

  • Bandeira amarela – acréscimo de R$ 1,885 por 100 kWh, em situações intermediárias.

  • Bandeira vermelha – patamar 1: R$ 4,46; patamar 2: R$ 7,87 por 100 kWh, acionadas em cenários críticos, quando há necessidade de termelétricas.

Infográfico: Bandeiras tarifárias em 2025

  • Janeiro a abril – Bandeira verde (sem acréscimos)

  • Maio – Bandeira amarela (+ R$ 1,885/100 kWh)

  • Junho e julho – Bandeira vermelha patamar 1 (+ R$ 4,46/100 kWh)

  • Agosto e setembro – Bandeira vermelha patamar 2 (+ R$ 7,87/100 kWh)

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