Seca na Amazônia: Ceasa/PA descarta risco de desabastecimento de frutas e verduras
69% dos municípios da Amazônia Legal foram afetados pela seca no primeiro semestre deste ano, de acordo com o InfoAmazonia
A situação da estiagem na região amazônica, que segundo especialistas chegou mais cedo do que esperado esse ano, causa preocupação quanto ao abastecimento de frutas, verduras e hortaliças na capital paraense. Porém, o diretor técnico das Centrais de Abastecimento do Pará (Ceasa/PA), Denivaldo Pinheiro, conversou com exclusividade ao Grupo Liberal e disse que o estado não tem sido tão afetado pela situação, porque a maioria dos produtos que saem do centro de abastecimento são produzidos em regiões como o Nordeste e o Sudeste brasileiro. “A Ceasa do Pará não vai sofrer impacto direto na questão das secas na Amazônia”, avalia.
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“Em termos de abastecimento de produtos hortifruti e granjeiros, a Ceasa Pará não sofrerá impacto por causa do fenômeno das secas na Amazônia, visto que 80% daquilo que é comercializado no entreposto é oriundo de outros estados da Federação, sobretudo dos estados das regiões Nordeste, Sudeste e Sul”, ressalta.
Ainda de acordo com Denivaldo, até mesmo os produtos que são provenientes da produção no estado tem origem na região do Nordeste paraense e não devem ser afetados. Em relação às frutas, alguns exemplos são: banana, laranja, limão e mamão havaí. “A exceção é o abacaxi, onde quase 100% do que entra na Ceasa é proveniente do município de Salvaterra. Mas também esses mesmos produtos vêm de outros estados da federação, então a gente pode concluir que a Ceasa não vai sofrer impacto direto na questão das secas na Amazônia”, reitera o diretor técnico.
Por outro lado, feirantes de Belém observam que alguns alimentos podem ter qualidade afetada devido a questões climáticas. A reportagem do Grupo Liberal foi até uma tradicional feira da Grande Belém, localizada no bairro da Pedreira, para saber de perto o que os feirantes pensam sobre o assunto, bem como quais são os itens mais afetados pela estiagem.
O feirante Osmail Azevedo, por exemplo, conta que durante o período da estiagem - que acaba afetando a qualidade dos produtos - é necessário aderir a algumas estratégias para não perder a freguesia. “Quando não chove o limão fica seco, a macaxeira e a mandioca ficam ruins, enfim, varia de produto para produto. Quando é assim, a gente procura comprar o que é mais acessível, que seja mais fácil de vender para os nossos clientes”, diz o vendedor. “A população que faz esse mercado funcionar diariamente, e eles vão em busca do que tá mais acessível para comprar e botar na mesa”, completa.
Nildo Moreira trabalha na feira há 28 anos e conta que, entre as frutas produzidas no Pará, as mais afetadas pela falta de chuva são o abacaxi, o limão, o maracujá, a pitaya e a tangerina regional. “No caso do abacaxi, se ele não tiver água da chuva, ele não cresce e não amadurece. Já a laranja também, ela não amarela, fica seca, isso atrapalha um pouco”, diz.
Seca na Amazônia
De acordo com dados do Índice Integrado de Seca (IIS), sistema do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), analisados pelo InfoAmzonia, a temporada seca do bioma este ano já é pior do que a registrada em 2023. Nos seis primeiros meses de 2024, segundo a observação, a estiagem atingiu 69% dos municípios da Amazônia Legal. Os outros 31% permanecem em estado de normalidade
Além da crise climática que causa transtornos no mundo inteiro, alguns fatores acendem um alerta quanto à seca e à diminuição do índice pluviométrico na região amazônica. Um deles é o desmatamento, que faz com que o solo degradado tenha dificuldades para absorver a água das chuvas pelo solo, e o aumento das queimadas.
A ausência de chuvas na Amazônia pode afetar diretamente o setor agrícola, que necessita da água para irrigar as plantações. Segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), 79 municípios da região tiveram mais de 80% das suas áreas agrícolas afetadas durante a estiagem do ano passado.
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