Páscoa gera otimismo no comércio paraense

Setor supermercadista eleva para 15% a projeção de vendas no período

Fabrício Queiroz
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Considerada a sexta melhor data para o varejo, a Páscoa deve incrementar o aquecimento da economia no pós-pandemia. Apesar da elevação nos preços dos principais itens consumidos nessa época, grandes entidades de setor apostam em aumento nas vendas em relação ao ano passado. No Pará, a tendência é a mesma com expectativa de que o crescimento nas vendas alcance até 15%, o que indica a continuidade do processo de retomada.

Estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que as vendas no varejo devem somar R$ 2,49 bilhões em todo o país neste ano. O montante representa um elevação de 2,8% em relação ao ano passado. O volume de receita ainda é menor do que em 2019, quando foi calculado em R$ 2,56 bilhões, porém o resultado é positivo visto que se espera este seja o terceiro ano de alta consecutiva no segmento em virtude do processo de flexibilização das atividades.

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Não há projeção específica sobre os valores que serão movimentados no Pará, contudo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo no Estado do Pará (Fecomércio-PA) considera que os principais empreendimentos do segmento, como supermercados, feiras, mercados e lojas especializadas em vendas de chocolates e decoração, devem ser beneficiadas.

“Ainda aguardamos resultado da sondagem conjuntural, mas os percentuais de aumento, em média deve ficar entre 5 a 10% no geral, podendo variar para mais, no caso dos itens alimentares. Fatores positivos como aumento do salário mínimo e a total flexibilidade de vendas e locomoção dos consumidores no comércio, lojas e feiras na comparação com os últimos anos devem favorecer mais as vendas esse ano”, explica Lúcia Cristina Lisboa, assessora econômica da Fecomércio-PA.

Entre os segmentos beneficiados, o supermercadista tem expectativas ainda mais otimistas para a Páscoa 2023. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) projeta 15% de aumento nas vendas influenciada pela grande demanda por itens diversos. Segundo a entidade, 20% das encomendas foram de ovos de 100 a 521 gramas e ovos com brinquedos ou brindes; outros 25,1% foram encomendas de mini-ovos, coelhos e barras de chocolate 60 a 101; e 26,7% foram de bombons em embalagens de 77 a 250 gramas.

No Pará, a Associação Paraense de Supermercados (Aspas) divulgou ainda em fevereiro uma projeção de incremento de 6%, porém o presidente da entidade, Jorge Portugal, diz que ao longo desse mês tem observado uma demanda cada vez maior dos consumidores, fato que fez o setor ajustar os números. “A medida que o evento vai se aproximando temos percebido que a procura está crescendo, por isso estamos agora com uma estimativa de alcançar os 15% de aumento nas vendas”, afirma.

O empresário relata ainda que o comportamento do consumidor segue o mesmo padrão de anos anteriores, por isso a expectativa é que as vendas sejam mais significativas na semana anterior à Páscoa, que ocorrerá no dia 9 de abril. “O brasileiro sempre deixa para a última hora. São poucos os casos de clientes que compram com uma semana de antecedência ou mais tempo. A nossa experiência mostra que o maior movimento ocorre justamente nos três dias antes da Páscoa e isso deve ser ainda mais forte esse ano porque o feriado vai acontecer próximo da data de pagamento dos salários”, comenta.

Elevação nos preços não deve reduzir consumo

Um dos desafios para o setor é o reflexo de um problema que tem acompanhado a vida de muitos brasileiros: a inflação. De acordo com a Abras, os preços médios de chocolates e bebidas ficaram de 13% a 18% mais caros neste ano. Na mesma toada, a CNC aponta alta em vários produtos demandados na época. Enquanto o Índice de Preços de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi medido em 5,5%, alguns itens tiveram elevações acima da média.

Os preços dos chocolates, por exemplo, subiram 13,9%, os pescados tiveram alta de 5,6%, os refrigerantes subiram 11,7%, os vinhos tiveram variação positiva de 7,3% e a alimentação fora de domicílio subiu 7,6%. No geral, a cesta de bens e serviços encareceu 8,1%, em média.

Na avaliação de Jorge Portugal, ainda que muitos produtos tenham inflacionado no último ano, o desempenho do comércio será positivo, visto que o consumidor pode optar pela compra de itens mais baratos. Dessa forma, o presidente da Aspas considera que a Páscoa será com tickets menores, porém as eventuais perdas serão compensadas pelo maior volume de vendas.

“Estamos projetando que o maior crescimento nas vendas será de ovos com preço mais baixo, que inclusive são os produtos que mais temos disponíveis nas lojas. Além disso, as caixas de bombons também costumam alavancar bastante as vendas porque são bastante acessíveis”, analisa o empresário.

Para Lúcia Lisboa, fatores macroeconômicos, como alta taxa de juros, que impacta na redução da intenção de consumo, assim como o elevado índice de endividamento das famílias tendem a representar um desafio a mais para o comércio, porém ela acredita que é possível minimizar seu impacto com planejamento estratégico e foco na competitividade.

“As boas estratégias como divulgação diversificada, precificação equilibrada, trabalhar com marcas boas e acessíveis para todas as faixas de renda e alternativas de pagamento facilitado devem contribuir para as boas vendas”, sugere.

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