Endividamento recua em novembro, mas segue acima do registrado em 2024 no Pará
Pesquisa mostra que 69,5% dos consumidores declararam possuir dívidas, abaixo do índice de outubro (70,2%), mas ainda superior ao observado em novembro do ano anterior (66,9%)
Após três meses consecutivos em alta, o percentual de famílias endividadas no Pará apresentou leve recuo em novembro de 2025. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Federação do Comércio, Serviços e Turismo do Pará (Fecomércio-Pará) e Confederação Nacional do Comércio (CNC), mostra que 69,5% dos consumidores declararam possuir dívidas, abaixo do índice de outubro (70,2%), mas ainda superior ao observado em novembro do ano anterior (66,9%).
A proporção de pessoas com contas em atraso também caiu no período: de 20,3% em outubro para 18,7% em novembro — número igualmente menor que o verificado em novembro de 2024 (21,8%). Já os consumidores que afirmam não ter condições de pagar seus débitos ficaram em 6,1%, o menor percentual do ano desde janeiro, e também abaixo do mesmo mês do ano passado (6,9%).
O tempo médio de atraso nas contas se manteve estável em 60 dias, um a menos que em novembro de 2024. Entre os inadimplentes, 42% estão com atrasos superiores a 90 dias — proporção praticamente igual ao ano anterior.
Desigualdade por renda
O estudo revela que o endividamento permanece mais concentrado entre famílias com renda de até 10 salários mínimos: 72,1% estão endividadas neste grupo. Já entre os consumidores com renda acima de 10 salários mínimos, o percentual é 45,3%.
A inadimplência também é mais elevada entre os de menor renda: 19,1% tinham contas atrasadas em novembro, enquanto entre os que ganham mais de 10 salários mínimos, a taxa foi de 14%. No mesmo sentido, a falta de condições de pagamento atinge 6,4% das famílias de menor renda, contra 3,5% nas de maior renda.
Cartão de crédito domina endividamento
O cartão de crédito é, de longe, o principal responsável pelas dívidas no estado, citado por 85,4% dos consumidores. Em seguida aparecem carnês (18,2%), crédito consignado (9,1%), financiamento de veículos (8,6%) e financiamento habitacional (4,1%).
O peso do financiamento de imóveis é maior entre as famílias com renda acima de 10 salários mínimos, chegando a 12,8% dos endividados neste segmento.
Comprometimento da renda permanece elevado
As famílias endividadas comprometem, em média, 32,2% da renda mensal com dívidas — proporção próxima à registrada um ano antes (32,9%). A grande maioria, 75,8%, destina entre 11% e 50% da renda para o pagamento de débitos; outros 15,6% já ultrapassam metade do orçamento familiar.
O tempo médio de comprometimento com dívidas ficou em 6,3 meses, acima do observado entre famílias de maior renda (7,8 meses) e pouco abaixo da média de novembro de 2024 (6,6 meses).
Panorama nacional
Em novembro de 2025, a proporção de famílias endividadas no Brasil caiu para 79,2%, após nove meses seguidos de aumento, quebrando assim a tendência que vinha desde fevereiro. Essa diminuição foi acompanhada por uma melhora nos índices de inadimplência e na avaliação dos consumidores acerca de sua habilidade em quitar débitos.
Houve uma redução na percepção de comprometimento financeiro: a porcentagem de indivíduos que se consideram “muito endividados” caiu para 16,0%, enquanto o grupo que se vê como “pouco endividado” aumentou para 32,8%.
A taxa de inadimplência total diminuiu para 30,0%, voltando ao patamar de julho. Entre aqueles que afirmam não conseguir quitar dívidas pendentes, a porcentagem caiu para 12,9%, o índice mais baixo desde agosto de 2024. Por outro lado, a parcela de inadimplentes com atrasos superiores a 90 dias reduziu de 49,0% para 48,5%, o número mais baixo desde agosto.
As famílias diminuíram o tempo médio de atraso no pagamento de suas obrigações financeiras, que agora é de 7,1 meses. A proporção de consumidores que destina mais da metade de sua renda ao pagamento de dívidas passou de 19,1% para 18,8%. O comprometimento médio da renda caiu para 29,5%, a menor taxa desde setembro de 2023.
As previsões da CNC indicam que o nível de endividamento deve seguir em queda durante o último mês do ano, ao passo que a inadimplência deverá permanecer sob controle. A expectativa é que ao final de 2025 haja uma diminuição no número de famílias endividadas (-2,4 pontos percentuais) e um leve crescimento nas famílias inadimplentes (+0,5 p.p.) em comparação ao término de 2024.
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