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Subida gradativa no preço do material de construção desafia estratégias de lojistas de Belém

Comerciantes de Belém explicam motivos para o aumento de preços ano após ano

Gabriel da Mota

De acordo com a Associação dos Comerciantes de Material de Construção do Estado do Pará (Acomac-PA), desde o início da pandemia de covid-19, em 2020, o preço desses insumos no estado vem acumulando alta generalizada de preços entre 20% e 80%, causada pela subida na cotação do dólar e no valor dos combustíveis. Em Belém, comerciantes de produtos de acabamento, como cerâmicas e tintas, citam ainda os impostos como dificultadores para manutenção da margem de lucro. 

Bruno Silva, auxiliar de compras e vendedor há 15 anos de uma loja especializada em produtos cerâmicos, localizada no bairro do Guamá, observa: “Não só no preço da mercadoria, mas também tivemos aumento na base de impostos, que tiveram algumas alterações”. Ele cita o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços na modalidade Substituição Tributária (ICMS-ST), pago direto na fonte, assim que a nota fiscal é gerada. “Isso tudo, a princípio, gera um custo maior, porque você primeiro paga as despesas para depois começar a ganhar”, detalha. 

Na avaliação de Bruno, desde o primeiro trimestre de 2023 até agora, o aumento acumulado foi de 15% no preço dos pisos, argamassas e rejuntes vendidos na loja. “Não tem condições de repassar para os clientes. Tem que dançar o balé: aumenta um pouquinho aqui, diminui um pouquinho ali e, assim, a gente vai se virando e dando um jeitinho pra poder sobreviver, porque o comércio hoje tá bem complicado”, explica o vendedor, que afirma que a margem de lucro atual fica entre 25% e 30%, quando já foi de 40% em cenários mais favoráveis. “Quando o mercado interno dá uma melhorada, no mercado externo aparece alguma coisa: é guerra na Ucrânia, agora o conflito entre Israel e Irã, e essas coisas vão agravando”, comenta.

image Na loja gerenciada por Joel Félix, a movimentação de clientes tem diminuído gradativamente nos últimos anos (Foto: Ivan Duarte | O Liberal)

Joel Félix Costa, gerente de uma loja de produtos para acabamentos em pintura, também no Guamá, afirma que o mercado de material de construção não está tão aquecido como há 10 anos na capital paraense. Além disso, os preços que subiram durante o início da pandemia, em 2020, não voltaram aos valores de antes. “Esse ano, teve um pouco de aumento na tinta, de uns 5%, mais ou menos. Os impostos estão muito altos”, justifica o vendedor, que espera melhoria nas vendas durante o verão amazônico, daqui a dois meses, quando o clima é mais favorável para as obras. 

Fatores internos e externos explicam aumentos

A Associação dos Comerciantes de Material de Construção do Estado do Pará (Acomac-PA) informa que a inflação e a cotação do dólar influenciam diretamente no preço final de produtos de exportação, como metalúrgicos e os feitos de policloreto de vinilo (PVC). No caso dos produtos internos, como cimento e tijolo, a variação positiva está relacionada ao aumento no preço dos combustíveis, que encarece o frete. “O cimento, que nós comprávamos por R$ 30 (uma saca) antes da pandemia, hoje, estamos comprando de R$ 40 a R$ 45. Nos produtos derivados de PVC, a gente depende praticamente de uma única fábrica internacional. Nos produtos metalúrgicos, também tivemos um percentual de aumento significativo e, nos tijolos, que a gente comprava por R$ 300, agora, está entre R$ 350 e R$ 400”, resume Herivelto Bastos, presidente do conselho diretor da Acomac-PA. 

De acordo com o Sindicato do Comércio de Materiais de Construção e Similares de Belém e Ananindeua (Sindmaco-PA), ainda não há dados atualizados sobre as vendas no primeiro trimestre deste ano no Pará, mas as análises preliminares apontam um desempenho positivo. “Apesar da evolução positiva, o setor ainda tem dificuldades, dado as perdas acumuladas na época da pandemia; assim como os entraves que impactam o setor, como a alta carga tributária e problemas de infraestrutura e logísticos, custos operacionais, endividamento e baixo poder aquisitivo da população, juros ainda elevados – mesmo com a redução da taxa Selic – que limitam as vendas”, elenca Sebastião Campos, presidente do Sindmaco-PA. 

Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) demonstram que, na variação de preços do primeiro trimestre de 2024 em Belém, houve redução no valor das ferragens (-1,47%), das tintas (-0,79%), do cimento (-0,88%) e do tijolo (-1,80%). Por outro lado, o custo final dos revestimentos de piso e parede (1,45%) e da mão de obra (1,77%) variaram positivamente.

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