Procura por pescado e frango crescem em Belém

Mudança é provocada pela alta do preço da carne bovina

Abílio Dantas

Em razão da alta do preço da carne, feirantes de Belém relatam que a venda de pescado e de frango teve aumento significativo nas últimas semanas, mas que não houve mudança nos valores. Um quilo de gó, por exemplo, na Pedreira, pode ser encontrado nesta semana a R$ 10, enquanto a carne de segunda pode chegar a R$ 20, o que torna o pescado uma opção mais em conta. Ainda na feira da Pedreira, na manhã desta segunda-feira (9), era possível perceber o contraste entre o movimento de consumidores nas áreas de peixes e de aves e no mercado de carne: enquanto nos dois primeiros a rotatividade de pessoas era intensa, no outro quase não havia compradores.

O vendedor Elielson Rodrigues, 34, conta que no último domingo (8), a procura por peixe impressionou. “Sim, as pessoas estão notando que é mais vantajoso comprar peixe neste momento. A dourada média, por exemplo, que é um peixe procurado, está a R$ 15. Por este valor você não compra nenhuma carne de primeira, já que está saindo a até R$ 40 o quilo, e a de segunda está R$ 15. A procura aumentou bastante, mas apesar disso, não elevamos o preço aqui”, assegura.

“Acabei de comprar um quilo de Gurijuba a R$ 18, enquanto que um prato de picadinho pode ser encontrado a R$ 20”, diz a dona de casa Rosane Botelho, 57. “Passei a comprar muito mais frango e peixe que carne de boi. Eu e meu marido achamos até melhor essa mudança, já que as carnes brancas são mais saudáveis”, diz.

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) afirma que ainda não é possível afirmar se houve mudança dos preços de pescado e frango, motivada pela alta da carne, mas considera que o aumento da busca pelas primeiras opções é um fato em Belém.

“Ainda não temos as estatísticas de novembro, que devem sair ainda nesta semana, mas é evidente que as pessoas estão escolhendo as alternativas mais baratas, que são o pescado e o frango, em comparação com a carne. Basta você ir a supermercados e feiras”, enfatiza o supervisor técnico do órgão, Everson Costa. Nas três primeiras semanas de novembro, segundo o Dieese, a carne vermelha teve aumento de 10% acima da inflação, enquanto que de janeiro a outubro o aumento foi de 7%.

A vendedora de frango Luzia Fragoso, 48, que trabalha com o produto há 32 anos, disse que a venda diária da ave inteira mais que dobrou. “Hoje, por exemplo, já estou chegando a quase 45 frangos vendidos, em plena segunda-feira! Normalmente, eu vendia apenas 20. No último domingo, quando normalmente o movimento é melhor, passei de 45 frangos vendidos para 75. O fornecedor subiu um pouquinho o preço, mas nada que tenha sido sentido pelas pessoas, já que o frango ainda está muito mais em conta que a carne”, observa.

No mercado de carne da Pedreira, a área onde costumava circular pessoas analisando os produtos oferecidos pelos feirantes, era apenas um corredor vazio na manhã da segunda. André Chagas Gonçalves, 47, confessa que a mudança é explícita. “Eu estou sentindo bastante a queda. Em comparação com os preços anteriores, tivemos que encarecer os preços em cerca de R$ 10”, informa.

Pecuaristas

No último sábado (7), um grupo de pecuaristas do Pará, que está em processo de criar uma associação, realizou uma reunião em Benfica, distrito da cidade de Benevides. A alta do preço, no entanto, não foi abordada de forma direta, já que a confraternização não tinha um caráter organizativo, e sim de confraternização, explica Remilson Martins, produtor agropecuário.

“Estamos em uma fase embrionária, mais já somos um grupo de cerca de 200 pecuaristas. Sobre o aumento do preço, o que afirmo sempre é que já era algo esperado. O que acontece é a chamada virada do ciclo pecuário. Ocorre quando a cotação do animal pronto para o abate se valoriza acima da inflação. Essa é a etapa negativa do ciclo para os frigoríficos, quando os pecuaristas retêm mais vacas para aumentar o rebanho futuro. Nos últimos dois anos, o Brasil passava pelo cenário inverso, mais favorável aos frigoríficos”, justifica. “Mas também tivemos o aumento das exportações na China, que também contribuiu para a alta”, completa.

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