Produção de brinquedos de miriti está em alta em Abaetetuba

A dois meses do Círio, artesãos já trabalham em ritmo acelerado para atender demanda

Fabrício Queiroz
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A fabricação de um dos símbolos da festa nazarena já está aquecida no município de Abaetetuba, na região do Baixo Tocantins, no Pará. Os brinquedos de miriti, reconhecidos como patrimônio cultural imaterial do Estado do Pará, tem no Círio de Nazaré uma de suas principais vitrines e, por isso, os artesãos já trabalham com foco na retomada da procissão em outubro.

Nos ateliês, as peças já começam a ganhar forma e cores visando atrair principalmente os turistas que vêm para Belém acompanhar as festividades. “A gente está se desdobrando para produzir para o Círio e também as peças por encomenda. A associação ficou responsável pela produção do material que vai representar o Círio Fluvial no Tribunal de Contas do Estado. São 200 barcos e mil bonequinhos. Estamos trabalhando a todo vapor para fazer essa entrega”, conta José Antônio Souza, 43 anos, mais conhecido como Toninho, que preside a Associação dos Artesãos Produtores de Artesanato de Miriti (AAPAM).

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Toninho, que trabalha profissionalmente com o artesanato há 23 anos atesta a importância do período para a categoria. “A maior venda que o artesão tem dentro do ano é no Círio, mas a gente trabalha o ano todo e está sempre recebendo encomenda, principalmente por causa dos contatos que a gente consegue e da divulgação nas feiras de turismo”, afirma ele, que pretende trazer 1.500 brinquedos de miriti para venda em Belém.

image O artesão Toninho está dedicado à produção dos brinquedos que adornam a fachada do Tribunal de Contas do Pará (Arquivo pessoal)

Para Valdeli Costa, 52 anos, há menos de dois meses para o Círio, a rotina tem sido marcada por muito mais trabalho. “Estamos trabalhando praticamente dia e noite. A expectativa de venda é muito grande porque já estamos recebendo encomendas desde junho. Tem até mesmo pessoas vindo aqui em Abaeté para procurar objetos para pagar promessas ou decorar suas empresas ou repartições públicas”, relata o artesão, que produz com o auxílio da esposa, filhos e sobrinho para alcançar a marca de 3 mil brinquedos de miriti.

Feira do Círio é ponto de venda

O principal ponto de venda desses itens deve ocorrer na Feira do Círio, que será organizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Pará (Sebrae) entre os dias 5 e 11 de outubro no Porto Futuro. “O nosso foco é essa feira e a que é promovida pela prefeitura porque são vitrines pro nosso trabalho. É lá que conseguimos apurar dinheiro porque o que arrecadamos aqui é só para comprar o material e manter os nossos gastos”, diz Valdeli.

Para ele e os demais 20 artesãos que integram a Associação Arte Miriti de Abaetetuba (Miritong), uma das preocupações atuais é a percepção de que menos pessoas estão envolvidas com a arte tradicional. “Infelizmente perdemos grandes mestres para a covid, então temos esse desafio de formar mais mão-de-obra porque os nossos jovens não estão mais interessados, mas a demanda sempre aumenta”, lamenta Valdeli que também produz artesanato de forma profissional há 23 anos, apesar de ter contato com o ofício desde a infância.

image O artesão Valdeli Costa gosta de representar espécies da fauna em suas produções (Sérgio Rodrigues)

“Aqui a gente aprende desde criança. Na época eu fazia barquinhos e aparelhagens que era nossas principais brincadeiras na Vila de Beja. Acabei indo pra cidade estudar, comecei a trabalhar, mas em 1999 eu fiquei desempregado e então recorri ao miriti. Depois disso que eu fui aprender a mexer com cola e lixa e também outras técnicas nas oficinas do Sebrae”, relembra o artesão, que tem apreço especial pela representação da fauna e da religiosidade por meio da cultura popular.

“O foco é no tradicional por causa dessa relação do miriti com o Círio, que é importante manter na nossa cultura. Outro coisa é que percebemos que diminuiu o número de girândolas, então estamos nos organizando para também estar mais presentes nas procissões com elas que são símbolos muito referenciados na nossa literatura”, pontua.

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