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Paraenses se endividam mais em julho

O aumento na procura por crédito também elevou o nível de inadimplência

Debora Soares

O Pará registrou crescimento de 2,2 pontos percentuais no número de pessoas que se endividaram de junho a julho deste ano, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio). Porém, quando se leva em consideração o mesmo mês do ano passado em relação a este ano, a diferença é ainda maior, 9,1 pontos percentuais.

O endividamento aumentou não só para as classes mais baixas, como também para aqueles que faturam mais de dez salários mínimos. Para a faixa de renda mais baixa, o crescimento foi de 2,1 pontos percentuais, já para a mais alta o desempenho positivo foi ainda maior, 3,8 p.p.

Com esse aumento tanto na procura por crédito quanto no endividamento, é de esperar que também suba o nível de inadimplência dos consumidores. Em julho, dentre os paraenses que possuíam dívidas, 30,7% estavam com as contas atrasadas

De acordo com dados divulgados na última terça-feira, 27, pela Serasa Experian, 79% da população brasileira utilizou alguma fonte de crédito durante a pandemia, o que efetivamente demonstra que a cada dez brasileiros, 8 precisaram de crédito.

O cartão de crédito foi o mais recorrido, sendo a primeira opção de 62% das pessoas. Outras 14% preferiram pedir dinheiro emprestado para amigos e familiares. Já 12% utilizaram o cheque especial ou limite da conta, e apenas 10% solicitaram empréstimo pessoal sem garantia.

Quando analisada a classe social, a Serasa aponta que 95% dos pertencentes às classes A e B, tem cartão de crédito, enquanto que apenas 79% dos indivíduos das classes C, D e E têm a garantia de realizar compras parceladas. Cenário oposto é encontrado quando se compara a rejeição de crédito. Para as classes A e B, apenas 18% tiveram o crédito negado, já para as outras classes, o indeferimento foi mais do que o dobro: 41% das pessoas não tiveram acesso ao crédito liberado em tempos de pandemia.

Michel Carvalho, de 26 anos, é maquiador profissional e foi um desses consumidores que se endividou com o cartão de crédito e precisou recorrer ao empréstimo. Ele ficou desempregado por nove meses, por conta da pandemia e comenta que o desligamento gerou um impacto significativo nas suas finanças e que precisou até pegar dinheiro emprestado da caixinha da família.  "Eu precisei parcelar a fatura do cartão de crédito e peguei empréstimo da caixinha da minha família. Só que eu peguei R$ 300, mas quando for devolver esse dinheiro vou precisar pagar o valor retirado mais 20%, ou seja, vou ter que reembolsar R$ 360,00”.

Durante o período em que esteve sem renda fixa, ele precisou se sustentar por meio da aposentadoria da avó e de alguns trabalhos esporádicos que solicitaram. Mas por conta da profissão que foi diretamente impactada pelas restrições impostas pela pandemia, principalmente com a proibição das realizações de eventos, as demandas por maquiagem foram raras. Para conseguir se adequar à nova realidade, Michel precisou conter gastos e mudar alguns hábitos.

“Eu sou uma pessoa muito compulsiva e quanto mais limite eu tenho mais eu quero gastar. Quando fiquei desempregado foi bem pesado, então eu precisei mudar muita coisa. Passei a evitar estar gastando dinheiro com besteiras e agora só compro o que for realmente necessário”, relata o maquiador.

O contador André Charone explica que a falta de renda e a facilidade do cartão de crédito foram os fatores determinantes que contribuíram para esses aumentos. "Muitas pessoas perderam renda com a pandemia. Algumas tiveram seus contratos suspensos, passaram a ganhar menos, outras perderam os seus empregos. E por uma questão de sobrevivência, as pessoas tiveram que se socorrer com o cartão de crédito. Outro fator que pode ter contribuído bastante é que, com a pandemia, as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa, passando a comprar mais também, de forma online, principalmente, e muitas vezes os aplicativos de entrega aceitam cartão, facilitando assim a compra e faz com que as pessoas nem percebam que estão gastando esse dinheiro". 

Charone alerta para a conscientização das pessoas de que crédito não é renda. “Tem gente que às vezes gasta todo o valor que recebe de salário, de pro labore e além disso gasta também o limite do cartão de crédito. O aconselhável é o contrário, que as pessoas não gastem tudo aquilo que recebem, tenham sempre uma reserva e usem o cartão de crédito de forma controlada. O cartão de crédito é para quando for fazer uma compra grande e que não possa esperar juntar o dinheiro necessário para realizá-la. O ideal é juntar o dinheiro durante alguns meses e comprar à vista, até porque, geralmente se consegue até um desconto nesses tipo de compra. E esse valor do cartão precisa entrar no orçamento mensal para não virar uma bola de neve", recomenda.

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